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Artigo

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica, artigo de Débora Barros Andrade

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica

*Débora Barros Andrade

Resumo:

O presente artigo é parte da dissertação do Mestrado em educação, que reflete a importância de trabalhar Educação Ambiental na instituição de ensino.

Aborda-se a necessidade emergencial de programas de formação continuada para docentes, no intuito de valorizar e melhorar a prática desses profissionais, de modo que venha a refletir no processo de ensino-aprendizagem.

A instituição de Ensino é o lugar mais apropriado para a inclusão das práticas educacionais essenciais ao meio ambiente. Uma das performances mais respeitáveis da escola é sua força de alcance e modificação em relação a conceitos da comunidade em que está inserida. Nessa totalidade é na temática ambiental que a escola oferece um impacto significativo na coletividade, através do trabalho dos profissionais em educação, em função da abertura de caminhos de difusão com os alunos, que permitam reflexões sobre o papel destes como cidadãos em relação ao meio ambiente.

O mister do professor é a responsabilidade de acordar o aluno para o bom senso de descobrir dentro de si a autoconfiança e a potencialidade para o exercício de sua cidadania, desencadeando posturas e atuações mediante as dificuldades socioambientais. Nesse sentido, a E.A e a Formação Docente têm papel preponderante, tanto em relação às propostas contidas no Projeto Político Pedagógico quanto em políticas públicas e conhecimentos inerentes à temática, na releitura, no repensar das atitudes de ordem e valores individuais, coletivas e, consequentemente, na sensibilização e aprendizagem de novas atitudes diante do nosso planeta.

  1. Introdução

Desde o início da sociedade, mesmo em diferentes épocas, o ser humano busca acumular riquezas, utilizando todos os recursos da natureza, mesmo sendo esses recursos limitados e, portanto, estarem acabando. Para mudar essa situação, o homem percebeu a necessidade de repensar seu modelo de crescimento econômico e desenvolvimento social. Para tanto, criou leis que geram multas e prisão se não seguidas. Contudo, estas medidas não foram suficientes e, por conta disso, decidiu associar o processo educativo para conceber pessoas conscientes de seus deveres e direitos coletivos. Por isso, é indispensável que a Educação Ambiental faça parte dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas e que seja abordada como um tema transversal.

O tema desse estudo – “Educação Ambiental” – foi escolhido com o intuito de verificar se esta discussão está ocorrendo com os alunos, na prática, ou se continua só na teoria dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN.

Nos programas pedagógicos, a Educação Ambiental, teoricamente, é tema transversal, porém, na prática, a abordagem dessa temática não ocorre. Falta apoio pedagógico e, muitas vezes, formação continuada para o professor nessa área, e isso não pode acontecer, porque as futuras gerações precisam usufruir desse benefício num ambiente natural o qual as rodeia.

A Educação Ambiental, segundo Carvalho (2006, p. 71)

[…] é considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos Recursos Naturais, assim como ao seu esgotamento, e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas.

O tema Educação Ambiental é muito discutido atualmente, porque a sociedade sabe da necessidade de uma melhoria do mundo em que vivemos, uma vez que se constata facilmente que estamos regredindo cada vez mais em nossa qualidade de vida de um modo geral, deixando-nos levar por nossas obrigações diárias. Nosso tempo nos parece cada vez mais curto, porque temos cada vez mais compromissos (GUEDES, 2006).

Recentemente é possível observar uma melhora na conscientização de todos, principalmente dos órgãos públicos, com a fiscalização para a diminuição de poluentes emitidos, pois, com o crescimento da população mundial, aumenta também o número de poluidores caso não sejam orientados da maneira certa. (YUS, 2002).

Conforme destacam os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil, 1997a, p. 25):

Eleger a cidadania como eixo vertebrado da educação escolar implica colocar-se explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, comprometendo-se com as perspectivas e as decisões que os favoreçam. Isto refere-se a valores, mas também a conhecimentos que permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva. Uma pergunta deve ser então respondida: as áreas convencionais classicamente ministradas pela escola, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, não são suficientes para alcançar esse fim? A resposta é negativa.

A questão central está relacionada à complexidade do que se entende por transversalidade e como se dá tal procedimento. Campiani (2001) afirma que ainda é pouco clara a definição do conceito de transversalidade, suas implantações nas práticas pedagógicas precisam ser elucidadas.

Seguindo o pensamento de Campiani (2001), para acontecer a capacitação das pessoas envolvidas, como os professores, devem ser incorporados conceitos e metodologias novas que venham ao encontro da realidade, transformando-os em críticos atuantes diante das situações socioambientais, influenciando nas mudanças de atitudes dos aprendizes. O poder público, por meio do MEC e de Secretarias de Educação, deve promover formações continuadas, bem como o ensino dos cidadãos, por meio do exercício da cidadania, deve ser constante.

Na prática pedagógica, é necessário que sejam eliminadas as barreiras entre as disciplinas, como também as que existem entre os profissionais da educação, para que aconteça a transversalidade.

A conduta inadequada do ser humano é um dos motivos de desequilíbrios ecológicos, impulsionada por apelos consumistas, seguindo o pensamento da sociedade capitalista, gerando desperdício e o uso descontrolado dos bens da natureza, a saber, os solos, as águas e as florestas. Por conta disso, na parte pedagógica, no geral, todas as disciplinas devem trabalhar em conjunto, o que é um dos instrumentos essenciais a ser usado, como ponto emergencial, para combater esses desequilíbrios (CARVALHO, 2006).

Deve-se acreditar na possibilidade de mudança de condutas e valores no intuito de formar pessoas através da disseminação de suas convicções, transformando-as em cidadãos que trabalharão por uma nova maneira de relacionar-se com o mundo e seus recursos naturais e com as outras pessoas (SCHIKE, 1986).

Sendo assim, enfrentamos um momento de mudança de paradigma com relação à concepção de uso de recursos naturais e convivência com o meio ambiente. A que vivenciamos pode ser considerada como uma crise de valores, o que tem gerado problemas sociais e ambientais das mais variadas proporções (SANTOS; FARIA, 2004).

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Para acessar o artigo, na íntegra, no formato PDF, clique no link 180810Educação Ambiental e formação docente

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Débora Barros. A Educação Ambiental na Instituição de Ensino Público. Dissertação do Mestrado (Dissertação em Educação) – UNISAL. Assunção-PY, 2015.

ALVARENGA, Estelbina Miranda de. Metodologia da Investigação Quantitativa e Qualitativa. Versão em Português: Cesar Amarilhas, 2014. Assunção – PY.

BRAICK, Patrícia Ramos. História das cavernas ao terceiro milênio. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2007.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB Lei n.9.394/96. Brasília: DF, MEC/SEF, 1996.

BRASIL. Lei n. 9795 – 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares. Secretar ia de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF/SEES, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. (1997b). A implantação da educação ambiental no Brasil: meio ambiente e saúde. Brasília, DF.

CAMPIANI, M. C. (2001). Os temas transversais na educação. São Paulo: Códex.

CAMPIANI, Maximiano César. Os temas transversais na educação. São Paulo: Códex, 2001.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2004.

CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2006.

CURRIE, K. L. Meio ambiente, interdisciplinaridade na prática. Campinas, Papirus, 1998.

DIAS, Genebaldo. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9.ed. São Paulo: Gaia, 2004. FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 3ª ed. São Paulo; Gaia, 1992.

DIAS, G. F. Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental. 2.ed. São Paulo: Gaia, 2006. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2010.

GUEDES, José Carlos de Souza. Educação ambiental nas escolas de ensino fundamental: estudo de caso. Garanhuns: Ed. do autor, 2006.

GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. 5.ed. Campinas: Papirus,1995.

KINDELL, Eunice Aita Isaia; FABIANO, Weber da Silva; MICAELA, Yanina. Educação Ambiental: Vários Olhares e Várias Práticas. 2ª ed. Curitiba-PR. Mediação, 2006.

LEFF, Enrique. Saber ambiental. Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Ed. Vozes. PNUMA. Petrópolis, 2001.

MEIRELLES, Maria de Sousa; SANTOS, Marly Terezinha. Educação Ambiental uma Construção Participativa. 2ª ed. São Paulo, 2005.

PEDRINI, Alenxandre de Gusmão (Org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. Petrópolis: vozes, 1997.

REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2004.

SANTOS, Edna Maria dos; FARIA, Lia Ciomar Macedo de. O educador e o olhar antropológico. Fórum Crítico da Educação: Revista do ISEP/Programa de Mestrado em Ciências Pedagógicas. v. 3, n. 1, out. 2004. Disponível em: <http://www.isep.com.br/FORUM5.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018.

SCHINKE, Gert. Ecologia política. Santa Maria: Tchê!, 1986. WALDMAN, Maurício. Meio ambiente & antropologia. São Paulo: Senac, 2006.

YUS, R. Educação integral: uma educação holística para o século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2002.

*Mestra Débora Barros Andrade

Doutoranda em Ciências da Educação 

Mestre  em  Ciências da Educação 

Bióloga com registro na classe CRBio08ª nº 105.263/08-D

Especialista em Educação Ambiental-Uniter/Ibpex.

Especialista em Gestão Ambiental-Faculdade Innovato

Especialista em Docência, Metodologia e Didática do Ensino Superior -Uniaméricas-Ceará.

Especialista em Gestão Escolar – Progestão-Bahia;

Especializando em Psicopedagogia Institucional , Clínica e Educação Especial;

Especializando em Perícia e Auditória Ambiental

Técnica em Secretária Escolar / IFBA-Jacobina.

Licenciada em Biologia 

Licenciada em Química

Licenciando e Pedagogia  

Professora do Ensino Fundamental II  e Superior da  Rede Pública e Privada.

Orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso-TCC

Orientadora  de Estágio Supervisionado 

Coordenadora Pedagógica

Palestrante.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/08/2018
 

Visando uma compreensão mais sólida sobre o tema “Educação Ambiental”, a redação EcoDebate, selecionou alguns artigos que podem ajudar e entender melhor e, sempre que possível, utilizar as ferramentas e metodologias sugeridas.

Boa leitura e sucesso na sua iniciativa em Educação Ambiental:

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2 thoughts on “EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica, artigo de Débora Barros Andrade

  • Se o conteúdo apresentado pelo artigo em apreço não fosse contraditório aos interesses do poder dominante, seria lógico e louvável, mas como não é isso que ocorre, ele se inclui no universo da ILUSÕES, infelizmente.

  • Débora Barros Andrade

    Olá,Valdeci Silva !!!
    Entendo sua posição,no entanto não podemos perder de vista a função social da escola. É na escola que constrói-se um futuro melhor para todos. Qualidade para poucos é privilégio. A realidade nasce de cada dia,com ações e pensamentos emancipadores . Para construir um futuro é preciso sonhá-lo,imaginá-lo.

Fechado para comentários.