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Pescadores alertam contra pesca e venda ilegal do pirarucu no Médio Solimões

 

Povo Paumari pesca pirarucu
O pirarucu é um dos maiores peixes de águas fluviais e lacustres do Brasil. Foto: Divulgação/Opan/Adriano Gambarini
 

A redução do estoque de pirarucu no Amazonas fez o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) proibir, há cerca de 20 anos, a pesca e a comercialização da espécie no estado. A única exceção é a venda de peixes provenientes do manejo e da piscicultura, que é a criação em viveiros.

O Instituto Mamirauá ressalta, porém, que a venda irregular persiste, apesar da restrição, principalmente, na região do Médio Solimões. Neste ano, cerca de 9.500 quilos de pirarucu ilegal foram apreendidos por órgãos fiscalizadores na região. E esse número pode ser ainda maior, afirma a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres.

“O volume pode ser até sete, oito ou 10 vezes maior do que isso, pois trabalhamos com dados disponibilizados pelas secretarias de Meio Ambiente dos municípios e de algumas ações de fiscalizações. Isso é muito pouco diante do tanto de pirarucu que a gente vê disponibilizado nas feiras e mercados todos os dias, ao longo de todo o ano”, disse Ana Cláudia.

Para a ajudar a combater o problema no Médio Solimões, o Mamirauá e pescadores dos municípios de Tefé, Alvarães e Maraã estão promovendo a campanha Pirarucu, só se for legal. A ação é realizada por meio de feiras de pirarucu manejado e de palestras em escolas públicas. A ideia é orientar também a população sobre o que significa o manejo.

“O que a gente percebe é que o termo ‘manejo’ ainda não é muito claro para a população. Daí que é veio essa questão da campanha de substituir o termo ‘manejado’ por ‘pirarucu legal’, trabalhando essa questão da legalidade porque, de fato, é isso que faz a diferença entre o pirarucu que normalmente é encontrado nas feiras e mercados, e o pirarucu proveniente dessas ações de manejo.”

Segundo Ana Cláudia, é para mostrar como é o procedimento adotado ao longo do ano para proteção das áreas e estabelecimento de uma cota conservativa, que é no máximo de 30% dos indivíduos adultos de cada área. “Tudo isso garante a sustentabilidade.”

Ana Cláudia explicou que os pirarucus oriundos de manejo têm um lacre com número de identificação. O consumidor que adquirir o produto pode atestar a procedência do peixe inserindo o código no sistema de rastreamento no site do instituto.

“Trabalhamos com a ideia de que o consumidor pode querer saber quem pescou esse peixe, em que data, qual o tamanho exato do peixe que resultou naquele corte vendido na feira, que data, de que lago veio, o peso, qual o tipo de material usado na captura. É um conjunto de informações para que o consumidor saiba que, ao comprar um produto legal, ele contribui para gerar renda para essas comunidades, esses pescadores e, acima de tudo para a conservação do recurso”, enfatizou Ana Cláudia.

O Instituto Mamirauá informou que, no ano passado, foram comercializadas 615 toneladas de pirarucu manejado, o que corresponde a mais de 11 mil peixes. A atividade gerou mais de R$ 2,5 milhões em faturamento total para os envolvidos no trabalho.

As feiras de pirarucu manejado no município amazonense de Tefé vão ser realizadas sexta e sábado próximos (14 e 15). Em Alvarães, as feiras estão previstas para novembro e as de Maraã, para dezembro.

Por Bianca Paiva, da Agência Brasil, in EcoDebate, 11/10/2016

 

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