Sistema atribui pontuação e permite acompanhar a adequação da dieta à saúde cardíaca
Por Júlio Bernardes, do Jornal da USP
Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP desenvolveu um índice para medir a adequação das dietas às orientações do Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro (DICA Br), estudo realizado em parceria entre o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração (HCor) e o Ministério da Saúde. O trabalho da nutricionista Jacqueline Silva baseou-se na classificação do DICA Br, que separa os alimentos cardioprotetores dos que trazem maior risco de doenças cardiovasculares. A partir desses grupos, foi elaborado um sistema de pontos que permite acompanhar a adequação da dieta às orientações do programa em um software de computador.
Jacqueline explica que a alimentação é um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares, principal causa de morte e incapacidades no Brasil. “Os padrões alimentares conhecidos como cardioprotetores são de difícil adesão, pois são compostos por alimentos que, além de não estarem acessíveis e disponíveis no País, também não fazem parte do hábito alimentar do brasileiro”, afirma. Entre esses alimentos estão o salmão, o azeite de oliva e as nozes.
Alimentos cardioprotetores geralmente são aqueles ricos em nutrientes protetores, tais como fibras, vitaminas e minerais antioxidantes, compostos bioativos, e pobres em nutrientes associados com risco cardiovascular, entre eles sódio, gordura saturada, gordura trans, colesterol, açúcar refinado. “De um modo geral, pode-se dizer que os alimentos cardioprotetores são frutas, verduras, legumes, leite e iogurte desnatados, feijão e leguminosas”, acrescenta a nutricionista.
Programa Alimentar Cardioprotetor Brasileiro
O DICA Br foi criado para incentivar o consumo de alimentos cardioprotetores que estão disponíveis no Brasil. A efetividade do programa na prevenção secundária de doenças cardiovasculares é testada em um ensaio clínico randomizado conduzido através de uma parceria entre o HCor e o Ministério da Saúde.
O programa é composto por uma orientação alimentar educativa, que utiliza a bandeira do Brasil como recurso mnemônico, e por contatos frequentes com o nutricionista, que podem ser presenciais individuais, telefônicos ou encontros em grupo.
“Como o verde ocupa a maior área da bandeira, o grupo de alimentos representado por essa cor deve aparecer em maior quantidade na alimentação cardioprotetora. A cor amarela é intermediária na bandeira, logo o grupo de alimentos representado por ela tem quantidades intermediárias na alimentação, devendo ser consumido com moderação”, conta Jacqueline. “Por fim, a cor azul aparece em menor quantidade na bandeira, portanto os alimentos do grupo representado por ele devem aparecer em menor quantidade na alimentação. Existe ainda um grupo de alimentos não recomendado no programa, representado pela cor vermelha”.
Orientações alimentares
O índice desenvolvido por Jacquelina para o DICA Br quantifica a adequação com as orientações alimentares, atribuindo valores a ela que podem variar de zero a 40, onde zero representa nenhuma adequação e 40 representa total adequação com a orientações do programa. O índice é aplicado em cima de um recordatório alimentar de 24 horas (R24h). Nesse instrumento, tudo o que foi consumido (alimentos, bebidas e suas quantidades) nas últimas 24 horas ou no dia anterior é registrado. “Para calcular a pontuação, todos os itens alimentares relatados nos R24h devem ser classificados nos grupos DICA Br, assim como o número de porções devem ser estabelecidas”, aponta a nutricionista.
Em seguida, calcula-se o número de porções consumidas e a pontuação correspondente a cada componente do índice. Finalmente, as pontuações referentes a cada um dos grupos são somadas para obter a pontuação total. “O cálculo do índice é feito com o auxílio de um software estatístico e poderá ser utilizado para monitorar a adesão à dieta”, detalha a pesquisadora.
Jacqueline afirma que o índice inicialmente será utilizado como uma medida sumarizada da adequação à dieta DICA Br, que será utilizada para entender como esse padrão de dieta se relaciona com os desfechos de saúde (no caso do estudo, as doenças cardiovasculares), calculado com o auxílio de um programa estatístico. “Há um projeto de desenvolver um aplicativo voltado tanto para o profissional de saúde quanto para o paciente, no qual será possível saber a qual grupo o alimento pertence, qual o tamanho da porção de cada alimento, assim como a pontuação no índice”.
O trabalho foi orientado pela professora Renata Bertazzi Levy, da FSP.
Do Jornal da USP, in EcoDebate, 25/01/2017
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