Se automedicar para dormir traz riscos para a saúde
Se automedicar para dormir traz riscos para a saúde
De acordo com a Associação Mundial de Medicina do Sono, a insônia é uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de até 45% da população mundial.
Muitas pessoas buscam nos remédios uma solução para acabar com o problema, mas, apesar de ser considerada normal, a automedicação é um erro que pode gerar complicações mais graves.
Um levantamento realizado pelo IBGE, por intermédio da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), revela que mais de 11 milhões de brasileiros, o equivalente a 7,6% da população, tomam remédios para dormir. Junto a essa pesquisa, foi divulgado o mesmo percentual de pessoas com depressão. A Associação Brasileira de Sono acredita que estes números estão relacionados, já que as pessoas acreditam que combatem seus problemas tomando medicamentos para sintomas como insônia e ansiedade.
O Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues, da Unidade do Sono de Brasília, explica que a insônia pode estar associada a transtornos médicos clínicos, psiquiátricos ou então a insônias primárias, quando não há uma causa bem definida. “Existem também as insônias associadas a transtornos do ritmo circadiano e as causadas por medicamentos ou drogas”, esclarece.
Consequências
Segundo a Associação Brasileira do Sono, os medicamentos indutores de sono mais utilizados no Brasil são os benzodiazepínicos. Estes remédios produzem cinco efeitos no organismo: sedativo, hipnótico, ansiolítico, relaxante muscular e anticonvulsivante.
Mas é preciso ter cuidado. Este remédio deve ser usado sob orientação médica e por pouco tempo. Eles causam dependência, e seu efeito rápido faz com que a pessoa necessite de doses cada vez maiores.
A qualidade do sono também é alterada. O paciente passa a dormir mais tempo, porém superficialmente, não atingindo o sono profundo, que é aquele que realmente descansa. Por estes motivos, é muito perigoso se automedicar ou usar comprimidos de parentes e amigos sem a orientação e o acompanhamento de um neurologista.
Orientações
Estas orientações podem ajudar a pessoa que sofre com a insônia a otimizar o seu sono. Confira:
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ir para a cama apenas quando for dormir e sair da cama assim que o sono desaparecer;
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manter horários regulares para deitar e levantar;
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evitar tomar café à noite;
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fazer atividades físicas ao entardecer, cerca de 4 a 5 horas antes do horário proposto para dormir.
Vale ressaltar que, em casos mais graves, é aconselhável procurar um especialista para começar um tratamento adequado.
Tratamento
O tratamento consiste na terapia cognitivo-comportamental que combate os maus hábitos e estimula novas cognições a respeito do sono. Dessa forma, é possível acabar com falsas crenças e estimular técnicas que favoreçam o sono durante a noite.
Medicações hipnóticas podem ser necessárias em algum momento do tratamento. “Caso haja coincidência com transtornos psiquiátricos, um tratamento associado com essa especialidade é aconselhável”, afirma o Dr. Nonato.
Insônia
A insônia é a dificuldade de entrar ou permanecer em sono. Acredita-se também que possa ser caracterizada por fragmentação ou baixa qualidade de sono. Para ser considerada insônia, deve haver prejuízo funcional diurno.
Segundo o Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues, da Unidade do Sono de Brasília, os fatores que podem levar uma pessoa a ter esse problema são:
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personalidade ansiosa e ruminativa;
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alcoolismo;
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estresse pessoal ou profissional;
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maus hábitos de sono.
Se uma noite mal dormida se tornar algo muito comum, o indivíduo pode desenvolver obesidade, diabetes, hipertensão arterial, transtornos de atenção e memória.
O diagnóstico é feito pelo histórico clínico e o diário de sono (actigrafia), que monitora o ciclo de atividade e repouso do paciente. Em alguns casos, é necessário fazer o exame de polissonografia, que registra as ondas cerebrais, o nível de oxigênio do sangue, a frequência cardíaca e respiratória, assim como o movimento dos olhos e das pernas durante o sono.
** Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues é médico especialista em sono pela Associação Médica do Brasil, neurologista pela Academia Brasileira de Neurologia, com doutorado em Clínica Médica (Medicina do Sono) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília em colaboração com a Clinique Neurologique des Hospices Civils de Strasbourg – France. Professor de Neurologia da Universidade de Brasília, DF.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/06/2017
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