Análise das vantagens e desvantagens na utilização de indicadores de sustentabilidade em indústrias, por Claudia Lisane Barkert e Alexandre André Feil
Análise das vantagens e desvantagens na utilização de indicadores de sustentabilidade em indústrias
Claudia Lisane Barkert
Graduada em Psicologia,
Universidade do Vale do Taquari – Univates,
claudialbarkert@gmail.com
Alexandre André Feil
Doutor em Qualidade Ambiental,
Universidade do Vale do Taquari – Univates,
afeil@univates.br
Esta revisão sistemática de literatura analisou as limitações e vantagens dos estudos sobre a mensuração da sustentabilidade industrial em nível internacional e nacional.
O recorte dos estudos ocorreu por meio de palavras-chave utilizadas nas principais bases de pesquisa de periódicos. A referida revisão de literatura aponta 29 artigos (QUADRO 1), os quais possuem como tema central discussões sobre a mensuração da sustentabilidade.
Quadro 1 – Resumo da revisão de literatura
Autor e ano |
Vantagens |
Desvantagens |
Callens e Tyteca (1999) |
Os juízos especializados e as percepções gerenciais dos modelos auxiliam na sua aceitabilidade. |
A diversificação das unidades de medidas e a subjetividade dos pesos atribuídos aos indicadores. |
Veleva e Ellenbecker (2001) |
Promover a conscientização e aprendizado organizacional frente a sustentabilidade. |
Os indicadores não possuem força para mudar o processo de produção, mas necessitam dos stakeholders. |
Veleva et al. (2001) |
Os indicadores se utilizam da criticidade na avaliação da eficiência dos processos. |
A estrutura dos indicadores necessita de melhorias no futuro, é necessário ter esta consciência. |
Keeble, Topiol e Berkeley (2003) |
Indicadores representam uma poderosa ferramenta para abordar a sustentabilidade corporativa. |
A definição dos indicadores devem refletir os valores e o ambiente de negócio. |
Seuring et al. (2003) |
Fornecem uma retrospectiva passada e mostram um potencial de melhorias para o futuro. |
Novas reavaliações quanto ao conjunto de indicadores podem ser necessárias em função das mudanças corporativas. |
Azapagic (2003) |
Realiza uma auditoria que provoca uma avaliação do processo e uma melhoria contínua no processo. |
Além do uso da gestão da sustentabilidade é necessário alterações de paradigma de processos. |
Labuschagne, Brent e Erck (2005) |
Definição inovadora de um conjunto de indicadores para avaliar a sustentabilidade das operações. |
O uso da análise de multicritério na formação do índice pode omitir informações de processos específicos. |
Krajnc e Glavič (2005) |
Traz informações simples de dados complexos para auxiliar os tomadores de decisão. |
A definição dos pesos dos indicadores tende a apresentar um elevado grau subjetivo (opinião dos stakeholders). |
Singh et al. (2007) |
O modelo auxilia nas tendências, melhorias, benchmarking e avaliação da sustentabilidade. |
O uso de especialistas na definição dos pesos pode ser tendencioso e altamente subjetivo. |
Nordheim e Barrasso (2007) |
Promover benefícios regulatórios imprevistos e a criação de uma referência para as organizações. |
O desafio é a integração do processo de sustentabilidade no cotidiano dos negócios empresariais. |
Delai e Takahashi (2008) |
Ponto de partida no uso da mensuração da sustentabilidade e adaptação do atual desempenho. |
A elevada complexidade envolvida no processo de mensuração da sustentabilidade corporativa. |
Arbačiauskas e Staniškis (2009) |
O sistema de avaliação da sustentabilidade promove a eficácia da gestão e desempenho. |
A seleção dos indicadores de sustentabilidade adequados no apoio das decisões. |
Worrall et al. (2009) |
A estrutura de avaliação e mensuração da sustentabilidade é considerada simplista. |
Em alguns casos um quarto aspecto é defendido, que vincula-se aos aspectos políticos da sustentabilidade. |
Lee e Saen (2012) |
O modelo não utiliza-se de pesos, fácil informatização para auxiliar as de decisões. |
A dificuldade na mensuração da sustentabilidade em função de estar em um estágio insipiente. |
Tokos, Pintarič e Krajnc (2012) |
Auxilia no rastreamento de informações integradas (ambiental, social e econômico). |
O uso de uma ampla série de medidas de desempenho dificulta as decisões. |
Zhou et al. (2012) |
Utilizar diferentes comparações de processos de formação do índice geram informações mais sensíveis. |
O conjunto de indicadores é subjetivo, e são dependentes do método utilizado na estruturação do índice. |
Li et al. (2012) |
A comparação e classificação do nível de sustentabilidade e oportunidades de melhorias. |
Os indicadores utilizados em diferentes corporações possuem diferentes pesos e características, ou seja, únicos. |
Wolfslehner et al. (2012) |
Apresenta contribuições que auxiliam nas tomadas de decisões. |
O modelo proposto possui uma elevada complexidade na mensuração da sustentabilidade. |
Zamcopé, Ensslin e Ensslin (2012) |
Auxilia na construção de relacionamentos e nas tomadas de decisões da corporação. |
O modelo apresentado é de aplicação específica para a empresa. |
Linke et al. (2013) |
A facilidade na coleta dos dados e na exibição dos resultados da mensuração da sustentabilidade. |
Faltam informações com maiores detalhes sobre os efeitos da mensuração. |
Bork et al. (2014) |
O conjunto de indicadores de sustentabilidade demonstram os processos a serem melhorados. |
A quantidade de métricas individuais, conforme o tipo da unidade de medida utilizada, são distintas. |
Chen et al. (2014) |
Os resultados orientam a gestão na direção e decisão mais adequada, por meio de gráficos. |
A dificuldade na precisão dos dados e a interpretabilidade da pontuação final do indicador/índice de sustentabilidade. |
Scholl, Hourneaux Jr e Galleli (2015) |
A utilização das informações como o forma de benchmarking e comparações entre corporações. |
A determinação dos pesos dos indicadores é complexa, imprecisa e subjetiva. |
Chen, Rong-Hui e YuanhsuL (2015) |
A mensuração e gestão da sustentabilidade traz vantagens competitivas significativas. |
Os indicadores de sustentabilidade são altamente subjetivos e não estruturados com critérios. |
Rajak e Vinodh (2015) |
Esta estrutura dos indicadores e dos índica de sustentabilidade possui vantagens quanto aos demais. |
A utilização de outros métodos na estruturação do índice de sustentabilidade. |
Bork et al. (2016) |
A ferramenta apresenta-se de forma simples, prática e indica ações necessários frente as melhorias. |
A dificuldade reside na utilização da ferramenta da avaliação da sustentabilidade como rotina. |
Dočekalová e Kocmanova (2016) |
O modelo permite que os gerentes identifiquem falhas no desempenho e promovam ações de melhoria. |
A fraqueza da ferramenta consiste em várias decisões subjetivas que são tomadas na sua elaboração. |
Mota et al. (2017) |
O benefício desta proposta é a adaptabilidade ao contexto de países em zonas tropicais. |
A indisponibilidade de informações suficientes e apropriadas para analisar a sustentabilidade. |
Li e Mathiyazhagan (2018) |
Identifica os níveis de adequação através de um novo modelo de avaliação da sustentabilidade. |
A definição de indicadores de sustentabilidade adequados é desafiador e consome tempo. |
Fonte: Elaborada pelos autores (2018).
As vantagens dos estudos revelam, em sua maioria, que a partir dos indicadores pode-se promover melhoria no desempenho da sustentabilidade nas indústrias, produzindo ações que possam minimizar o impacto causado pela insustentabilidade. As desvantagens demostram que ainda é necessária uma melhor investigação, para avaliar o desempenho da sustentabilidade com maior precisão. Além disso, aperfeiçoar a qualidade dos indicadores de desempenho, pois a ferramenta utilizada pode ser diferente para cada indústria necessitando assim um método diferenciado para cada indústria em específico.
Em suma, pode-se pensar que os estudos apresentam ferramentas para medir a sustentabilidade em empresas, porém ainda é um estudo que necessita melhores investigações e aperfeiçoamento. Assim, considera-se necessária uma análise mais criteriosa de modo específico para que cada ramo de indústria, e assim identificar o desempenho de sustentabilidade com mais precisão.
Referências
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Zhou, L., Tokos, H., Krajnc, D., & Yang, Y. (2012). Sustainability performance evaluation in industry by composite sustainability index. Clean Technologies and Environmental Policy, 14(5), 789-803.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/01/2019
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