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Os países mais religiosos são os mais desiguais socialmente, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

Os países mais religiosos são os mais desiguais socialmente, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Os países mais religiosos são os mais desiguais socialmente

 

[EcoDebate]

Desigualdade social e religiosidade são fenômenos que andam juntos e de mãos dadas. Em geral, quanto mais desigual um país, maior importância a população tende a dar à religião.

Essa é uma conclusão que se pode tirar do gráfico acima, apresentado pela pesquisa “Americans are far more religious than adults in other wealthy nations”, do Instituto PEW (31/07/2018).

A linha inclinada do gráfico mostra que os países que mais valorizam a religião são aqueles que possuem maior Índice de Gini, tendo maior concentração de renda. Ao contrário, a religião é menos relevante nos países com reduzidas desigualdades sociais.

Uma das explicações para esta situação é que, nos países mais desiguais, a falta de instituições públicas atuantes para corrigir as “falhas do mercado” contribui para a manutenção da concentração de renda e uma alta percentagem de pessoas abaixo da linha da pobreza.

Já nos países com o Estado Laico desenvolvido, o secularismo é essencial para fortalecer a luta contra as injustiças sociais. O secularismo representa o exercício da função pública sem vínculo com o posicionamento religioso e com uma comunidade neutra em relação às crenças religiosas.

Neste sentido, o desenvolvimento com justiça social caminha concomitantemente ao avanço da sociedade secular, que respeitando a liberdade religiosa e a realização de cultos, coloca o bem comum acima dos dogmas, das disputas entre as religiões, levando em consideração as boas práticas de governança e os consensos surgidos no meio científico e tecnológico.

 

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

 

Referência:

DALIA FAHMY. Americans are far more religious than adults in other wealthy nations, PEW, JULY 31, 2018 http://www.pewresearch.org/fact-tank/2018/07/31/americans-are-far-more-religious-than-adults-in-other-wealthy-nations/

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/11/2018

[cite]

 

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3 thoughts on “Os países mais religiosos são os mais desiguais socialmente, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • O artigo é dotado de uma clareza e abrangência esplêndidas do assunto abordado, que nada mais a dizer há, se não parabéns ao autor Doutor José Eustáquio Diniz Alves.

  • Geraldo Moisés Martins

    Gostaria que fosse explictada com maior clareza a relação de causa e efeito entre o grau de religiosidade de uma populacao (ou de um país) e o índice de desigualdade social. Afirmou-se, com base nos dados da pesquisa que "quanto mais desigual um país, maior importância a população tende a dar à religião". Foi dito tambem que quanto maior o secularismo praticado, menor o índice de desigualdade. Mas essa associação ainda é vaga e ambígua. Há evidências de que nos países onde seus povos sao submetidos a uma maior dominação e opressão por estruturas política, economica e socialmente desiguais, são aquelas com populações mais pobres e marginais. Poderiam as religiões serem responsabilizadas por tal desigualdade, uma vez que são praticadas mais intensamente pelos segmentos oprimidos do que pelos opressores? Ou será que nas sociedades mais abastadas e com estruturas sociais mais equalizadas, o secularismo tornou-se  forte justamente porque o consumismo e o estado de bem-estar materialista passaram a substituir o papel das religiões como referência de vida e de convivência humana?
    Parece, portanto, que esta relação precisaria ser  melhor qualificada. Confirmando-se que a religião  é realmente causa das desigualdades e da pobreza, fica consagrada a tese de Marx de que "a religiao é o ópio do povo , cabendo entao uma cruzada internacioanal e secularista pela extinção das mesmas em toda face do planeta como foi tentado pelos regimes comunistas. Trata-se de uma conclusão óbvia ou simplesmente uma exigência racional e científica.

  • Prezado Geraldo Moisés Martins,

    Mesmo sem eu ter autorização do Doutor José Eustáquio Diniz Alves, autor do artigo, para tentar esclarecer as relevantes questões apresentadas por você, tenho a ousadia de o fazer, evidentemente, sabendo que essa tarefa é exclusiva dele, e, desde já, pedindo desculpas ao grande autor por tal intromissão, e solicitando a ele que faça as correções que considerar necessárias serem feitas na minha simples tentativa de fornecer algum esclarecimento.
    Segue a minha compreensão da relação existente entre RELIGIOSIDADE E DESIGUALDADE SOCIAL:
    Como você mencionou, prezado Geraldo, Karl Marx sintetizou a relação supra mencionada na expressão: “religião é o ópio do povo”, e o autor do texto em apreço, abordou a questão, também de forma abrangente, considerando os Estados nação, mas sabemos que, mesmo dentro de um determinada Estado nação, as DESIGUALDADES SOCIAIS carregam consigo diferentes “CARGAS DE RELIGIOSIDADE”, e o motivo – expandindo a síntese de Karl Marx – é que as mais baixas classes sociais, diante da impossibilidade de ascensão, e da imensa propaganda religiosa, que tudo promete a troco de muito pouco, passam a considerar a PRÁTICA RELIGIOSA como como única opção de vida, mesmo com indizível sofrimento, pois há, ainda, a esperança de uma vida ETERNA.
    Espero ter esclarecido sua dúvida, e que o autor do artigo me corrija, caso discorde de mim, ou acrescente outros aspectos da questão, se considerar que fui insuficiente.
    Cordiais Saudações, prezado Geraldo.

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