Pesticida neonicotinóide reduz as chances de uma abelha rainha começar uma nova colônia
Pesticida neonicotinóide reduz as chances de uma abelha rainha começar uma nova colônia
Royal Holloway, Universidade de Londres*
As abelhas são menos capazes de iniciar as colônias quando expostas a um pesticida neonicotinóide comum, o que pode levar a colapsos em populações de abelhas selvagens, de acordo com uma nova pesquisa, publicada em Nature Ecology & Evolution.
Pesquisadores da Royal Holloway, da Universidade de Londres e da Universidade de Guelph, descobriram que a exposição ao tiametoxame, um pesticida comum, reduziu as chances de uma abelha rainha começar uma nova colônia em mais de um quarto. Com base em estudos de campo, os pesquisadores usaram modelos matemáticos de populações de abelhas, que mostraram que a exposição ao tiametoxame aumentou significativamente a probabilidade de que as populações de abelhas selvagens se extinguissem.
“As rainhas expostas ao pesticida tinham 26% menos probabilidades de colocar ovos para começar uma colônia”, disse a Dra. Gemma Baron, da Faculdade de Ciências Biológicas da Royal Holloway. “Criar novas colônias de abelhas é vital para a sobrevivência – se as rainhas não produzem ovos ou iniciam novas colônias, é possível que as abelhas selvagens possam desaparecer completamente”.
Os pesticidas neonicotinóides podem impedir que as abelhas formem novas colônias
“Usamos modelos matemáticos para mostrar que essa redução na fundação de colônias é uma ameaça muito real para a sobrevivência de populações de abelhas selvagens”, disse o professor Vincent Jansen, também da Royal Holloway. “Os neonicotinoides são a classe de pesticidas mais utilizada no mundo. É vital que entendamos os efeitos desses pesticidas na nossa vida selvagem, antes de permitir o uso continuado deles “.
A UE emitiu uma proibição temporária sobre o uso de tiametoxame, bem como outros dois pesticidas neonicotinóides. Os neonicotinóides têm sido implicados no declínio das abelhas, borboletas e outras espécies polinizadoras e, atualmente, há um debate global sobre o uso deles.
O professor Nigel Raine, da Universidade de Guelph, comentou: “Esta pesquisa mostra que esses pesticidas podem ter um efeito devastador sobre as abelhas, e precisamos urgentemente saber mais sobre como os pesticidas podem afetar outras espécies”.
Abelhas rainhas já enfrenta uma tarefa extremamente desafiadora ao tentar iniciar novas colônias. Eles devem primeiro sobreviver ao inverno, o que pode levá-las a perder até 80% de suas reservas de gordura e, em seguida, superar as ameaças colocadas por parasitas, predadores, mau tempo e falta de recursos. Os impactos adicionais dos pesticidas neonicotinóides podem ser devastadores.
O professor Mark Brown, também de Royal Holloway, diz: “Nosso trabalho é um grande passo em frente para entender como os pesticidas podem afetar abelhas e outras espécies polinizadoras”.
Referência:
Pesticide reduces bumblebee colony initiation and increases probability of population extinction
Gemma L. Baron, Vincent A. A. Jansen, Mark J. F. Brown & Nigel E. Raine
Nature Ecology & Evolution (2017)
doi:10.1038/s41559-017-0260-1
https://www.nature.com/articles/s41559-017-0260-1
Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/08/2017
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