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Alimentação Alternativa, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] A alimentação alternativa foi criada para combater a desnutrição, incluindo alimentos de alto valor nutritivo e de custo muito baixo. E que tenham sabor e paladar adaptados à região.

A diretriz básica desta alimentação é o princípio da multimistura e da variedade, que aproveitam diversos alimentos que geralmente são desprezados.

São os farelos de arroz e de trigo, as folhas verde-escuras de batata-doce, mandioca, taioba, beldroega, a casca de ovo e as sementes de abóbora, melancia, gergelim, jaca, caju e melão.

Esse método pode ser introduzido em qualquer lar e para qualquer idade, porque não gasta muito e não muda o hábito da família, apenas enriquece os pratos que não se está habituado a empregar corriqueiramente. O combate à arteriosclerose, apendicite, diabetes, prisão de ventre, hemorroidas, varizes e câncer de intestino são benefícios adicionais da alimentação enriquecida.

Nessa cozinha, nada se perde, tudo é aproveitado. Casca, talos, folhas e sementes. Normalmente, o caminho destas sobras é o lixo. Pouca gente sabe que, assim, são desperdiçadas toneladas de vitaminas da melhor qualidade. Folhas de cenoura e de couve-flor, talos da couve, do espinafre, do brócolis e até a casca da banana refogada são armas muito importantes contra a desnutrição.

A farinha de mandioca pode ser substituída pelo fubá, porque 1 kg de fubá substitui, no mínimo, 4 kg de farinha de mandioca, devido ao seu valor nutritivo. Além disso, o milho tem o ciclo muito mais rápido do que a mandioca para ser colhido. É muito mais fácil colher o milho do que mandioca, e esta cultura, não danifica tanto o solo.

Com o uso dos farelos, crianças desnutridas são muito nutridas e recuperadas. Desaparecem as lesões na pele e os edemas. Desaparecem as lesões do couro cabeludo, das pernas e do tronco. Muitas vezes, as crianças podem até recuperar a altura.

Diminuem os casos e a intensidade de anemias, a coriza persistente quando ocorre, e acabam as diarreias. É nítida a diferença no berçário, com as crianças ganhando peso e diminuindo as infecções.

Com o uso do farelo, mesmo mães desnutridas conseguem gerar e amamentar uma criança com peso normal.

Especialistas declaram que os farelos não deve ser doados. Pois isso geraria concepção de que esta ração alimentar não tem valor e quando precisar ser comprada, não ganha significação.

As dificuldades maiores são de implantação de fornecedores eficientes e de retalhistas persistentes que sejam efetivos e eficazes. Distribuidores podem ser grandes varejistas, cerealistas e mesmo padarias. É preciso fidelizar um mercado consumidor estável para que se implantem empreendimentos de fornecimento e distribuição também.

O mesmo acontece com as folhas verdes. Redes varejistas poderiam se tornar fornecedoras se houvesse fundamentação em mercado estável. Não pode ser como os feirantes que manifestam que não trazem as folhas porque ninguém compra.

É preciso que se utilize aquilo que existe na região. E pode ser plantado, porque ninguém rouba. São plantas que não dependem de estrume, água, terra boa e de cuidados. Temos como exemplo a vinagreira, a taioba, a abóbora, etc. E por que não trocar a batata-inglesa pela batata-doce, pelo cará, pelo inhame. Ainda mais que a batatinha tem muitos produtos químicos usados no seu cultivo.

Se consegue melhorar de forma relevante a saúde das crianças utilizando essas alternativas também na mamadeira. O mingau pode ser feito com fubá torrado ou farinha de mandioca, sempre acrescentando uma colherinha de farelo.

Outro ponto importante é saber que o leite, para a criança com mais de um ano, pode ser perfeitamente substituído pelos vários cereais existentes na região, como o milho e o arroz, ambos acrescidos do farelo. Isto produzirá crianças e famílias mais saudáveis, com medidas simples e acessíveis:

É recomendável manutenção do aleitamento materno até 6 meses de idade, manutenção do controle de peso das crianças e aproveitamento de todos os alimentos que possam ser disponibilizados ou que podemos cultivar no quintal.

A alimentação alternativa está sendo comprovada na prática, em todos os estados brasileiros. Tanto em nível comunitário quanto em hospitais, creches e postos de saúde.

Se deseja que está iniciativa da alimentação alternativa que potencializa muito o emprego de alimentos tipicamente brasileiros e de alto valor nutritivo, se dissemine, se fortaleça e se torne sistêmica, auxiliando a tornar melhor a qualidade de vida das populações mais vulneráveis e carentes.

Referências:

http://www.taps.org.br/Paginas/alimartipri06.html

https://www.pastoraldacrianca.org.br/noticias2/244-alimentacao-enriquecida-alguns-cuidados-importantes

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

Nota da Redação: Sobre o mesmo tema, sugerimos que leia, também:

Alimentos Nutracêuticos, artigo de Roberto Naime

Alimentos Funcionais, artigo de Roberto Naime

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/05/2018

[cite]

 

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