Resenha: ECONOMIA DESTRUTIVA, de Marcus Eduardo de Oliveira, economista e ativista ambiental
Resenha: ECONOMIA DESTRUTIVA, de Marcus Eduardo de Oliveira, economista e ativista ambiental
Em dois séculos de existência, o impacto de dois invasivos movimentos – o industrialismo e o consumismo – imiscuído na esfera da economia de mercado capitalista, desequilibrou completamente a relação Homem-Natureza, e, desde então, nos colocou diante da mais séria e preocupante crise ecológica com a qual passamos a conviver.
Dada essa orientação, importa sublinhar que a estratégia econômica estabelecida diante do principal dogma da economia tradicional – o crescimento econômico ilimitado –, estruturalmente organizada e praticada pelas economias que rapidamente se industrializaram ao longo desse tempo, aproximou-nos de um beco sem saída da insidiosa destruição do meio ambiente.
Destruição que, convém asseverar, tem sido ajudada sobremaneira pela irresponsável ação antrópica que se firma na estúpida mania de consumir sem moderação por parte de 20% dos mais ricos da população mundial, consagrando-se assim, para gosto das forças econômicas dominantes, o paradigma da conquista, o que termina por emoldurar a perniciosa “ideologia do consumismo”.
Diante disso, não parece ser exagerado apontar que, no momento presente, estamos na iminência de um colapso geral. Fazendo uso de terminologias marxistas, vale dizer que essa disfuncionalidade econômica está na raiz do “reino da necessidade material”, manifestada na incessante (e sufocante) “necessidade” de atingir crescimento econômico, esquecendo-se num canto qualquer o “reino da liberdade”; por isso, em sentido geral, a busca pelo desenvolvimento (correlacionado à qualidade) tem sido constantemente inferiorizada frente à busca pelo crescimento (correlacionado à quantidade), e a conquista material – visualizada e entendida como sinônimo de progresso – goza de supremacia diante de qualquer outra condição socioeconômica.
Mesmo que hoje, diante da superioridade do mercado de consumo capitalista, orientado por decisões na esfera mercadológica, pareça pouco provável – senão uma miraculosa utopia – que as orientações e práticas da humanidade consigam atingir um comportamento exigindo menos taxa de consumo material e energético das sociedades industriais, mitigando, portanto, os efeitos nocivos sobre o meio ambiente e, consequentemente, sobre a vida dos humanos e dos animais, é necessário – e desejável – que enxerguemos, mesmo num ambiente completamente turvo, a porta de saída para prepararmos, em conjunto, e num breve espaço de tempo, as bases de uma civilização verdadeiramente humana.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/11/2017
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