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Notícia

Captura de peixes em níveis não sustentáveis aumentou, de 10% em 1974 para 33,1% em 2015

 

Captura de peixe atinge recorde de 171 milhões de toneladas

ONU News

Em todo o mundo, cerca de 59,6 milhões de pessoas trabalham neste setor; a indústria está a mudar, com cada vez mais pessoas a trabalhar em aquicultura; o peixe pescado em níveis não sustentáveis continua a aumentar; no Brasil, produção deve aumentar de 1,286 milhão de toneladas em 2016 para 1,885 em 2030.

Em 2016, a produção de peixe atingiu um recorde de 171 milhões de toneladas, segundo o relatório Estado Mundial da Pesca e Aquicultura 2018, publicado esta segunda-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

A pesquisa diz que isso foi possível devida a níveis de captura estáveis, redução do desperdício e aumento da produção de aquicultura. Cerca de 88% foi usado em consumo humano direto.

Importância

A FAO lembra que, desde 1961, o crescimento anual de consumo tem sido o dobro do crescimento da população, demostrando que “este é um setor crucial para atingir o objetivo de ter um mundo sem fome e subnutrição”.

A agência da ONU acredita que este tipo de alimento é essencial para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sobretudo o ODS 14, que diz respeito à conservação e uso sustentável dos oceanos.

O relatório destaca ainda a importância deste setor “para a alimentação e emprego de milhões de pessoas, muitas das quais têm dificuldades em ter uma vida razoável”.

Crescimento

A captura através de pesca foi de 90,9 milhões de toneladas, uma pequena descida em relação aos dois anos anteriores. A pesca em oceanos e mares foi 79,3 milhões de toneladas e em rios e lagos 11,6 milhões, um aumento de 2% em relação ao ano anterior. Apenas 16 países, a maioria na Ásia, foram responsáveis por quase 80% de toda esta produção.

Continua a aumentar a pesca em níveis não sustentáveis, foto: ONU/Martine Perret
Continua a aumentar a pesca em níveis não sustentáveis, foto: ONU/Martine Perret

A percentagem de reservas de peixe em níveis sustentáveis continua em queda. Em 1974, era 90%, e, em 2015, caiu para 66,9%.

Por outro lado, o peixe capturado em níveis não sustentáveis aumentou, de 10% em 1974 para 33,1% em 2015, com os maiores aumentos no final da década de 1970 e anos 80.

Consumo

Em termos per capita, o consumo de peixe aumentou de 9 kg em 1961 para 20,2 kg em 2015, a uma taxa média de 1,5% ao ano. As estimativas preliminares para 2016 e 2017 apontam que o consumo deverá estar entre 20,3 e 20,5 kg.

A aquicultura produziu cerca de 110,2 milhões de toneladas em 2016, gerando cerca de US$ 243.5 bilhões em vendas.

Esta produção inclui 80 milhões de toneladas de peixe para consumo, 30,1 milhões de plantas aquáticas, incluindo algas, e 37,9 toneladas de produtos não alimentares.

Mudanças

Em todo o mundo, cerca de 59,6 milhões de pessoas trabalham neste setor, estando 40,3 milhões nas pescas e 19,3 milhões na piscicultura.

A indústria pesqueira tem mudado, com cada vez mais pessoas trabalhando em aquicultura. Em 1990, 83% dos trabalhadores estavam no setor da pesca e apenas 17% na aquicultura. Em 2016, essas percentagens eram de 63% e 32%.

Previsões

O relatório também aponta as principais tendências para o período até 2030. A produção mundial de peixe, o consumo e o comércio devem aumentar, mas com uma taxa de crescimento que irá abrandar com o tempo.

No Brasil, a produção deve aumentar de 1,286 milhão de toneladas em 2016 para 1,885 em 2030.

Em relação ao comércio, o país deve aumentar as exportações de 43 mil toneladas para 51 mil, um aumento de 16,5% em 2030. As importações aumentarão ainda mais, cerca de 51,9%, passando de 637 mil toneladas para 969 mil.

A produção em aquicultura deve continuar a aumentar, apesar de crescer mais lentamente do que no passado. Os preços aumentarão em termos reais, mas devem descer descontando o valor da inflação.

O relatório diz também que o consumo de peixe per capita deve diminuir em África, o que suscita preocupações em termos de segurança alimentar.

 

Da ONU News, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/07/2018

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