Econegócios, Ecoturismo e Educação Ambiental, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] Econegócios são os segmentos de mercado dos produtos e serviços que utilizam métodos racionais de exploração e uso dos recursos naturais, ou que propõe solucionar problemas ambientais com base nos princípios da sustentabilidade e da economia circular, tornando as cadeias mais próximas, com uso de métodos menos intensivos e menores impactos ambientais nos processos de produção, armazenamento, distribuição, consumo e logística reversa dos resíduos e/ou produtos obsoletos.
Os Econegócios, além dos lucros necessários, têm como preocupações centrais as questões ambientais e sociais, com a diminuição dos impactos e controle dos aspectos ambientais relacionados com as atividades desenvolvidas. Uma questão importante é que os Econegócios não são ações experimentais, em pequena escala e localizados, mas ao contrário, constituem-se em alternativas econômicas significativas e rentáveis, que devem estimular a economia e o desenvolvimento econômico e social. Neste sentido, podem ser pequenos empreendimentos, mas também ações mais amplas, que abrangem um espaço e um público bastante diverso de consumidores.
As ações de educação ambiental relacionadas aos econegócios são fundamentais, seja para o público específico diretamente relacionado aos produtos/serviços ou para o conjunto da sociedade. Como se trata de produtos ou serviços direcionados às necessidades ou satisfação dos consumidores, a educação para o consumo deve ser o principal enfoque dos conteúdos de educação ambiental relacionados com os econegócios. O estímulo ao consumo sustentável, divulgação de comparativos, orientações sobre os resíduos, substituição de produtos ou equipamentos descartáveis nas atividades por outros sustentáveis e/ou reutilizáveis, campanhas e projetos direcionados em datas comemorativas ou relacionados com públicos específicos, brindes ecológicos, publicidade informativa, são algumas ações de educação ambiental relacionadas aos econegócios.
Ações econômicas que se denominam econegócios e que não possuem programas de educação ambiental diretamente vinculadas com as suas atividades, provavelmente estão praticando greenwashing, um termo da língua inglesa utilizado quando uma organização (empresa, governo, entidade) transmite à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável das suas atividades, mas a atuação ou resultado final é contrária aos interesses ambientais e bens coletivos.
Este conceito de greenwashing também é fundamental que seja considerado na elaboração de projetos, programas e ações de educação ambiental, pois os educadores não podem estimular a transmissão de informações e conceitos que não estejam em acordo com os princípios e objetivos da sustentabilidade e da responsabilidade ambiental, social e econômica dos produtos e serviços, principalmente quando relacionados ao segmento dos econegócios.
Nas atividades de ecoturismo, que evidentemente também são consideradas econegócios, a educação ambiental precisa estar bem definida e utilizar metodologias múltiplas adequadas aos diversos ramos e realidades culturais, sociais, econômicas, sociológicas em que estão estabelecidos os projetos. Pela definição da Embratur Instituto Brasileiro de Turismo e do Ministério do Meio Ambiente Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações.
Na maioria das circunstâncias os próprios projetos de ecoturismo podem ser considerados atividades de educação ambiental, mas para isso precisam estar adequados em suas características, desde o cálculo correto da capacidade de carga dos locais ao treinamento integrado dos colaboradores e voluntários em suas diversas atividades.
A formação de bancos de imagens através de levantamento fotográfico e de vídeos é um auxiliar importante da educação ambiental nas atividades de ecoturismo, seja na divulgação ou na orientação, motivação e capacitação dos visitantes. A formação adequada dos guias e orientadores para destacarem aspectos ambientais, educativos e históricos específicos dos locais é importante, visto que muitos visitantes não têm a familiaridade suficiente para perceberem espontaneamente estas especificidades.
As informações, capacitações e treinamentos são realizados em salas específicas ou no ambiente natural, ou em ambos a depender dos recursos, objetivos, público, condições climáticas e disponibilidade de espaço, entre outros fatores. A sinalização das trilhas e dos locais com orientações a respeito da população local, dos limites, dos cuidados com plantas e animais, preservação do patrimônio natural e histórico, do lixo, dos perigos são ações educativas fundamentais nos projetos de ecoturismo socialmente, ambientalmente, e economicamente integrados às comunidades.
Cálculo básico da capacidade de carga em empreendimentos de ecoturismo:
STUT = Superfície Total Utilizada pelos Turistas;
AM = Área Média Utilizada pelos turistas.
Capacidade de carga = STUT/AM
NHAD = Número de Horas Aberto Diariamente;
TMV = Tempo Média das Visitas.
Coeficiente de Rotação = NHAD/TMV
Total de Visitas Diárias = Capacidade de Carga X Coeficiente de Rotação
Exemplo:
STUT = 100 hectares; AM= 2 hectares; STUT/AM = 100/2 = 50
NHAD = 10 horas; TMV = 5 horas; NHAD/TMV = 10/5 = 2
Total de Visitas Diárias = 50 x 2 = 100
Antonio Silvio Hendges, Articulista no EcoDebate, Professor de Biologia, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria e consultoria em Educação Ambiental www.cenatecbrasil.blogspot.com.br
in EcoDebate, 21/09/2016
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Quando ouço a expressão “desenvolvimento sustentável” vejo uma redundância, pois o desenvolvimento por si só já deve ser sustentável, caso não haja sustentabilidade, este será apenas crescimento desordenado e sem contemplar o tripé da sustentabilidade. Portanto, qualquer forma de turismo deve ser sustentável. Parabéns pelo artigo e um grande abraço.