Futebol e indicadores sociais da Islândia: tamanho não é documento, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Muita gente associa a grandeza populacional de um país com sua força futebolística. Mas a Islândia (Iceland), com uma população de somente 335 mil habitantes em 2017, obteve vaga para a Copa da Rússia e se tornou o país com o menor volume populacional a garantir uma participação em copa do mundo de futebol.
Enquanto isto, os cinco países mais populosos do mundo não conseguiram vaga para a Copa da Rússia: China: 1,4 bilhão de habitantes, Índia: 1,3 bilhão; Estados Unidos: 325 milhões: Indonésia: 260 milhões e Paquistão: 207 milhões de habitantes (o último censo do Paquistão indicou que o país ultrapassou o Brasil em tamanho populacional).
Entre os países que vão disputar a Copa da Rússia, os seis países mais populosos são Brasil: 205 milhões, Nigéria: 190 milhões, Rússia: 144 milhões, México: 129 milhões, Japão: 127 milhões e Egito: 98 milhões. Entre os menos populosos estão Costa Rica com 4,9 milhões de habitantes e Uruguai com 3,4 milhões. A Venezuela com 32 milhões de habitantes ficou em último lugar nas eliminatórias sul-americanas.
Os três países mais fortes economicamente do mundo – China, Estados Unidos e Índia – ficaram de fora da Copa da Rússia. Portanto, o êxito da pequena Islândia é realmente notável.
A Islândia é uma ilha de 103 mil km2, localizada entra a Europa e a Groenlândia, seu nome significa “Terra do gelo” e o país foi colonizado pelos escandinavos há cerca de mil anos. O gráfico acima mostra que a Islândia tinha uma população de 150 mil pessoas em 1950, chegou a 335 mil em 2017 e deve se estabilizar em torno de 400 mil habitantes, segundo a projeção média da Divisão de População da ONU.
Os indicadores demográficos da Islândia são melhores do que os da média europeia. No quinquênio 2015-20, a mortalidade infantil está em 2 por mil (nível mais baixo do mundo e bem próximo de zero) e a esperança de vida ao nascer é de 83 anos (uma das mais altas do mundo). A taxa de fecundidade total (TFT) está em 1,92 filhos por mulher (pouco abaixo do nível de reposição). O gráfico abaixo mostra as pirâmides populacionais. Nota-se que, em 2017, a pirâmide se parece mais com um retângulo e há grande proporção de pessoas nas idades produtivas, significando que o país está em pleno período de bônus demográfico.
O gráfico abaixo (com dados do FMI) mostra que a renda per capita da Islândia, em 1980, era de US$ 10,8 mil, contra US$ 7,8 mil da Venezuela e US$ 4,8 mil do Brasil. Portanto, a Islândia tinha uma renda 2,2 vezes maior do que a brasileira e 1,4 vezes a venezuelana. Mas como o desempenho econômico é melhor da “Terra do gelo” do que nos países tropicais, em 2017, a renda per capita da Islândia chegou a US$ 49 mil, contra US$ 15,5 mil do Brasil e US$ 12,9 mil da Venezuela. Portanto, os Islandeses médios ganhavam, em 2017, 3,4 vezes mais do que os brasileiros e 4 vezes mais do que os venezuelanos. Qualquer que seja o resultado da Copa da Rússia, para 2022, as projeções indicam que a diferença de renda vai aumentar a favor da Islândia.
A classificação islandesa para a Copa da Rússia, aconteceu em um grupo em que os favoritos eram Croácia (4,2 milhões de habitantes), Turquia (80 milhões de hab) e Ucrânia (44 milhões de hab), todos países muito maiores do que a “Terra do gelo”. Mas o que a Islândia é grande e se destaca internacionalmente é no Índice de Desenvolvimento Humano de 0,921, o 9º maior IDH do mundo.
As chances de ganhar a copa do mundo são mínimas, mas a seleção da Islândia já é vitoriosa, especialmente por representar um país com tão bons indicadores sociais.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/11/2017
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