Mundo Trumposo, artigo de Montserrat Martins
[EcoDebate] “Um Psicopata na Casa Branca” seria um excelente roteiro para comédia, que seria divertida por não ser de verdade, mas na vida real é um pesadelo para a Humanidade. Se você ainda não sabe ou ainda tem dúvidas de que Donald Trump é um caso patológico, basta ver os conceitos psiquiátricos e confrontar com as declarações públicas dele. O que leva milhões de pessoas a votar nele sabendo disso, e o que isso significa para nosso futuro?
Transtorno de personalidade dissocial (antissocial ou psicopático) é caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros. Trump quando teve prejuízos fez recair a conta sobre seus credores, todos menores do que ele financeiramente, e se vangloria também de saber como burlar o imposto de renda “dentro das regras” segundo diz. Nunca escondeu sua arrogância, egoísmo e desprezo pelas outras pessoas, que trata como objetos. Se vê, narcisisticamente, como um “vencedor”, mas seu critério de pessoa de sucesso não inclui qualquer forma de escrúpulos.
A maioria dos mais de 300 milhões de americanos ter escolhido um “tramposo” para Presidente é assustador e enigmático, como no “Enigma da Esfinge” que diz “Decifra-me ou devoro-te”. Temos de entender o que significa, em pleno século XXI, tamanho retrocesso na história da civilização. Em primeiro lugar é um franco retorno ao primitivo, ao incivilizado, ao egoísmo e ao agressivo, componentes da nossa condição humana que “burilamos” no processo civilizatório. Porque a maioria dos americanos deseja agora retroceder?
Entre as várias teorias sobre a evolução moral, uma diz que não há retrocessos mas apenas sinais e sintomas de onde realmente estamos. O mesmo povo capaz de eleger por duas vezes Obama, um líder não belicoso, preocupado com questões sociais e ambientais, agora elege o seu oposto e mostra que não tinha convicção das escolhas anteriores. De fato, Obama apanhou muito dentro dos Estados Unidos apesar de seu reconhecimento como líder mundial.
Os americanos, tal como os povos de outros países, se mostram “rachados”, divididos, entre o egocentrismo primitivo e as vantagens do processo civilizatório. Pois a arrogância do “voltar a ser grande” (lema da campanha de Trump) ilude, gera a fantasia de poder entre as próprias pessoas que irão se prejudicar com suas “trampas”. É o discurso do estelionatário, que promete satisfação imediata que é irreal, mas que seduz as vítimas de um modo irracional. O mundo acordou Trumposo nesse 9/11 e essa tragédia tende a fazer bem mais vítimas que a do 11/9.
Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade
in EcoDebate, 10/11/2016
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Teve um texto interessante na Science, que tentou diagnosticar o Trump e chegou a conclusão que o problema mais provável era falta de sono crônica, o que explicaria as outras loucuras. Talvez o mundo possa ser salvo com uso bem aplicado de Rivotril…