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Artigo

Gervini, o médico, artigo de Montserrat Martins

 

artigo de opinião

 

[EcoDebate] Ao falarmos de uma pessoa, falamos de toda a humanidade; ao falarmos de um profissional, falamos de sua ciência. Roberto Lopes Gervini foi um grande médico e deixou um legado a seus milhares de pacientes e alunos, como professor universitário. Ele praticou a Medicina como Ciência e Arte, um profissional atencioso e zeloso a ponto de preferir prescrever medicamentos através de farmácias de manipulação ao invés dos produtos dos grandes laboratórios.

A Medicina é uma profissão emblemática e vive um momento de transformação, cujos novos contornos ainda não estão definidos. Hoje, as pressões do atendimento rápido, do uso de novas tecnologias e fármacos, vem se sobrepondo à compreensão da fisiologia humana e do emocional, induzindo novas formas de relação com as pessoas atendidas, que nem sempre seriam as mais recomendáveis.

Gervini, o médico, uniu Ciência e Arte. A arte de ouvir, de deixar os pacientes à vontade para contar tudo que achassem importante, a arte da empatia. A ciência de buscar sempre o tratamento mais compatível com a fisiologia humana, com menos efeitos colaterais, adequado às particularidades de cada pessoa. Ele tinha a paciência de explicar todas as alternativas e discutir a melhor solução que indicava.

Aprendemos na Faculdade de Medicina a individualidade do corpo humano e das reações emocionais, mas a Medicina sofre as pressões para a massificação, inclusive por parte da Indústria Farmacêutica, seus mecanismos de marketing sofisticados em todas as mídias e de sedução da classe médica. As novas tecnologias incluem equipamentos de última geração que os próprios pacientes demandam para que sejam usados com eles.

Hoje temos menos “Doutor Gervini” na Medicina e temos mais “Doutor Hollywood”, os “espetaculosos”, afeitos ao marketing e às tecnologias de transformação. Como explicou outro grande médico e professor universitário gaúcho, Mário Rigatto, estamos na “Era do Calote na Natureza” onde queremos emagrecer comendo, ter forma física sem exercícios, equilíbrio emocional sem terapia. Para isso as cirurgias plásticas e as substâncias químicas, mesmo que cheias de efeitos colaterais, parecem ser o caminho mais rápido e mais fácil.

Tecnologia é bom, plásticas ajudam a autoestima e há excelentes novos medicamentos em todas as áreas da Medicina. Quando temos médicos criteriosos e sérios, como foi Roberto Lopes Gervini, todos avanços tecnológicos são muitos úteis. Mas esses profissionais estão ficando mais raros, diante das pressões da massificação e do imediatismo.

Lembrar dos médicos exemplares, como o Doutor Gervini, é um modo de não esquecermos de qualidades nas quais os jovens deveriam se espelhar.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/03/2017

[cite]

 

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