Pesticidas expostos pelo degelo do Alasca apresentam risco de câncer
Crianças no Alasca, cuja dieta inclui muitos peixes de rios alimentados pela Cordilheira Oriental do Alasca, podem ter um elevado risco de câncer a longo prazo por causa de inseticidas, incluindo o DDT, expostos pelo degelo.
Mesmo com níveis baixos de pesticidas organoclorados (OCPs) no degelo glacial, o risco de câncer para jovens e adultos que contam com o peixe como alimento básico em sua dieta está acima do limite máximo da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, diz Kimberley Miner, professora assistente de pesquisa no Instituto de Mudança Climática da Universidade do Maine.
O risco para as crianças expostas ao DDT e ao hexaclorociclohexano acumulado no peixe é significativamente mais alto do que para os adultos, por causa de seu tamanho e da exposição ao longo da vida.
Conforme o clima se torna mais quente e as geleiras do Alasca vão derretendo, Kimberley diz que a disseminação gradual desses OCPs pode continuar a elevar as concentrações na bacia hidrográfica acima do nível atual.
“Este impacto secundário da mudança climática será sentido mais fortemente pelas crianças e precisa ser tratado de forma completa,” diz Kimberley, que também é assistente de pesquisa no Centro de Clima e Segurança e cientista física no Laboratório de Pesquisa Geoespacial do Exército, na Virgínia.
As descobertas estão no artigo “Um método de nível de rastreio para quantificar o risco da disseminação glacial de pesticidas organoclorados no Ártico do Alasca”, no periódico Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology.
Existem 1.655 famílias na região maior do interior de Yukon e 508 famílias na região da bacia hidrográfica do Rio Tanana. Kimberley recomenda que as pessoas que comem grandes quantidades de peixe (mais de 9 quilos por ano ou 170 gramas por semana), nestas ou em outras áreas do Ártico, sejam prioridade em pesquisas futuras sobre os riscos de poluição no degelo glacial.
Riscos para a saúde por beber do degelo da Geleira Jarvis são insignificantes para adultos e crianças no momento, ela descobriu.
Os pesticidas que contém OCPs foram banidos de muitos países porque a exposição a tais foi relacionada ao câncer, coma, tremores, confusão, fadiga, dor de cabeça, náusea, visão embaçada e morte.
O DDT foi usado como um pesticida para o controle de insetos nos EUA até que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) o baniu em 1972. O hexaclorociclohexano, comumente chamado de Lindano, não tem sido produzido nos EUA desde 1976, mas é importado para usos inseticidas e está presente em cremes prescritos para combater piolhos e sarna.
Os OCPs depositados e acumulados perto da Geleira Jarvis no interior do Alasca foram provavelmente transportados para lá pela atmosfera, através da neve e da chuva. Na Ásia, o DDT ainda é usado para tentar prevenir a malária.
Karl Kreutz, Shaleen Jain e Seth Campbell, colegas de Kimberley na Universidade do Maine, juntamente com Anna Liljedahl, pesquisadora da Universidade do Alasca em Fairbanks, conduziram essa inédita avaliação de risco do OCP para as pessoas do Ártico.
Eles analisaram núcleos de gelo e degelo da Geleira Jarvis, coletados no verão de 2016 e na primavera de 2017.
O artigo de Kimberley sobre os poluentes pesticidas que ela encontrou na remota geleira do Alasca e em seu degelo – “Pesticidas organoclorados na Geleira Politermal no interior da Cordilheira do Alasca” – foi publicado em agosto no periódico Water.
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Referências:
A screening-level approach to quantifying risk from glacial release of organochlorine pollutants in the Alaskan Arctic
K. R. Miner, K. J. Kreutz, S. Jain, S. Campbell & A. Liljedahl
Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology (2018)
DOI https://doi.org/10.1038/s41370-018-0100-7
Organochlorine Pollutants within a Polythermal Glacier in the Interior Eastern Alaska Range
Water 2018, 10(9), 1157; doi:10.3390/w10091157
* Tradução de Ivy do Carmo, Magma Translation (magmatranslation.com)
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/12/2018
[cite]
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