Jornada Mundial pelo Fim do Especismo e do Ecocídio, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
“Não tenho dúvidas de que é parte do destino da raça humana, na sua evolução
gradual, parar de comer animais, tal como as tribos selvagens deixaram de se
comer umas às outras quando entraram em contato com os mais civilizados”
Henry Thoreau (1817-1862)
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados”
Mahatma Gandhi
[EcoDebate] O especismo é a discriminação existente com base nas desigualdades entre espécies. É a discriminação humana contra as demais espécies vivas da Terra. Ocorre, porque os seres racionais se consideram superiores aos demais seres vivos. O especismo é uma das consequências do antropocentrismo, que é a concepção que coloca o ser humano no centro das atenções do mundo, definindo a humanidade como a única espécie sujeita de direitos, inclusive no direito de maltratar e matar seres sencientes perfeitamente adaptados ao habitat e que vivem no Planeta há milhões de anos.
O Ecocídio – ou genocídio da ecologia – é um crime praticado contra a maioria das espécies animais e vegetais do Planeta. O Ecocídio acontece onde há extensos danos, destruição ou perda de ecossistemas. Tem acontecido no mundo em uma escala maciça e a cada dia está ficando pior. Os seres humanos se acham no direito de domesticar, aprisionar, explorar, segregar, escravizar, discriminar, matar e até torturar outros animais sencientes. O Ecocídio além de ser um holocausto biológico, deve ser considerado um crime contra a paz, um crime contra a natureza e um crime contra as gerações futuras da humanidade.
As sociedades humanas já criaram mecanismos para defender os direitos humanos e combater o Classismo, o Sexismo, o Escravismo, o Racismo, o Xenofobismo e o Homofobismo. Numa perspectiva antropocêntrica, as discriminações de humanos contra humanos são condenadas do ponto de vista econômico, social e ético. Mas os seres humanos continuam não reconhecendo os direitos da natureza e das demais espécies da Mãe Terra. O Homo sapiens se desenvolveu dominando e explorando o meio ambiente e destruindo os ecossistemas, esquecendo-se que a destruição da natureza é a destruição do habitat humano e da diversidade biológica. As pessoas dependem da natureza, a natureza não depende das pessoas.
A situação atual é grave, pois o mundo caminha para a 6ª extinção em massa das espécies. Estudo publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA (10/07/2017) chama a atenção para a perda maciça da vida selvagem, isto é, para a “aniquilação biológica”. O professor Gerardo Ceballos, da Universidade Nacional Autônoma do México, que liderou o trabalho, disse que a “aniquilação biológica” da vida selvagem nas últimas décadas significa que uma sexta extinção em massa está em andamento e é mais grave do que antes imaginado.
O estudo analisou espécies comuns e raras e descobriu que bilhões de populações regionais ou locais foram perdidas. O estudo culpa a superpopulação humana e o consumo excessivo da humanidade pela crise e adverte que ela ameaça a própria sobrevivência da civilização humana, embora, considere, que haja uma pequena janela de tempo para agir. Artigo de Ron Patterson, “Africa In Peril” (16/07/2017) mostra como toda a megafauna da África pode desaparecer até 2100.
Não há imperativo ético que justifique a crueldade contra os animais. As tentativas de estabelecer uma distinção moral entre animais humanos e não humanos e dar direitos somente a uma espécie senciente, cai na armadilha da discriminação de espécie. Um trabalhador que reivindica direitos trabalhistas, uma mulher que protesta contra a violência de gênero, um escravo que busca a carta de alforria, raças discriminadas que lutam contra o racismo, migrantes que protestam contra a xenofobia, homossexuais e transgêneros que reclamam da homofobia – todos juntos – deveriam unir forças na mobilização contra o especismo.
Como mostrou Peter Singer: “A libertação animal é também uma libertação humana”. Para evitar o especismo, o ecocídio e a aniquilação biológica, todas as pessoas, em suas diferentes identidades e inserções sociais, deveriam participar das atividades, no dia 26 de agosto, do DIA MUNDIAL CONTRA O ESPECÍSMO.
Referência:
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ALVES, JED. Especismo e ecocídio: o massacre de elefantes e o comércio de marfim. Ecodebate, RJ, 21/11/2012
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a ameaça de extinção dos rinocerontes. Ecodebate, RJ,28/11/2012
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a destruição da Amazônia. Ecodebate, RJ, 01/02/2013
ALVES, JED. Especismo e ecocídio: Gorilas ameaçados de extinção. Ecodebate, RJ, 10/04/2013
ALVES, JED. Por um mundo mais selvagem! Ecodebate, RJ, 14/08/2013
ALVES, JED. Especísmo e ecocídio: o sumiço das abelhas. Ecodebate, Rio de Janeiro, 18/09/2013
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ALVES, JED. O naufrágio dos deltas devido às atividades humanas. Ecodebate, RJ, 21/05/2014
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José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/08/2017
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