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Pedagoga da Fiocruz explica o papel da creche na vida de crianças, dos pais e no desenvolvimento da primeira infância

 

 

Pedagoga da Fiocruz explica o papel da creche na vida de crianças, dos pais e no desenvolvimento da primeira infância

Por Suely Amarante e Irene Kalil (IFF/Fiocruz)

A creche é um universo promotor da construção de uma rede de cuidados que abrange toda a família. Desenvolve um papel significativo no acolhimento e educação das crianças, mostrando um mundo de novas experiências, o que possibilita a ampliação de seus horizontes.

Para explicar o importante papel que essa instituição representa na vida dos pequenos e dos pais, e como ela contribui no desenvolvimento da primeira infância, o site do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF/Fiocruz) entrevistou a pedagoga da Creche Fiocruz Andréa Queli dos Santos Veloso.

IFF/Fiocruz: Como acontece a inserção da criança nesse novo ambiente?

Andréa Veloso: A inserção da criança na creche precisa ocorrer de forma gradativa e a esse movimento damos o nome de período de adaptação. Durante a adaptação, a equipe da creche recebe a criança (e sua família) nesse espaço que foi pensado para ela, de acordo com a faixa etária, mas ainda tão desconhecido. Nesse período, a criança descobre esse novo ambiente em todas as suas cores, cantos e encantos por meio da observação do espaço, dos adultos e das outras crianças que, até então, não faziam parte de seu cotidiano.

IFF/Fiocruz: De que forma a creche estimula a linguagem e o desenvolvimento motor das crianças?

Andréa Veloso: Esse espaço deve proporcionar um ambiente de trocas e estímulos que favoreçam a interação e socialização dos pequenos. Nesse sentido, propostas como rodas de conversas, relatos sobre situações ocorridas no final de semana, vivências familiares e experiências do dia a dia na creche contribuem para a ampliação do vocabulário da criança e de suas possibilidades de expressão e comunicação. Além disso, a creche também proporciona momentos repletos de interações, dramatizações, contações de histórias, atividades que exploram as expressões sonoras e corporais.

IFF/Fiocruz: Quais são as brincadeiras mais indicadas para cada idade?

Andréa Veloso: Em princípio, é possível a oferta de uma mesma atividade para crianças de idades diferentes, dos 0 aos 5 anos. As brincadeiras com bolas, por exemplo, são indicadas para crianças do Berçário (0 a 1 ano), Maternal I (1 a 2 anos), Maternal II (2 a 3 anos), Maternal III (3 a 4 anos) e 1º Ano Pré-Escolar (4 a 5 anos), porém, o que vai diferenciar a atividade é a intencionalidade colocada pelo professor, bem como a complexidade adotada para cada faixa etária. Mas existem atividades específicas ou mais adequadas a determinadas idades. No Berçário, são estimuladas as ações de rolar, arrastar, sentar, engatinhar e andar. Com base nesse desenvolvimento motor, as crianças vão demonstrando interesse pela exploração dos espaços externos à sala. Assim, ações de subir e descer rampas de grama, escorregar no papelão, pular com as duas pernas, entre outras, vão ganhando espaço nas atividades das crianças um pouco maiores.

IFF/Fiocruz: A família também passa pelo processo de adaptação a esse novo universo dos pequenos?

Andréa Veloso: É importante que a família se sinta segura na escolha da creche. Para que essa relação de confiança seja estabelecida entre todos os envolvidos, é necessário que os pais tenham contato com os professores e a rotina que envolve o educar e o cuidar. Assim, se sentirão seguros e acolhidos em um momento que se configura como a primeira experiência de separação entre pais e filhos após o nascimento. Será por meio da troca com a família que a equipe da creche dará início a essa aproximação, inserindo-a nesse contexto coletivo, mas que não pode deixar de olhar o individual e a especificidade de cada um, com seus desejos e necessidades.

IFF/Fiocruz: O que deve ser observado na escolha de uma creche?

Andréa Veloso: Dentre os aspectos a serem observados, como o ambiente das salas, seu arejamento, a área externa e se o projeto político pedagógico da instituição está de acordo com a opção familiar, é importante que se atentem para as propostas de exploração desses espaços e como as interações vão sendo estabelecidas entre crianças x crianças e crianças x professores.  Por isso, é recomendado que as famílias visitem esses espaços em dias e horários de circulação de crianças, ou seja, nos momentos de realização das ações de educar e cuidar e que vão apresentar dinâmicas diferentes, que variam de acordo com as especificidades de cada faixa etária.

 

Do IFF/Fiocruz, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/03/2018

 

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