Pesquisa indica que alta ingestão de gordura animal na dieta do pai aumenta risco de câncer nas filhas
Filhas de ratos sob dieta à base de banha de porco tiveram mais câncer de mama e tumores cresceram mais rápido
Do Jornal da USP
Resultados inéditos até então indicaram a dieta paterna com alta ingestão de gordura animal como um dos principais determinantes de risco de câncer de mama na prole feminina; até esta pesquisa, a maior parte dos estudos se concentrava na influência da dieta materna
Estudo em modelo animal constatou que o hábito alimentar paterno influencia no risco de câncer de mama nas filhas. A pesquisa foi feita na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP e a autora, Camile Castilho Fontelles, recebeu o Prêmio Tese Destaque USP, categoria Ciências Agrárias , concedido pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) da USP.
O trabalho acompanhou ratos machos submetidos a diferentes dietas com altas concentrações de gordura durante o período de desenvolvimento do sistema reprodutivo. O objetivo era verificar se a prole feminina desses animais aumentaria a suscetibilidade ao desenvolvimento de câncer de mama.
Em laboratório, os machos foram divididos em três grupos e tiveram sua alimentação monitorada durante o período de desenvolvimento e maturação sexual. O primeiro grupo recebeu dieta com alto teor de gordura animal (banha de porco); o segundo, recebeu dieta com alto teor de gordura vegetal (óleo de milho); e o terceiro, o chamado grupo controle, recebeu uma dieta padrão, com equilíbrio de nutrientes.
Depois deste período, os ratos acasalaram com fêmeas que tinham consumido apenas uma dieta padrão. Em seguida, a prole desses animais, que também havia consumido a dieta do grupo controle, foi monitorada para verificação do surgimento, crescimento e quantidade de tumores mamários.
As filhas de pais que consumiram banha de porco apresentaram maior incidência de tumores mamários quando comparadas com as filhas de pais que tiveram uma dieta controle ou com óleo de milho. Quanto ao crescimento dos tumores, os resultados se repetiram: as filhas dos animais mantidos com banha de porco tiveram os tumores aumentados mais rapidamente quando comparado aos que foram alimentados com óleo de milho. Assim, “as filhas de pais que consumiram gordura animal tiveram maior chance de desenvolver câncer de mama que as demais. Já as filhas de pais que consumiram gordura vegetal apresentaram proteção contra o câncer de mama”, resume Camile.
Além das alterações no desenvolvimento das glândulas mamárias das filhas a depender da dieta do pai, foram observadas modificações nos microRNAs (pequenas moléculas que regulam a expressão de proteínas nas células) dos espermatozoides dos pais do primeiro grupo.
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O consumo dos diferentes ácidos graxos (componentes de óleos e gorduras) pode, portanto, ser considerado determinante quando se avalia a influência da alimentação no surgimento de câncer de mama.
Segundo a pesquisadora, até o momento, a maior parte dos estudos abarcava a influência materna, uma vez que existe uma grande interação entre a mãe e o feto, tanto no período fetal quanto na lactação. Nesse sentido, o trabalho de Camile abre possibilidades para novas investigações científicas. Mais que isso, indica que “tanto homens como mulheres devem estar atentos aos hábitos de vida saudáveis e conscientes de que a má alimentação do presente repercute na saúde de gerações futuras”, recomenda a pesquisadora.
A tese Nutrição paterna pré-concepcional programa o risco de câncer de mama na prole feminina de ratos: efeitos opostos de dietas hiperlipídicas de origem animal e vegetal foi defendida em 2016, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, sob orientação do professor Thomas Prates Ong.
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Arte: Caio Bonifácio/Jornal.usp.br
Do Jornal da USP, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 16/10/2017
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