O envelhecimento se espalha pelo mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] O envelhecimento populacional ocorre quando a proporção de pessoas idosas aumenta muito em relação aos demais grupos etários da população. Nações envelhecidas são uma novidade na história. No passado, os países eram jovens, pois a esperança de vida era baixa e os casais tinham que gerar grande número de filhos para se contrapor aos óbitos precoces.
Porém, a partir do momento em que as taxas de natalidade e mortalidade declinam, começa um processo de mudança da estrutura etária, com redução imediata da base da pirâmide e um alargamento, no longo prazo, do topo da pirâmide. O envelhecimento é o resultado esperado e inevitável da transição demográfica.
Uma forma de medir o envelhecimento populacional é por meio do Índice de Envelhecimento (IE), que é a razão entre o número de pessoas idosas sobre os jovens (crianças e adolescentes). Trata-se de uma razão entre os componentes extremos da pirâmide etária. O IE pode ser medido pelo número de pessoas de 60 anos e mais para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade.
Um país é considerado idoso quando o topo da pirâmide é maior do que a sua base, isto é, um país idoso é aquele que tem um IE igual ou superior a 100. Como já dito, o envelhecimento populacional é um fenômeno novo na história da humanidade. Em 1975, havia apenas um país com a quantidade de idosos (60 anos e mais) maior do que a quantidade de jovens com menos de 15 anos. Este número passou para 3 países em 1980 e chegou a 52 países em 2015.
O primeiro país a atingir o Índice de envelhecimento superior a 100 (mais idosos do que jovens) foi a Suécia em 1975. Em seguida, em 1980, entraram no clube dos idosos a Alemanha e as Ilhas do Canal. Em 1985 foram mais sete países: Reino Unido, Suíça, Noruega, Luxemburgo, Dinamarca, Bélgica e Áustria. Somando 10 países com IE igual ou superior a 100. Em 1990 mais 2 países ultrapassaram o IE de 100: Itália e Grécia. Em 1995, entraram no time dos idosos: Japão, Espanha, Portugal, Hungria, França, Croácia e Bulgária.
No ano 2000, outros oito países tiveram os idosos superando os jovens: Rússia, Eslovênia, Romênia, Letônia, Finlândia, Estônia, República Checa e Bielo Rússia. Cinco anos depois, em 2005, entraram mais oito países: Sérvia, Polônia, Holanda, Malta, Hong Kong, Canadá, Bulgária e Bósnia Herzegovina. Em 2010, foram somente dois: Martinica e Geórgia.
Mas em 2015 o número de países idosos deu um salto de quinze países: Estados Unidos, Ilhas Virgens, Macedônia, Singapura, Moldova, Coreia do Sul, Porto Rico, Nova Zelândia, Montenegro, Chipre, Curaçao, Macau, Barbados, Aruba e Cuba. No total são 52 países com IE igual ou acima de 100, em 2015.
A China, o país mais populoso do mundo, vai ter o número de idosos (60 anos e +) acima do número de jovens com menos de 15 anos até 2020. O Brasil vai entrar para o time dos idosos até 2030.
Progressivamente, o número de países com IE acima de 100 vai se ampliar até atingir a totalidade dos países. A população mundial vai ter mais idosos (60 anos e mais) do que jovens (menos de 15 anos) em 2050.
O envelhecimento populacional é inevitável. Mais cedo ou mais tarde, todos os países terão mais idosos do que jovens. A diferença é apenas de ritmo. O mundo não tem outra coisa a fazer a não ser se preparar para esta nova realidade. Como disse Confúcio (551 a.C. – 479 a.C): “Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer”.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, 05/01/2017
[cite]
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.
“Progressivamente, o número de países com IE acima de 100 vai se ampliar até atingir a totalidade dos países. A população mundial vai ter mais idosos (…) do que jovens (…) em 2050.”
[Penúltimo parágrafo do artigo].
Supondo que, de fato, aconteça conforme anuncia o parágrafo acima transcrito, gostaria de saber do autor do artigo, Doutor José Eustáquio Diniz Alves, a quem parabenizo pelo excelente trabalho, se tal ocorrência gera benefício ou prejuízo aos humanos.
A dúvida que tenho a respeito da possibilidade de todos os países chegarem a ter população idosa superior à população jovem, sob o domínio do capitalismo, é devida ao fato de que vivemos, atualmente, um processso de degradação social, política e ambiental irreversível, promovida pelo regime citado, conforme indicam os estudos mais bem elaborados, sobre a condição atual e em futuro próximo, a respeito das possibilidades de manutenção da vida, no planeta Terra.