Após denunciar ameaças, três trabalhadores rurais sem terra desaparecem no Amazonas
ABr
Parentes e agentes de segurança do Amazonas e de Rondônia investigam o sumiço de três trabalhadores rurais sem terra dados como desaparecidos desde o último dia 14, em Canutama (AM), a cerca de 620 quilômetros de Manaus e a pouco mais de 50 quilômetros de Porto Velho (RO).
Segundo a Polícia Civil do Amazonas, testemunhas dizem que Flávio Lima de Souza; Marinalva Silva de Souza e Jairo Feitoza Pereira desapareceram enquanto vistoriavam parte da propriedade rural ocupada por sem terras desde 2015. O grupo reivindica a destinação da área para a reforma agrária.
Ex-chefe de brigada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Flávio preside uma associação de moradores da qual Marinalva é a vice-presidente. Jairo é um dos integrantes do assentamento dos sem terra, chamado de Arara.
Nas redes sociais, parentes de Flávio que vivem em Porto Velho, informam que as buscas pelos três desaparecidos começaram no dia 16, mas que os representantes dos “órgãos competentes” relataram enfrentar dificuldades por se tratar de uma área distante, de floresta, na divisa entre os dois estados.
Bombeiros de Rondônia e policiais civis do Amazonas participam das buscas aos três sem terra. Uma equipe da perícia técnica de Rondônia também foi deslocada para o local a fim de colaborar nas diligências.
Uma das coordenadoras da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Rondônia Maria Petronila Neto esteve terça-feira (19) no assentamento Arara. “O pessoal está indignado e muitos sequer acreditam que os três companheiros estejam vivos, pois eles conheciam muito bem a região e não poderiam estar perdidos há tantos dias”, comentou a coordenadora, acrescentando que a hipótese mais forte entre os assentados é de que Flávio, Marinalva e Jairo tenham sido emboscados.
De acordo com Petronila, Flávio procurou a CPT em Porto Velho no início do mês para pedir ajuda de outros movimentos sociais. “Ele disse que tinha recebido ameaças de funcionários da fazenda, que pertence a uma madeireira. A Marinalva até registrou um boletim de ocorrência na ocasião, denunciando as ameaças ao grupo”, revelou a coordenadora.
Na terça-feira (19), uma parte dos sem terra que ocupam a área em disputa interrompeu o tráfego de veículos na rodovia BR-319 para cobrar providências dos órgãos públicos e rapidez nas investigações. Ainda segundo Marinalva, o grupo reivindica a participação da PF na apuração do desaparecimento e a realização de buscas na área ao redor da sede da fazenda. “Até ontem [terça-feira], os policiais só tinham inspecionado ao redor do assentamento”, disse Petronila.
Procurado pela Agência Brasil, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ainda não se pronunciou sobre a situação da área ocupada. A reportagem também ainda não teve respostas das polícias militares do Amazonas e de Rondônia.
Por Alex Rodrigues, Repórter da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/12/2017
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A menos que os sem-terra desconfiem que há participação da Polícia Civil nos crimes, para ser franca, eles estarão melhor com a Civil investigando do que com a Federal. Nós da Polícia Federal temos muito menos experiência com sequestros e assassinatos que a Civil, pois 99% desses crimes são de alçada estadual. E experiência faz diferença.