Análise ALERT: Investidores cuidado, os megaprojetos de infraestrutura podem ser um mau negócio
A surpreendente notícia de que a Malásia acabou de cancelar a enorme ferrovia de alta velocidade de Kuala Lumpur a Cingapura – um dos elementos centrais da Iniciativa Belt & Road de US $ 8 trilhões da China – enviará ondas de choque econômico ao redor do globo.
É um golpe gigante para a China. E será um golpe impressionante para a confiança dos investidores, muitos dos quais esperam lucrar muito com a avalanche de acordos de infraestrutura que acontecem em todo o planeta.
APOSTAS ERRADAS
A ferrovia de alta velocidade está longe de ser um exemplo isolado. Em todo o mundo, muitos projetos massivos de infraestrutura estão em colapso.
Em alguns casos, bilhões de dólares estão sendo perdidos tanto pelos investidores quanto pelas nações anfitriãs.
Em outros casos, os megaprojetos que inicialmente pareciam ser uma ótima idéia acabaram sendo calamidades econômicas, ambientais e sociais.
PESADELO DE GÁS NATURAL
Na nação das ilhas do Pacífico, Papua Nova Guiné, um projeto de gás natural líquido de US $ 19 bilhões, conhecido como PNG-LNG, foi amplamente anunciado como um salvador econômico para a nação .
Mas agora é cada vez mais considerado um perdedor econômico.
Dois relatórios recentes classificaram PNG-LNG como uma “falha de desenvolvimento” – por entregar apenas uma fração dos empregos prometidos, rendas familiares, crescimento econômico nacional e receita do governo.
Como resumido no principal site da Mongabay , a evasão fiscal agressiva da ExxonMobil e de outros investidores estrangeiros está efetivamente fraudando o governo de Papua Nova Guiné de centenas de milhões de dólares a cada ano.
E à medida que aumentam as frustrações locais, os conflitos sociais e a violência estão aumentando em territórios ao redor do projeto PNG-LNG de 700 quilômetros de extensão.
O veredicto: uma bagunça massiva e multibilionária para os investidores.
É também uma calamidade para uma das nações mais ambiental e culturalmente diversas do mundo – uma nação que agora está à beira do caos econômico.
FIM DAS GRANDES HIDRELÉTRICAS NA AMAZÔNIA
No início deste ano, os investidores ficaram igualmente chocados quando o Brasil repentinamente recuou de sua política de décadas de construção de gigantescas barragens de hidroelétricas na Bacia Amazônica.
Essas barragens podem ter custos ambientais e sociais temerosos – inundar florestas, deslocar povos locais e exigir redes de novas estradas que estimulem aumentos dramáticos no desmatamento, na mineração ilegal e na caça ilegal de animais selvagens .
O governo do presidente brasileiro Michel Temer há muito favorecia as megabarragens da Amazônia – mas as derrubou abruptamente .
Por quê? A resistência determinada de grupos ambientais e indígenas não ajudou. Nem uma economia brasileira gaguejante.
Mas o golpe fatal foi a corrupção profunda, os custos excedentes e as propinas ilegais que afetaram os projetos das barragens.
O suborno foi tão ruim que um funcionário foi condenado a mais de quarenta anos de prisão.
Surpreendentemente, o ex-presidente brasileiro Lula também foi condenado à prisão – por nove anos e meio .
A escala do crime financeiro é vertiginosa. Os investidores do projeto não tinham ideia do que estavam se metendo.
Eles agora estão tendo um impacto financeiro gigantesco , prejudicando praticamente todos os setores da economia brasileira.
FUMAÇA E ESPELHOS
Estes são apenas três exemplos. Um poderia listar centenas mais.
Para financiadores de infra-estrutura, a conclusão é inescapável.
Investidores inteligentes confiam na compreensão precisa dos trade-offs entre riscos e recompensas.
Mas a esmagadora maioria dos grandes projetos de infraestrutura está ocorrendo nos países em desenvolvimento.
Infelizmente, esses são frequentemente ambientes financeiros de alto risco. Corrupção. Má transparência. Perigos financeiros , sociais e ecológicos ocultos .
Corrupção generalizada em muitos países em desenvolvimento (Alamgir et al. 2018. Current Biology ).
E mesmo em países com corrupção limitada e alta transparência pública, muitos projetos de infraestrutura estão em dificuldades.
Por exemplo, um bilionário chinês que possui 99 anos de arrendamento no estratégico Darwin Harbour, na Austrália, está lutando apenas para fazer pagamentos de juros sobre a enorme dívida que acumulou.
Ele agora está implorando para que o Banco de Exportação e Importação controlado pela estatal da China, que é controlado pela administração do presidente-vitalício chinês Xi Jinping, resgate-o com um empréstimo de meio bilhão de dólares.
Os investidores não deveriam estar afundando seu dinheiro em grandes projetos de infraestrutura, com seus pesadelos de riscos ocultos.
Eles deveriam estar fugindo deles.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/06/2018
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