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Artigo

A importância das ferramentas de apoio à compreensão da língua inglesa na área de produção animal, por Maria Helena Ferrari, Cynthia Pieri Zeferino, Luiz Arthur Malta Pereira e Käthery Brennecke

artigo

A importância das ferramentas de apoio à compreensão da língua inglesa na área de produção animal1

Maria Helena Ferrari2, Cynthia Pieri Zeferino2*, Luiz Arthur Malta Pereira2 e Käthery Brennecke2

1 Parte da dissertação do primeiro autor

2 Programa de Mestrado em Produção Animal da Universidade Brasil, campus Descalvado, SP

*cynthia.zeferino@universidadebrasil.edu.br

A produção animal desempenha papel fundamental para o agronegócio brasileiro e o desenvolvimento econômico do país, por meio da geração de empregos e produção de alimentos. Este setor se encontra em plena expansão, haja visto que no ano de 2018 o Brasil ocupou a posição de maior exportador mundial e o segundo maior produtor de carne de frango (AVISITE, 2019), bem como foi observado aumento na produção de ovos nos anos de 2016 e 2017 (ABPA, 2018). Em 2018, o rebanho bovino brasileiro representou o segundo maior do planeta (USDA, 2018), com aumento de 10% na exportação comparado a 2017 (ABRAFRIGO, 2018). Quanto ao mercado mundial de carne suína, no ano de 2017 o Brasil ocupou o quarto lugar de produção e exportação (ABPA, 2018).

De acordo com o exposto acima, o Brasil tem potencial para se tornar grande exportador de proteína animal, atendendo as exigências dos países importadores. Em virtude disto, a compreensão da língua inglesa torna-se fundamental por ser considerada uma língua hegemônica.

Quanto ao nível de proficiência em inglês no Brasil, sua classificação não é satisfatória quando comparada ao de outros países da América Latina, ocupando a 41ª posição, no ano de 2017. O teste foi respondido por 80 países (15 deles da América Latina) com classificação de baixa proficiência. No Brasil, os estados que mais se destacaram em relação à proficiência foram Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, entretanto os piores índices foram Rondônia, Mato Grosso e Tocantins (EF, 2017), estados esses com participação ativa, econômica e potencial de expansão na área da produção animal.

A proficiência em inglês está ligada diretamente à transferência de tecnologia para as demais partes do mundo, tornando-se nos países latinos, em especial no Brasil, preocupação constante, ao que tange a comunidade não científica, haja visto que países com alta proficiência em inglês investem significativa parte do seu PIB em pesquisas e desenvolvimento, em relação aos países com baixas competências em inglês, segundo pesquisas realizadas pelo Centro Cultural Brasil – Estados Unidos, em 2015,

Diante da inexistência de ferramentas de tradução bilíngue (inglês vs. português) específicas na área de produção animal, torna-se necessário o desenvolvimento de dicionários, glossários, aplicativos informatizados e softwares, de fácil acesso e manuseio, para a tradução de termos ou expressões técnicas e científicas na área da produção animal.

Atualmente, existem dicionários que registram o léxico de uma língua para abranger a totalidade de palavras e expressões com informações epistemológicas, gramaticais, indicações de uso, contextos e sinônimos, bem como os dicionários eletrônicos que possuem diversas interfaces, como o Michaellis (http://michaelis.uol.com.br) e o The Free Dictionary (http://www.thefreedictionary.com). A construção de dicionários a partir dessas ferramentas definem o público específico para cada área, e assim desempenha suas atividades. (BOCORNY et al., 2011). Em 2004, organizações como a União Europeia criaram suas próprias base de dados terminológicas específicas multilíngue on-line, a Inter-Active Terminology for Europe (I-A-T-E) (OLIVEIRA, 2016).

Existe também o corpus, que é menor que um dicionário (KRIEGER & FINATTO, 2004) e representa uma coletânea de textos em formato eletrônico, compilado segundo critérios específicos, considerado representativo de uma língua. (BOCORNY et al., 2011).

Quanto aos aplicativos existentes, pode-se destacar o Wordlingo, iTranslate4.eu, MyMemory, Google Translator os quais realizam tradução automática on-line, por meio de tutoriais e vídeos disponíveis na internet. Uma outra ferramenta é a Computer Assisted Translation (CATs) que se diferencia dos aplicativos por ser um tradutor que mantém a função de traduzir cada palavra e preservar a responsabilidade de encontrar a melhor adaptação entre os idiomas de origem e destino (SARDINHA, 2004).

É valido ressaltar que nenhuma destas ferramentas citadas são específicas da área da produção animal. Uma questão que deve ser abordada é o problema das terminologias e a sua inserção num discurso bem formado, ou seja, nas estruturas lexicais de um vocabulário geral de orientação técnico/científica (OLIVEIRA, 2016). Em um contexto comunicativo especializado, quando um profissional lê um manual, artigo ou texto de sua área de especialidade, é estabelecido o que Pearson chama de expert-expert communication (PAVEL & NOLET, 2002). Nesse caso, pressupõe-se que autor e leitor compartilhem uma mesma linguagem, que exista um equilíbrio entre o conhecimento emitido pelo autor e compreendido pelo leitor, não havendo, por essa razão, problemas significativos de entendimento.

Empresas como a Scania utilizam plataformas on-line para permitir a seus clientes e profissionais o acesso à terminologia das áreas específicas. No Brasil, a atenção dada à produção terminológica deu-se vagarosamente nos anos 90 com a ascensão da informática, sendo o grupo TermSul o pioneiro a utilizar o processo terminológico.

Na era digital atual, percebe-se tendência de uso de ambientes colaborativos on-line na produção terminológica, como por exemplo, TermWeb, Termstar, Terminus, Termwiki. Outras, como o e-Termos, possuem acervo de ferramentas necessárias para todas as fases de construção de um produto, podendo o usuário encontrá-las disponíveis todas em um mesmo ambiente, facilitando o processo de criação de produtos de melhor qualidade e mais próximo das necessidades dos usuários (OLIVEIRA, 2009).

Ferrari (2018) desenvolveu um estudo com o objetivo de construção de plataforma terminológica bilíngue (ingles vs. portugues) colaborativa on-line, à qual possibilita não somente a tradução de termos e expressões, bem como a interação do público, no sentido de contribuir com o banco de dados para complementação do acervo, o que poderá aprimorar a sensibilidade da ferramenta. Esta plataforma vem ao encontro da necessidade do público atuante na área da produção animal em época de globalização.

Referências: 1. ABPA. Associação Brasileira de Proteína Animal, 2018- Relatório Anual 2018. Consultado em: 10/04/2019. Disponível em: http://abpa-br.com.br/setores/avicultura/publicacoes/relatorios-anuais/2018. 2. ABRAFRIGO. Associação Brasileira de Frigoríficos. Exportação brasileira de carnes bovina e derivados. Janeiro a Dezembro de 2018. Consultado em: 010/04/2019. Disponível em: http://abrafrigo.com.br/wp-content/uploads/2018/12/ABRAFRIGO-Exporta%C3%A7%C3%A3o-Carne-Bovina-Jan_2017-a-Dez_2018.pdf. 3. AVISITE, 2019. Consultado em 10/04/2019. Disponível em: https://www.avisite.com.br. 4. BOCORNY, A. E. P., VILLAVICENCIO, A., KILIAN, C. K., WILKENS, R. Projeto GLOSSRI: a construção de um glossário online colaborativo com elementos multimeios para aprendizes da área de Relações Internacionais e seus resultados preliminares. ReVEL, v. 09, n. 17, 2011. Consultado em: 11/04/2019. Disponível em: www.revel.inf.br. 5. EF. English First. O Índice de Proficiência em Inglês. English First; 2017. 6. FERRARI, M. H. Desenvolvimento de plataforma colaborativa on-line com função bilíngue (inglês vs. português) de terminologias técnicas na área de produção animal. 2018. 82p. Dissertação. Programa de Mestrado Profissional em Produção Animal da Universidade Brasil, campus de Descalvado, SP. 2018. 7. KRIEGER, M. G., FINATTO, M. J. B. Introdução à Terminologia: teoria e prática. São Paulo: Contexto; 2004. 8. OLIVEIRA, L. H. M. e-Termos: um ambiente colaborativo web de gestão terminológica, 2009. 243p. Tese. Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, SP. 2009. 9. OLIVEIRA, V. A. A. Ferramentas de apoio à tradução científica: uma abordagem comparativa: Universidade de Aveiro; 2016. 10. PAVEL, S., NOLET, D. Manual de Terminologia. Direção de terminologia e normalização. Departamento de tradução do governo canadense. Ministério de Obras Públicas e Serviços Governamentais do Canadá, 2002. 11. SARDINHA, T. B. Lingüística de corpus. São Paulo: Manole; 2004. 12. USDA. United States Department of Agriculture. Livestock and Poultry: World Markets and Trade. 2018 Consultado em: 10/04/2019. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/livestock_poultry.pdf.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/04/2019

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