EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

As pessoas comuns, artigo de Montserrat Martins

 

artigo de opinião

 

[EcoDebate] Pessoas que se consideram “comuns” tem muita influência na sociedade, embora não saibam disso, justamente por se acharem “comuns”. Vamos aos fatos: a começar pelos publicitários, sua linguagem na TV mira as “pessoas comuns”, para um produto chamar a atenção, é preciso ser atraente para a maioria. Os políticos, nem se fala, miram as pessoas comuns o tempo inteiro. As empresas, ao planejarem seus produtos, preços e estratégias de vendas, pensam obviamente na maioria.

Claro que há públicos-alvo segmentados, em todas áreas de atividades, mas quanto maiores forem as empresas e os negócios, mais abrangente será a sua clientela-alvo. A própria mídia, embora consciente das opiniões de segmentos específicos, se dirige, de um modo geral, para um público mais amplo possível.

Essa “massa” de pessoas anônimas tem recebido vários nomes, de acordo com o assunto de que se trata. “Opinião pública”, por exemplo, é uma generalização que tem em mente a opinião da maioria das pessoas, que inclui a soma de todos os segmentos possíveis e uma vasta camada de “pessoas comuns” que geraria a opinião predominante, mesmo com possíveis segmentos em contrário à maioria.

“Maioria silenciosa” é outro termo que já foi usado, principalmente na política, para descrever o pensamento das pessoas que não se expõe em debates públicos, não brigam nas redes sociais nem saem nas ruas com palavras de ordem, mas guardam suas opiniões para si mesmas. Pois essa “maioria silenciosa” é capaz de decidir eleições, como qualquer analista político ou social pode constatar examinando os fatos. Nesse caso, muitas vezes depois de já ocorridos, pois por ser “silenciosa” essa maioria não demonstrava previamente sua tendência.

Essa ampla parcela da população não é propriedade de ideologias, não está presa à direita nem à esquerda, nem ao centro ou qualquer outro nome que se dê, ela flutua de acordo com o momento. Na prática, que influência ela teve nas nossas vidas? Houve mudanças trabalhistas, ainda pendentes de ajustes por sinal, mas não prosperou a reforma da previdência devido ao medo dos políticos não se reelegerem. O Temer desprezou absurdamente a opinião pública nos seus ministérios, para proteger a sua “turma”, mas cedeu em alguns assuntos como uma reserva no Amapá, devido à repercussão na opinião pública.

É importante lembrarmos disso porque, seja quem for eleito daqui a 2 meses, não tomará posse como dono de país ou de nós, da sociedade. A eleição não torna a pessoa eleita uma donatária de uma capitania hereditária. Parece óbvio, mas o óbvio tem de ser dito, pois temos uma cultura “atávica”, carregada de passado, a atualizar.

 

Montserrat Martins, Colunista do EcoDebate, é Psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/08/2018

[cite]

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate, ISSN 2446-9394,

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.