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O aumento da pluralidade religiosa no Brasil, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

O aumento da pluralidade religiosa no Brasil, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

percentagem da população por grupos religiosos e pluralidade religiosa, Brasil e UF: 1991-2010

 

[EcoDebate] O Brasil está passando por uma grande transformação no quadro das filiações religiosas, que se manifesta em 4 aspectos:

  1. Declínio absoluto e relativo das filiações católicas;

  2. Aumento acelerado das filiações evangélicas (com diversificação das denominações e aumento dos evangélicos não institucionalizados);

  3. Crescimento do percentual das religiões não cristãs;

  4. Aumento absoluto e relativo das pessoas que se declaram sem religião.

A tabela acima mostra a distribuição das filiações religiosas (entre católicos, evangélicos, outras religiões e sem religião) para o Brasil e para as Unidades da Federação (UF) em 1991 e 2010 e um índice que mede a pluralidade religiosa. A pluralidade foi calculada como a subtração: índice 100 menos o desvio padrão. Assim, se os quatro grupos tiverem o mesmo tamanho (igualdade total) o desvio padrão seria zero (0) e a pluralidade máxima seria cem (100).

Nota-se que a pluralidade religiosa aumentou no Brasil de 66,6% em 1991, para 76,2% em 2010. Assim como aumentou em todos as UFs. O Estado com a menor pluralidade religiosa é o Piauí, que tinha um índice de 59,7% em 1991 e passou para 65,2% em 2010. No Piauí os católicos mantém a maior parcela da população entre todas as UFs. Já o Rio de Janeiro tem a maior pluralidade religiosa, pois apresentava um índice de 75,8% em 1991 e passou para 86% em 2010. O RJ é a UF menos católica e a que apresenta os maiores percentuais de outras religiões e de pessoas que se autodeclaram sem religião.

Outro Estado que apresenta alta pluralidade religiosa é Rondônia, que tinha um índice de 72,6% em 1991 e passou para 83,2% em 2010. A diferença em relação ao Rio de Janeiro é que RO possui o maior percentual de evangélicos do país, mas tem um menor percentual de outras religiões e de pessoas sem religião.

Paralelamente ao aumento da pluralidade, o Brasil também está passando por uma transição religiosa entre os dois maiores grupos. A tendência é que os evangélicos (considerando os de missão, os pentecostais e os não institucionalizados) ultrapassem os católicos antes de 2040.

Os católicos são doadores líquidos universais, sendo que algo como 70% das pessoas que abandonam o catolicismo vai para os evangélicos, 20% vai para os sem religião e 10% para outras religiões.

Mantendo-se estas tendências gerais, o cenário mostra que a pluralidade religiosa no Brasil vai aumentar ao longo das próximas décadas.

Considerando que as pessoas têm liberdade para escolher a crença de sua predileção, significa que o Brasil está ficando mais democrático e mais plural no que se refere à distribuição relativa do peso das diversas igrejas, assim como apresenta uma participação cada vez maior das pessoas sem religião.

Referências:

ALVES, J. E. D; NOVELLINO, M. S. F. A dinâmica das filiações religiosas no Rio de Janeiro: 1991-2000. Um recorte por Educação, Cor, Geração e Gênero. In: Patarra, Neide; Ajara, Cesar; Souto, Jane. (Org.). A ENCE aos 50 anos, um olhar sobre o Rio de Janeiro. RJ, ENCE/IBGE, 2006, v. 1, p. 275-308 https://pt.scribd.com/doc/249670739/A-dinamica-das-filiacoes-religiosas-no-Rio-de-Janeiro-1991-2000-Um-recorte-por-educacao-cor-geracao-e-genero

ALVES, JED, BARROS, LFW, CAVENAGHI, S. A dinâmica das filiações religiosas no brasil entre 2000 e 2010: diversificação e processo de mudança de hegemonia. REVER (PUC-SP), v. 12, p. 145-174, 2012. http://revistas.pucsp.br/index.php/rever/article/view/14570

ALVES, JED, CAVENGHI, S. BARROS, LFW. A transição religiosa brasileira e o processo de difusão das filiações evangélicas no Rio de Janeiro, PUC/MG, Belo Horizonte, Revista Horizonte – Dossiê: Religião e Demografia, v. 12, n. 36, out./dez. 2014, pp. 1055-1085

http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/P.2175-5841.2014v12n36p1055/7518

ALVES, JED. “A encíclica Laudato Si’: ecologia integral, gênero e ecologia profunda”, Belo Horizonte, Revista Horizonte, Dossiê: Relações de Gênero e Religião, Puc-MG, vol. 13, no. 39, Jul./Set. 2015 http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/P.2175-5841.2015v13n39p1315

ALVES, JED et. al. Cambios en el perfil religioso de la población indígena del Brasil entre 1991 y 2010, CEPAL, CELADE, Notas de Población. N° 104, enero-junio de 2017, pp: 237-261

http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/41954/1/S1700164_es.pdf

ALVES, JED, CAVENAGHI, S, BARROS, LFW, CARVALHO, A.A. Distribuição espacial da transição religiosa no Brasil, Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2, 2017, pp: 215-242

http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/112180

ALVES, JED. CAVENAGHI, S. Igreja Católica, Direitos Reprodutivos e Direitos Ambientais, Horizonte, Belo Horizonte, v. 15, n. 47, p. 736-769, jul./set. 2017

http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/P.2175-5841.2017v15n47p736

 

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/11/2017

[cite]

 

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2 thoughts on “O aumento da pluralidade religiosa no Brasil, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

  • Se tiver interesse em conhecer a diferença de percepção entre católicos e evangélicos frente a problemática das Mudanças Climáticas, acesse a pesquisa em http://www.nepas.com.br (grupo sem fins lucrativos)

    Roosevelt
    NEPAS

  • Belo artigo, mas , como leitora, sinto falta de informações quais práticas religiosas sao denominadas como “outras” e “pluralidade”. Hoje, enfrenta-se no país uma onda de intolerância religiosas contra a religiosidade afro-brasileira — casas de Umbanda e de Candomblé. Essa denominação genérica, sem especificidade, é uma forma de o Estado expressar a sua indiferença à onda de violência contra o povo negro, pois não faz referência às práticas religiosas de matriz africana, que contam com milhares de adeptos em todo país e tem se constituído em movimento crescente contra o racismo e a intolerância dos fundamentalistas neopentecostais.

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