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Aquecimento do planeta e desaquecimento da vida, artigo de Lya Tatiana Ramos

 

futuro insustentável

Aquecimento do planeta e desaquecimento da vida, artigo de Lya Tatiana Ramos

[EcoDebate] Aquecimento global… há quanto tempo estamos aquecendo esse assunto, aquecendo ideias, nos aquecendo para de fato entrarmos em ação? É um aquecimento que de certo modo pode-se dizer, reverso, desacelerado, na verdade um desaquecimento de ações e um aquecimento de fato do planeta.

Aquecimento do desmatamento, da dizimação da fauna, do derretimento das calotas polares, do uso de produtos tóxicos, enfim, estamos há tanto falando de aquecimento global que parece o ser humano estar interpretando de forma errada o verdadeiro sentido dessa frase, ou melhor, esquecendo que para se fazer completa não pode esquecer da palavra combater e seus sinônimos no sentido de vencer algo ruim, ou seja, vencer, derrotar, dominar debelar, extinguir, suprimir, eliminar, afastar; manifestar-se contra: obstar, contrariar, rejeitar, reprovar, rechaçar, impugnar… são tantos os sinônimos, mas as pessoas estão esquecendo dos verdadeiros significados e importância. Em vez disso, estão dando conforto, acalentando, alentando, aliviando, consolando, confortando e reconfortando o aquecimento do planeta.

É bonito falar sobre a causa e abraça-la, mas não com braços invisíveis, com abraço frouxo, que numa questão de segundos esmorece e se revira pela facilidade do mundo, pela ganância por dinheiro e poder, através de atitudes que colaboram com o tal aquecimento, ações como a emissão de gases do efeito estufa,  por via de práticas humanas ou melhor desumanas, através do uso exacerbado de veículos, das indústrias poluentes, da queima de combustíveis fosseis, do uso indiscriminado de agrotóxicos, entre outras práticas. E não sendo o suficiente, o homem aquece o aquecimento global através dos desmatamentos que promovem o aumento da temperatura, poluindo os mares, matando algas e fitoplânctons diminuidores de dióxido de carbono e colaboradores na emissão de oxigênio na atmosfera, e muitas outras atitudes que dão início a uma avalanche de prejuízos. São consequências catastróficas que aquece o globo e tudo o que nele está, provocando mudanças drásticas nas sociedades e em suas estruturas, através de inundações, aumento de doenças um virtude da radiação solar, furacões, tornados, secas, extinção de espécies da fauna e da flora, enfim, uma verdadeira catástrofe a qual o homem vem se acostumando ao longo do tempo.

São muitas siglas, convenções, politicas, documentos e poucas práticas. Possivelmente essa falta de prática não provem de todos, mas certamente da maioria. No ano de 1992, 179 países estabeleceram uma agenda global com o intuito de minimizar os problemas ambientais no mundo, isso se deu, na Rio 92 durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, onde foram levantados os problemas ambientais existentes, e de onde saíram sem sombra de dúvidas, documentos que ainda hoje servem como alicerce para muitas discussões ambientais, tanto é que após 27 anos depois, estamos novamente discutindo o que se tornou ainda mais preocupante.

A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima aconteceu nesse cenário, e nela, compromissos e obrigações surgiram para estabelecer a garantia do cumprimento dos compromissos acordados. O Protocolo de Quioto um documento com o objetivo de reduzir os gases emitidos pelo efeito estufa, através da execução de metas específicas para diminuir a emissão dos principais gases causadores desse efeito: dióxido de carbono (CO), metano (CH), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), hidro-fluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs), estipulou as metas de reduções obrigatórias dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012, mas em sua finalização foi observado o não cumprimento das metas por diversos países, havendo a necessidade de prorrogação por mais oito anos.

Estamos prorrogando atitudes ambientalmente corretas desde a Idade Média, quando por exemplo, algumas cidades italianas estabeleceram regras para a destinação de objetos e carcaças de animais, a eliminação de águas paradas e a proibição de lixo e fezes nas ruas, além do serviços de coleta de lixo. Se desde essa época regras fossem respeitadas e ações concluídas, muito teria sido evitado e certamente não estaríamos no caos ambiental de hoje.

A Revolução Industrial não revolucionou somente a indústria, mas a produção de lixo que com um aumento significativo, acarretou impactos sanitários gravíssimos, e lá vem mais medidas e mais regras, mas… quando foi mesmo que ocorreu a revolução industrial? Considerando seu período mais tardio foi por volta de 1840, ou seja, mais de um século e meio.

No século XX a questão do lixo já não tratava apenas dos materiais orgânicos, mas, já entrava na área industrial, e regiões onde hoje são consideradas primeiro mundo jogavam boa parte do lixo coletado nos mares e nos rios. Era preocupante porque se antes só havia problema com o descarte de lixo orgânico, com a industrialização o problema se tornou bem maior, o mundo começava a produzir lixo em dimensões inimagináveis, tornando o descarte do lixo em algo complexo e preocupante.

O mundo passou a ser uma indústria de lixo, e a cabeça de algumas pessoas uma fabriqueta de soluções para lhe dar com tudo isso. Ideias foram surgindo e a necessidade as pondo em prática, mas com o tempo veio o modismo e tudo deixou de ser urgente, o que era importante ser dizimado, tornava-se necessário para que a fabriqueta de soluções se tornasse uma grande indústria, um captador de recursos, onde uma ideia valia um recurso.

O ser humano não consegue enxergar o quão grandiosa é a recompensa em cuidar, preservar e amar a natureza, o que o faz cobrar outros tipos de recompensa para desenvolver atitudes ambientalmente corretas. A preservação dos recursos naturais tem a sua importância, e qualquer interesse por mínimo que seja em praticar ações ambientalmente corretas é importante. O que não pode acontecer é que ninguém nada faça, enquanto esperam atitudes uns dos outros.

Todas as ações ambientalmente incorretas são provocadoras do aquecimento global. Já faz tempo que ouvimos dizer que não é tarde para mudarmos de atitudes, mas o tempo passa, e com ele a oportunidade de entramos em ação, a ação que antes era simples hoje se tornou complexa, e o homem cada vez mais envolvido com as questões não urgentes do mundo, acaba classificando as questões ambientais como não urgentes, isso, porque há muito vê a necessidade de praticar essas ações, de mudar de atitude e há muito não ver nada acontecer, e assim, aos vão aquecendo o aquecimento do planeta, e sem perceber, desaquecendo a vida.

Por Lya Tatiana Ramos

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/04/2019

[cite]

 

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2 thoughts on “Aquecimento do planeta e desaquecimento da vida, artigo de Lya Tatiana Ramos

  • ÓTIMO TRABALHO, MAS…

    O artigo em apreço é interessante. Interessante pela questão fundamental que aborda (aquecimento global), pela série de informações que contém, e, também, por conclamar a espécie humana a uma mudança de comportamento com a finalidade de evitar as atitudes que contribuem para o aquecimento global, sem considerar que os espécimes humanos que vivem inseridos no sistema social, político e econômico predominante são produto desse sistema, e que mesmo os espécimes que têm consciência do poder avassalador e destrutivo desse sistema – que são a grande minoria da população humana do planeta Terra – não têm condições de viver em desacordo com o sistema.
    Sinceramente, creio que a autora do artigo tem ciência de que as mudanças necessárias para evitar o aquecimento global e outros problemas ambientais determinantes do processo destrutivo a que está submetido o planeta Terra, e que, é quase certo, levará à extinção da vida que ainda existe neste planeta, depende de mudança estrutural, e não de mudanças individuais. Portanto, mesmo reconhecendo o valor do artigo, considero inviável a proposta apresentada.

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