Temer e a legalização do massacre no campo, artigo de Leandro Vieira Cavalcante
[EcoDebate] Temer sancionou recentemente uma medida provisória que legaliza a grilagem de terras na Amazônia, e de uma vez só legaliza também o massacre de camponeses e indígenas que estão no rastro do poderio devastador de ruralistas e latifundiários. Trata-se de uma manobra política sem precedentes, cujos impactos serão assoladores. Diante de tantos golpes aos quais os trabalhadores foram submetidos recentemente, esse é essencialmente dramático e cruel, pois põe em risco a sobrevivência dos povos do campo e da floresta, cujo resultado será mais derramamento de sangue.
O que Temer fez foi uma completa legalização da carnificina, a cargo de ruralistas e latifundiários que ganharam de presente o direito de invadir terras da União e de expulsar camponeses e indígenas que porventura lá estejam há gerações. Agora eles têm licença para invadir, expulsar, torturar, matar, e farão isso alegando o direto de defender sua propriedade privada (que por sinal, foi por eles invadida). E eles são os mesmos que tramaram a derrubada de Dilma e a ascensão de Temer, e que detém o comando do Ministério da Agricultura, do Incra, do Ibama, da mídia e de um exército de capangas fortemente armados.
Com a legalização da grilagem e do massacre, veremos um acentuado quadro de desmatamento, invasões de terra, concentração fundiária, expropriação, violência e mortes, e tudo isso com o aval do Governo Federal, controlado pela corja de ruralistas que não se contentarão até fazer sangrar por completo a floresta e o povo amazônicos. E isso é consideravelmente preocupante no Pará, por exemplo, palco histórico de sangrentos conflitos por terra e massacres de camponeses.
Nunca na história recente do Brasil se viu tamanho descaso com a questão agrária e com o direito à terra e ao território pelos povos do campo e da floresta, tratados como um obstáculo ao cruel modelo de desenvolvimento do país propagado pela expansão do agronegócio. A verdade é que não há respeito pela floresta Amazônica e pelos indígenas e camponeses do Brasil, e isso nunca foi novidade para ninguém.
O aval dado aos grileiros de terras, por Temer, representa um afronte à dignidade humana e deve ser encarado como um total desrespeito a todo o povo brasileiro. O fato é que quando todas as parcelas de terra estiverem ocupadas e quando não houver mais vida na Amazônia, será tarde demais para voltar atrás – e o preço será pago por todos nós. A sentença de morte foi lançada, e o perdão aos latifundiários assegurado.
Leandro Vieira Cavalcante
Geógrafo, Doutorando em Geografia/UECE
Especialista em estudos sobre questão agrária
leandro.cavalcante@hotmail.com
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/07/2017
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