Os oceanos estão aquecendo ainda mais rápido do que se pensava
Os oceanos estão aquecendo ainda mais rápido do que se pensava
O calor retido pelos gases do efeito estufa está elevando a temperatura dos oceanos mais rapidamente do que se pensava anteriormente, conclui uma análise de quatro recentes observações do aquecimento oceânico.
Os resultados fornecem mais evidências de que alegações anteriores de desaceleração ou “hiato” no aquecimento global nos últimos 15 anos foram infundadas.
Por Kara Manke*
O aquecimento oceânico é um marcador crítico da mudança climática, pois estima-se que 93% do excesso de energia solar retido pelos gases do efeito estufa se acumula nos oceanos do mundo. E, ao contrário das temperaturas da superfície, as temperaturas oceânicas não são afetadas pelas variações ano a ano causadas por eventos climáticos como El Niño ou erupções vulcânicas.
A nova análise, publicada hoje (11 de janeiro) na revista Science , mostra que as tendências no conteúdo de calor dos oceanos se comparam às previstas pelos principais modelos de mudança climática e que o aquecimento global dos oceanos está se acelerando.
Assumindo um cenário de “business as usual” em que nenhum esforço foi feito para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, os modelos Coupled Model Intercomparison Project 5 (CMIP5) preveem que a temperatura dos 2.000 metros mais altos dos oceanos do mundo aumentará 0,78 graus Celsius até o final do século. A expansão térmica causada por esse aumento na temperatura elevaria os níveis do mar em 30 centímetros, ou cerca de 12 polegadas, além da já significativa elevação do nível do mar causada pelo derretimento das geleiras e dos lençóis de gelo. Oceanos mais quentes também contribuem para tempestades mais fortes, furacões e precipitações extremas.
Os quatro estudos, publicados entre 2014 e 2017, fornecem melhores estimativas de tendências passadas no conteúdo de calor oceânico, corrigindo discrepâncias entre diferentes tipos de medições de temperatura oceânica e melhor explicando as lacunas nas medições ao longo do tempo ou da localização.
Mergulhadores
Uma frota de quase 4.000 robôs flutuantes vagueia pelos oceanos do mundo, a cada poucos dias mergulhando a uma profundidade de 2000 metros e medindo a temperatura do oceano, o pH, a salinidade e outras informações à medida que se elevam. Este batalhão de monitoramento oceânico, chamado Argo, forneceu dados consistentes e difundidos sobre o conteúdo de calor oceânico desde meados dos anos 2000.
Antes de Argo, os dados de temperatura dos oceanos eram escassos na melhor das hipóteses, contando com dispositivos chamados de ultra-sonografias descartáveis que afundaram nas profundidades apenas uma vez, transmitindo dados sobre a temperatura do oceano até se estabelecerem em túmulos aquáticos.
Três dos novos estudos incluídos na análise da Science calcularam o conteúdo de calor oceânico de volta a 1970 e antes de usar novos métodos para corrigir erros de calibração e vieses nos dados de Argo e de batitromógrafo. O quarto adota uma abordagem completamente diferente, usando o fato de que um oceano aquecido libera oxigênio para a atmosfera para calcular o aquecimento do oceano a partir de mudanças nas concentrações atmosféricas de oxigênio, enquanto outros fatores, como a queima de combustíveis fósseis, também alteram os níveis de oxigênio atmosférico.
Referência
How fast are the oceans warming?
Lijing Cheng1, John Abraham2, Zeke Hausfather3, Kevin E. Trenberth4
Science 11 Jan 2019:
Vol. 363, Issue 6423, pp. 128-129
DOI: 10.1126/science.aav7619
http://dx.doi.org/10.1126/science.aav7619
Por Kara Manke*, com informações da University of California, Berkeley
* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/01/2019
[cite]
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394,
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.