O pico da natalidade e o número de nascidos vivos por etnia nos EUA, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
A queda da natalidade por etnia nos EUA
[EcoDebate] O número de crianças nascidas vivas nos EUA bateu o recorde em 2007 e tende a diminuir nas próximas décadas.
Dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC) mostram que o número de nascidos vivos atingiu um pico em 1990, com 4,16 milhões de nascimentos, teve um declínio nos anos 1990 e voltou a subir na primeira década do século XXI, quando chegou a 4.06 milhões em 2000 e atingiu o pico máximo de 4,32 milhões de nascimentos em 2007. O gráfico abaixo mostra que o número de nascimentos ficou abaixo de 4 milhões a partir de 2010, atingindo 3,86 milhões em 2017.
A taxa geral de fecundidade, que estava em torno de 90 por mil em 1970, caiu para 60 por mil em 2017 e os dados preliminares para 2018 mostram que a taxa continua caindo em 2018. Desta forma, parece que há uma percepção diferenciada por partes das sucessivas gerações quanto à demanda por filhos.
O Instituto PEW classifica as diferentes gerações da seguinte maneira: Geração silêncio (1928-45), Geração Baby boomers (1946-1964), Geração X (1965-80) e Geração do milênio ou Y ou Millennials (1981-96). Enquanto a “Geração Silêncio” era formada por filhos de famílias que passaram pela Grande Depressão e pela Segunda Guerra, valorizavam demais o emprego, o comportamento obediente e a liderança autoritária e tiveram muitos filhos e formaram a “Geração baby boomers”; a “Geração do milênio” é contemporânea das tecnologias digitais, do emprego flexível, do alto padrão de consumo e da busca individual pelo prazer. A “Geração do milênio” não está interessada em formar famílias grandes e há uma alta parcela de pessoas que prefere não ter filhos (childlessness).
Como resultado da baixa fecundidade da “Geração do milênio”, a pirâmide populacional dos EUA apresenta uma redução absoluta no tamanho dos 4 últimos grupos etários quinquenais (0-20 anos). Isto indica que o número de nascimentos nos EUA deve continuar caindo, pois o número de mulheres que entram no período reprodutivo é cada vez menor, num quadro de menor taxa de fecundidade.
Os Estados Unidos estão deixando de ser uma população predominantemente WASP (White, Anglo-Saxon and Protestant) e iniciando uma transição geracional de cor ou etnia. Dos 3,86 milhões de nascimentos de 2017, os bebês brancos somaram 1,99 milhão (51,7%), os bebês pretos somaram 560,7 mil (14,5%), os bebês de origem asiática 249,3 mil (6,5%), os nativos formando cerca de 1% e os hispânicos com 898,8 mil nascimentos, representavam quase um quarto do total de bebês.
Como a taxa de fecundidade geral é maior entre os hispânicos (67,6 por mil em 2017), entre o pretos (63,1 por mil) e entre os asiáticos (58 por mil), do que entre os brancos (58,2 por mil), a perspectiva é que o nascimento de bebês brancos fique abaixo de 50% nos próximos anos. Nas próximas décadas os EUA não terão nenhum grupo étnico com maioria absoluta e serão uma sociedade, indubitavelmente, multirracial.
Se o número de nascimentos anuais permanecer abaixo de 4 milhões e a esperança de vida ao nascer ficar próxima de 80 anos, então a população dos EUA tenderia a ficar em torno de 320 milhões de habitantes (4 milhões vezes 80 = 320 milhões). Mas o número real dependeria das tendências da imigração. Se o fluxo de imigrantes ficar acima de 1 milhão por ano, então é possível que a população dos EUA chegue a 400 milhões até o final do século XXI.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Referências:
Richard Fry, Ruth Igielnik and Eileen Patten. How Millennials today compare with their grandparents 50 years ago, PEW, 16/03/2018
http://www.pewresearch.org/fact-tank/2018/03/16/how-millennials-compare-with-their-grandparents/
Births: Final Data for 2017
https://www.cdc.gov/nchs/data/nvsr/nvsr67/nvsr67_08-508.pdf
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/04/2019
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