Projeto avalia potencial de biomassas residuais como fonte de energia renovável
Iniciativa da Univates busca apontar alternativa para reduzir a dependência do Vale do Taquari por energia de origem externa
Com financiamento de quase R$ 1 milhão pelo Banco Mundial e valor global de R$ 1,3 mi, a Univates iniciará um projeto, em parceria com a Cooperativa Languiru, com foco em produção de biogás a partir de biomassas residuais. O objetivo é identificar, caracterizar e avaliar o potencial desses materiais orgânicos (dejetos suínos, bovinos, de aves e lodos de Estações de Tratamento de Esgoto – ETE) para produzir biogás e utilizá-lo como fonte alternativa de energia.
A ideia principal fundamenta-se na geração de energia descentralizada com o intuito de apresentar opções para a redução da dependência do Vale do Taquari por energia proveniente de outros lugares. “Atualmente, cerca de 95% da energia consumida na região é de origem externa”, comenta Odorico Konrad, coordenador do projeto. “Então, temos que buscar alternativas a esta dependência tentando gerar uma parcela dessa energia localmente. Nós temos potenciais locais para geração de energia descentralizada, apenas temos que aproveitá-los melhor”, afirma.
O projeto intitulado “Tratamento anaeróbio de biomassas residuais com foco na geração de energia renovável”, teve seu financiamento aprovado por meio do Programa de Apoio aos Pólos Tecnológicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) do Estado.
O trabalho será executado em dois eixos: em escala laboratorial, com análises realizadas no Laboratório de Biorreatores da Univates, no Tecnovates, e em escala piloto em Encantado, no Centro de Estudos em Biogás e Energias Renováveis (CEBER), estrutura onde serão avaliadas as potencialidades de biomassas e biogás como fonte de geração de energia elétrica, térmica e como biocombustível. A intenção é fomentar a produção de conhecimento acerca da geração e utilização do biogás, fornecendo subsídios para a tomada de decisão em investimentos nesta área.
Reflexos ambientais
Ao final do trabalho, que terá duração de dois anos, o conhecimento científico e tecnológico desenvolvido será compartilhado com a indústria parceira, demais indústrias do Vale do Taquari e produtores rurais detentores de biomassas residuais interessados.
Além dos benefícios técnico-científicos e econômicos, a questão ambiental ganha destaque no projeto. Konrad aponta que a utilização de biomassas residuais, como uma fonte renovável de energia, contribui para um melhor tratamento de uma série de resíduos orgânicos. O efeito imediato é a redução de impactos ambientais. “Hoje temos um excesso de lançamento de dejetos brutos em solo agrícola”, afirma.
Sequência de trabalho
A viabilização do biogás e da agroenergia tem relação direta com a adoção de tecnologias, pesquisas e desenvolvimento. Com esse novo projeto, novos equipamentos serão adquiridos para a melhoria das análises laboratoriais. Conforme Odorico Konrad, o trabalho é uma sequência dos estudos realizados no Laboratório de Biorreatores e no CEBER. “Nós já pesquisamos biogás há dez anos aqui na Univates”, conta.
Um desses resultados foi a elaboração do Atlas das Biomassas do RS, um conjunto de informações que contempla o mapeamento de biomassas residuais dos setores agroindustriais, incluindo dejetos de animais, frigoríficos e laticínios, além do setor vitivinícola e dos aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto doméstico.
Metas
O projeto será realizado por meio de cinco metas centrais. Conheça-as:
i) caracterizar biomassas residuais (dejetos suínos, bovinos, de aves e lodos de ETE) que possam ser aproveitadas como substrato para a produção de biogás;
ii) produzir biogás em escala piloto a partir de ensaio de codigestão das biomassas disponíveis, com base nas informações obtidas na escala laboratorial, quantificando e caracterizando o biogás produzido;
iii) testar a geração de energia térmica e elétrica utilizando biogás dessulfurizado e biogás purificado;
iv) utilizar o biogás purificado (biometano) como combustível veicular e realizar avaliações de emissões de CO, CO2, SO2 e NOx, além de testes de autonomia;
v) realizar a difusão tecnológica por meio de curso teórico-prático, transferência de tecnologia e elaboração de boletim técnico sobre produção de biogás a ser disponibilizado em meio eletrônico.
Texto: Tiago Silva, Univates
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 16/03/2017
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