Logística Reversa e Reciclagem dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2016, artigo de Antonio Silvio Hendges
Logística Reversa e Reciclagem dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2016, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] Os dados deste artigo tem como base o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2016, uma publicação da Associação das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe que anualmente divulga os dados estatísticos relacionados com suas atividades no país.
Nos artigos anteriores, estão descritos os dados gerais da produção de resíduos no país, a disposição final dos resíduos sólidos urbanos – RSU, os resíduos de construções e demolições – RCD, os resíduos dos serviços de saúde – RSS e outras informações complementares. Neste artigo estão descritas as ações referentes à logística reversa e reciclagem.
A reciclagem, definida como um processo de transformação dos resíduos em insumos ou novos produtos é uma prioridade na gestão de acordo com a Lei 12.305/2010 que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS. A logística reversa, instrumento vinculado ao princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e restituição dos resíduos e/ou produtos obsoletos aos setores empresariais para aproveitamento no mesmo ciclo, em outros ciclos produtivos ou para destinação final ambientalmente adequada, implantada através de acordos setoriais e termos de compromissos dos setores empresariais é um instrumento fundamental da PNRS.
As embalagens e restos de agrotóxicos, óleos lubrificantes e pneus usados possuem sistemas próprios de coleta e destinação. As embalagens em geral também estão previstas em acordo setorial a partir de 2015 com meta de em 24 meses recolherem e destinarem adequadamente 3.800 toneladas/dia, mas ainda não há dados disponíveis. Os eletroeletrônicos, lâmpadas, pilhas e baterias não estão no relatório da Abrelpe em 2016.
1 – Logística Reversa
Agrotóxicos – O Impev, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias desde 2001 realiza a logística reversa e a gestão pós-consumo das embalagens vazias de agrotóxicos através do Sistema Campo Limpo em todas as regiões do país. Em 2016 foram 44.528 toneladas recolhidas, 94% do total de embalagens primárias comercializadas, sendo 90% recicladas e 4% incineradas. Em comparação com 2015, houve uma redução de 2%. Mas mesmo com esta queda o Brasil manteve a liderança e a referência mundial na destinação de embalagens vazias de agrotóxicos.
Óleos lubrificantes – O Instituto Jogue Limpo criado pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes – Sindicom é responsável pelo Programa Jogue Limpo para a logística reversa e a gestão pós-consumo das embalagens de óleos lubrificantes. Este foi o primeiro Acordo Setorial realizado com o Ministério do Meio Ambiente em 2012 e está atuante em 14 estados – RS, SC, PR, SP, RJ, MG, ES, BA, SE, AL, PB, PE, RN e CE – e 4.136 municípios com 39.436 pontos de coleta regulares. Em 2016 foram recolhidas 92 milhões de embalagens, correspondentes 4.591 toneladas de plásticos, redução de 7,6% em relação ao panorama de 2015.
Pneus – A Reciclanip, desde 1999 é a entidade representante dos fabricantes nacionais de pneus para a logística reversa e a gestão pós-uso, com pontos de coleta em todas as regiões do país em 1025 municípios, com foco nos municípios com mais de 100 mil habitantes – Resolução Conama 416/2009. Em 2016 foram recolhidas e recicladas 457 mil toneladas de pneus inservíveis, com crescimento de 1,1% em relação ao ano de 2015.
2 – Reciclagem
São analisados os setores de alumínio, papel e plástico com base nas informações fornecidas pelas respectivas associações representativas destes setores para a Abrelpe. As associações utilizadas como base das informações não estão listadas e as informações fornecidas são do ano de 2015. O vidro não está incluído por inexistirem dados atualizados e confiáveis sobre a sua reciclagem.
Alumínio – Os dados fornecidos são bastante vagos. Embora o panorama se refira ao ano de 2016, informa-se que no ano anterior de 2015 a reciclagem total de alumínio no Brasil foi de 602 toneladas, com uma relação entre o volume reciclado e o consumo doméstico de 38,5% em uma média mundial de 27,1%, colocando o Brasil em oitavo lugar nesta relação de consumo. No segmento de latas para o envase de bebidas, com dados também de 2015, informa-se que o Brasil está em primeiro lugar com 97,9% correspondentes a 292,5 mil toneladas recicladas.
Papel – Os dados são de 2015, com base na divisão da taxa de recuperação de papéis com potencial de reciclagem pela quantidade de papéis recicláveis consumidos durante o período. Informa-se que no ano de 2015 a taxa de recuperação foi de 63,4% com crescimento de 4%. Destaque para o setor de embalagens com 80% de reciclagem.
Plástico – São fornecidos os dados somente do PET com base nas informações da Abipet – Associação Brasileira da Indústria de PET, indicando 51% de reciclagem com 274 mil toneladas em 2015 e queda de 12,73% em relação ao panorama anterior de 2014 com 314 mil toneladas. Para ter-se uma ideia da queda na reciclagem do PET, os números estão abaixo dos dados de 2010, em que foram recicladas 282 mil toneladas.
2010 |
2011 |
2012 |
2014 |
2015 |
282 |
294 |
331 |
314 |
274 |
Tabela 1 – Série histórica da reciclagem do PET no Brasil em 2010-2015. Toneladas X 1000. Os dados de 2013 não estão disponíveis nas informações fornecidas. Fonte: Abrelpe.
Antonio Silvio Hendges – Articulista no EcoDebate, professor de biologia e educação ambiental, pós graduação em auditorias ambientais, assessoria e consultoria em educação ambiental. Email: as.hendges@gmail.com – Blog: www.cenatecbrasil.blogspot.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/10/2017
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