Trabalho escravo urbano no Brasil transforma sonho de bolivianos em pesadelo
Por Victor Ribeiro, da Radioagência Nacional
Lúcia Karen Espinosa Pinto é boliviana de nascença e brasileira de coração. Chegou ao país em 2011, com o marido, um filho de três anos e a esperança de conseguir trabalho para sustentar a família e ajudar a mãe, que estava doente. Lúcia foi vítima do que hoje é conhecido como trabalho escravo urbano e não está sozinha.
É o que explica o representante da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, Antonio Carlos de Mello.
Ao chegar à casa onde trabalhava em uma oficina de costura, descobriu que a viagem da Bolívia para São Paulo tinha custado R$ 1.600. E que precisava pagar para trabalhar. Sobrava pouco dos R$ 250 que Lúcia e o marido recebiam todo mês.
Os órgãos de fiscalização nem sempre conseguem localizar oficinas de costura, como essa na qual Lúcia trabalhou. Isso porque quem olhava de fora pensava que se tratava de uma casa comum. E, de acordo com o artigo quinto da Constituição de 88, a casa é inviolável. Ninguém nela pode penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
O auditor-fiscal do trabalho Lucas Reis da Silva conta que, em muitos casos, a pessoa mora e trabalha no mesmo local.
Decidida a mudar de emprego, Lúcia esbarrou no problema de não falar português. Dificuldade pequena diante da fome que sentia.
Lúcia não tinha, sequer, tempo para sonhar com um futuro melhor.
Lúcia engravidou de gêmeos e precisava de tempo para repousar. Os patrões não permitiam. E não dava pra contar com os bolivianos que trouxeram ela e a família para o Brasil.
Os bebês nasceram prematuros e, devido ao esforço excessivo que o trabalho exigiu de Lúcia durante a gravidez, um deles nasceu autista e com deficiência cerebral.
A ajuda veio de novos amigos que a família fez no Brasil. O próximo passo de Lúcia é se tornar cidadã brasileira.
Agora, Lúcia e o marido trabalham na manutenção de quintais. Eles moram em uma casa com os filhos, que semana que vem voltam às aulas.
in EcoDebate, 30/01/2017
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