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Rebelião da Extinção, Emergência Climática e a Greve Global pelo Clima, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Rebelião da Extinção, Emergência Climática e a Greve Global pelo Clima, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“Eu clamo não já por governo nenhum, mas imediatamente por um governo melhor.”
Henry Thoreau (1817-1862)

 

Greta Thunberg em protesto em Nova York em frente ao prédio da ONU
Greta Thunberg em protesto em Nova York em frente ao prédio da ONU
https://www.facebook.com/gretathunbergsweden/

 

[Ecodebate] O movimento “Rebelião da Extinção”, inspirado nas ideias de Henry Thoreau, utiliza a resistência pacífica (não-violenta) e a desobediência civil para engajar as pessoas na luta contra o colapso climático e ambiental, evitando o holocausto ecológico e o risco de extinção da raça humana e demais espécies.

O objetivo da “Rebelião da Extinção” é exercer pressão sobre os governantes e fortalecer a sociedade civil no sentido de enfrentar o caos climático e a degradação dos ecossistemas. O movimento tem chamado a atenção ao pressionar as autoridades locais e nacionais a declarar “emergência climática”.

A “Rebelião da Extinção” se baseia no fato, cientificamente estabelecido, de que a humanidade não está apenas destruindo o ambiente natural, mas também, na trajetória atual, caminhando para a extinção em um futuro não muito distante. Assim, urge conscientizar as autoridades a tomar ações drásticas e mudar de rumo do desenvolvimento enquanto ainda seja possível.

Muitos cientistas afirmam que o progresso civilizacional está numa encruzilhada e pode seguir o rumo do precipício se não houver uma mudança fundamental na estrutura da economia global nos próximos dez anos e que o colapso climático desestabilizará as sociedades e desencadeará um apartheid climático e social, criando uma grande exclusão. A fome em massa poderá atingir até seis bilhões de pessoas. Porém, esta visão alarmista gera polêmica na própria comunidade científica.

Todavia, existem argumentos favoráveis a se usar o alarmismo como ferramenta política. De fato, o simples ativismo climático até agora tem sido um fracasso retumbante, no sentido de que, apesar de toda a conscientização que gerou, não mudou quase nada na trajetória mundial de emissões cada vez maiores de gases de efeito estufa (GEE) . Desta forma, para mobilizar as pessoas em uma escala mais ampla e convencê-las de que medidas drásticas devem ser tomadas com urgência, o movimento climático precisa tomar atitudes contundentes. Fazer afirmações chocantes sobre uma catástrofe iminente pode ser uma maneira de despertar as pessoas e mudar o entendimento da opinião pública.

O movimento exige que os governos declarem uma “emergência climática”, a fim de criar um “estado de emergência” onde todas as atividades possam ser suspensas para fazer da proteção climática uma prioridade. Mais precisamente, os ativistas querem que os governos se comprometam com a neutralização do carbono até 2025 – em vez de meados do século, como a União Europeia e muitos governos nacionais almejam atualmente.

No caso do Brasil a meta é atingir o desmatamento líquido zero o mais rápido possível para evitar que ocorra com a Amazônia e outros biomas o que aconteceu com a Mata Atlântica que teve cerca de 90% de sua cobertura florestal original destruída.

A “Rebelião da Extinção” diz que cada vez mais pessoas se juntam a ela porque o movimento oferece uma mensagem contundente e admite que tirar a humanidade de seu curso de autodestruição irá exigir mais do que reciclagem, comer menos carne e abrir mão de carros. Não basta ações individuais, pois é preciso ações coletivas para gerar um impacto suficiente significativo para evitar um desastre apocalíptico.

A Greve Global pelo Clima, marcada para o dia 20 de setembro, pretende ser a maior manifestação mundial em defesa do meio ambiente. É convocada, em pelo menos 125 países, por milhares de organizações, redes internacionais, coletivos locais, grupos de cidadãos indignados. Só em Nova Iorque, onde se encontra a ativista Greta Thunberg, se esperam mais de 1 milhão de pessoas nas ruas e em frente a seda da ONU.

A Greve coincidirá com a Cúpula do Clima, no dia 20 de setembro, convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Dezenas de cientistas e personalidades globais, como Noam Chomsky, Christiana Figueres, Bruno Latour, Naomi Klein, Bill McKibben, Michael Mann, etc., assinaram um artigo no The Guardian explicando e convocando a greve.

A carta começa dizendo que, em 20 de setembro de 2019, “a pedido dos jovens que vêm realizando greves escolares em todo o mundo, estamos saindo de nossos locais de trabalho e casas para passar o dia exigindo ações contra a crise climática, a maior ameaça existencial que a humanidade enfrenta. É uma greve climática de um dia, se você quiser, mas não será a última. Será o começo de uma semana de ação em todo o mundo. E esperamos torná-lo um ponto de virada na história”.

 

José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

 

Referências:

Extinction Rebellion https://xrebellion.org/

Global Week For Future 20-27 sept https://fridaysforfuture.org/

Global Climate Strike: https://globalclimatestrike.net/

We’re stepping up – join us for a day to halt this climate crisis

Naomi Klein et. al. We’re calling for a global strike on 20 September. Disrupting our normal lives is the only way to secure our future, The Guardian, 24/05/2019
https://www.theguardian.com/commentisfree/2019/may/24/climate-crisis-global-strike

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/09/2019

[cite]

 

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