Norma internacional de turismo sustentável segue para aprovação final da International Organization for Standardization (ISO)
Conclusão do documento baseado em norma brasileira deve acontecer em maio, em Buenos Aires, na próxima reunião anual do Comitê Técnico de Turismo da ISO.
A sugestão foi ousada: oferecer a norma brasileira ABNT NBR 15401:2014 – Meios de Hospedagem – Sistema de Gestão da Sustentabilidade – Requisitos como base para a criação do documento internacional que unifica a norma de gestão da sustentabilidade para meios de hospedagem no padrão International Organization for Standardization (ISO). A etapa final do processo chega nos dias 7 e 8 de maio, na capital Argentina, quando os 99 países membros do ISO/TC 228 – Tourism and related services darão o aval para a conclusão e publicação da norma internacional.
Foram dois anos de trabalho e discussões envolvendo especialistas de 22 países, sob a coordenação de um brasileiro: Alexandre Garrido, coordenador eleito do ISO/TC 228 /WG13 – Sustainable Tourism, grupo criado para produzir o documento internacional. Ele esclarece que a homologação de uma norma ISO é um processo longo que costuma durar entre três e cinco anos, mas a nova norma acabou percorrendo um caminho que mostrou-se mais rápido que o normal.
A celeridade do processo mostra a eficiência do documento brasileiro, que já vinha norteando a gestão da sustentabilidade em hotéis e pousadas de todo o país desde 2004 e hoje cataloga diversos casos de sucesso. “Foram quatro reuniões desde a criação do WG-13: duas em 2016, na Malásia e no Rio de Janeiro; e mais duas no ano passado, na Cidade do Panamá e em Madri. Os representantes que vêm participando da discussão tem mostrado cada vez mais interesse em implementar a solução em seus países, pois perceberam que a norma, de fato, funciona e dá resultados para a hotelaria”, avalia o coordenador.
Garrido enfatiza que “o segredo da norma brasileira é que o meio de hospedagem trabalha a sustentabilidade sob a ótica da gestão do negócio e é voltada para o business, melhorando a gestão e fazendo o negócio ficar mais competitivo. Ao adotar as ações, o hoteleiro também melhora a experiência do turista e a norma mostra claramente as ações a serem implementadas”.
A norma internacional – Apesar de ter adiantado o prazo de conclusão em cerca de um ano, o processo de criação da nova norma, identificada por enquanto como ISO/DIS 21401 – Accommodation facilities — Sustainability management system – Requirements seguiu o caminho obrigatório que toda norma internacional homologada percorre: a proposição e posterior aprovação da ISO, a instalação do grupo de trabalho – que começou com especialistas de 12 países membros e, atualmente tem 22 – as reuniões de avaliação de comentários enviados pelos países ao texto e as rodadas de votação para aprovar cada fase.
Com a aprovação final prevista para maio e a criação da futura norma ABNT NBR ISO 21401, a exitosa norma brasileira dá espaço ao padrão ISO, unificando mundialmente as recomendações para gestão de sustentabilidade nos meios de hospedagem. A expectativa é que o documento internacional leve cerca de cinco meses até a publicação final, chegando às mãos do público interessado em francês e em inglês – idiomas oficiais da ISO. A adoção do documento ISO no Brasil deverá ocorrer logo após a publicação oficial, na data provável de setembro.
Como a gestão da sustentabilidade pode ajudar um meio de hospedagem a tornar-se competitivo?
O trabalho começa com a definição dos impactos que a operação hoteleira gera nas dimensões ambiental, sociocultural e econômica. A partir disso, estabelecer os objetivos para minimizar os impactos negativos e/ou potencializar os positivos e começar a implantar práticas sustentáveis, monitorando as ações para avaliar os possíveis resultados. Se o hoteleiro identificar os impactos, estabelecer as ações e depois medir para ver se está chegando aos resultados propostos no plano de negócios, ele está fazendo a gestão da sustentabilidade.
“Quem percebe isso, vê que a norma ajuda a administrar o negócio, tornando-o sustentável”, ressalta Alexandre Garrido, sublinhando que a norma é uma ferramenta de gestão com visão moderna. “O hotel pode usar os resultados para melhorar a experiência do turista e a imagem perante a opinião pública e, com isso, dar mais visibilidade ao empreendimento, aumentar a taxa de ocupação e a rentabilidade e, consequentemente, a competitividade no mercado”, conclui.
ABNT/CB-054
No Brasil, o Comitê Brasileiro do Turismo é o responsável pela Normalização no campo do turismo (hotelaria, restaurantes e refeições coletivas, agenciamento e operação e demais funções do setor de turismo), compreendendo a normalização de serviços específicos do setor de turismo e de operações e competências de pessoal, no que concerne a terminologia, requisitos e generalidades. Atualmente possui Alexandre Sampaio como gestor e Alexandra Garrido como coordenador da Comissão de Estudos de Turismo Sustentável (ABNT-CE 54.0004.01), que faz parte do ABNT/CB-054. A participação nos Comitês Brasileiros e Comissões de Estudo da ABNT é voluntária e aberta a qualquer interessado.
Sobre a ABNT
A ABNT é o único Foro Nacional de Normalização, por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo Governo Federal por meio de diversos instrumentos legais.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/04/2018
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