Atlas da Carne: Fatos e números sobre os animais que comemos disponível para download gratuito
Para falar sobre a cadeia de produção da carne e de suas consequências, a Fundação Heinrich Böll lançou o Atlas da Carne: Fatos e números sobre os animais que comemos. A publicação analisa como a grande demanda por essa produção contribui para o desmatamento na Amazônia, mudanças climáticas, poluição dos solos e da água, e, contraditoriamente, fome e pobreza.
Elaborada por pesquisadores do Brasil, Chile, México e da Alemanha, o “Atlas da carne – fatos e números sobre os animais que comemos” apresenta uma pergunta inquietante: você sabia que a produção de carne está relacionada ao desmatamento da Amazônia? A publicação mapeia a produção industrial de carne no mundo e como ela atinge recursos hídricos e solos, influencia as mudanças climáticas e aumenta a desigualdade. O lançamento aconteceu na terça-feira, dia 6 de setembro, no auditório do Brics Policy Center, localizado em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro.
O Atlas também registra ainda como a criação animal em escala industrial traz consequências como a fome, já que a produção intensiva fica sempre em primeiro plano, em detrimento das necessidades nutricionais de cada país. O cercamento de terras para esse objetivo também causa o deslocamento de pequenos produtores, intensificando problemas sociais. A perda de biodiversidade também é outra grave consequência desse avanço sobre as terras. O Atlas, portanto, indica esses e outros impactos do consumo de carne, seja ela bovina, suína, de aves e de outros tipos como búfalos e ovelhas.
A publicação busca disseminar o máximo de informação quanto aos efeitos da produção de carne e às alternativas a esse modelo predador. Segundo o Atlas, se o consumo de carne continuar crescendo, em 2050 os agricultores e agricultoras terão que produzir 150 milhões de toneladas extra de carne, agravando os problemas. O Atlas da Carne estimula, assim, reflexões sobre como implementar uma pecuária “ecológica, social e ética” como contraponto ao agronegócio nos Estados Unidos, na União Europeia e na América Latina. A publicação traz alternativas ao atual modelo, como a de produzir e consumir a carne localmente, evitando o transporte por milhares de quilômetros. Quer, assim, mostrar ao consumidor de carne toda a cadeia de produção.
No Brasil, onde a crise hídrica já bateu à porta, para cada um quilo de carne, gastam-se 15 mil litros de água. E a criação intensiva, visando à exportação, leva ao uso de fármacos para erradicar doenças e acelerar a engorda. A contaminação do solo e da água, entre outras, são as consequências. A despeito disso, a demanda global por carne aumenta, mais rapidamente nos países emergentes e de forma cadenciada nos Estados Unidos e na Europa.
O Atlas está em sua terceira edição na Alemanha e já foi publicado em espanhol, inglês e francês. O Brasil ilustra bem a cadeia de produção, pois é um dos maiores produtores de soja do mundo, grão utilizado sobretudo como ração animal. Ao consumir a carne, o cidadão ingere também agrotóxico, usado no cultivo desse defensivo agrícola. A sanha por terra de produtores de soja e outros levam, muitas vezes, à grilagem, à expulsão de pequenos agricultores e a assassinatos de líderes camponeses e indígenas no Brasil. A produção da soja também se desdobra em desmatamento na Amazônia, visto, em maior escala, no Cerrado e no Pantanal, que sofrem também com o avanço das áreas de pastagens, pondo em risco importantes biomas. A pecuária intensiva gera quase um terço dos gases de efeito estufa em nível global.
SUMÁRIO:
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
LIÇÕES SOBRE A CARNE O SURGIMENTO DE UM MERCADO GLOBAL DE CARNE
PODER CONCENTRADO – O FUTURO DA INDÚSTRIA DA CARNE GLOBALIZADA
A PECUÁRIA GLOBALIZADA NA AMÉRICA LATINA
O que a soja brasileira tem a ver com a pecuária globalizada?
As multinacionais brasileiras da carne: vantagem para quem?
Amazônia, Cerrado e Pantanal em risco
O PESO DA CARNE
TRANSFORMANDO ANIMAIS EM PRODUTOS: A INDÚSTRIA DO ABATE
VERMELHO BRILHANTE EMBALADO EM PLÁSTICO – A CONCENTRAÇÃO DO COMÉRCIO
RELAÇÕES CARNAIS: LIVRE COMÉRCIO OU ALIMENTOS SEGUROS
O CUSTO OCULTO DA CARNE E DAS SALSICHAS
PORQUE O PORCO MATA O PEIXE: A PERDA DA BIODIVERSIDADE
CADA VEZ MENOS RAÇAS
O RISCO DOS ANTIBIÓTICOS
ÁGUA: QUANDO A FONTE SECA
FORRAGEM: GRÃOS PARA O COMEDOURO
O CUSTO CLIMÁTICO DO GADO
O GLIFOSATO EM SEU HAMBÚRGUER
A GALINHA INFELIZ – O BOOM IRREFREÁVEL DA PRODUÇÃO AVÍCOLA NO MUNDO
CONSUMIDORES RICOS, PREOCUPAÇÕES EM ALTA
OS BRICS: 500 MILHÕES DE NOVOS CONSUMIDORES
CONVERTENDO PASTOS E MATAGAIS EM PROTEÍNA
EM BUSCA DE BONS ALIMENTOS
O QUE PODEMOS FAZER COMO INDIVÍDUOS E COLETIVOS
RUMO A UMA POLÍTICA PECUÁRIA MAIS SENSATA NA EUROPA
AUTORES E FONTES DE TEXTOS E GRÁFICOS
BIBLIOGRAFIA E INFORMAÇÃO
in EcoDebate, 19/09/2016
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Como saber se a carne de porco está totalmente cozida por causa do bicho que dentro dela
O risco de comer carne decorre da falta de controle dos órgãos públicos responsáveis por monitorar os frigoríficos, açougues, casas de carnes em geral, especialmente as feiras livres, o que facilita a comercialização de carnes de origens duvidosas e locais de venda sem higiene.
Fui no lançamento do livro em SP. Os dados são muito consistentes no entanto fiquei chocada, pois mesmo diante de tanta desgraça, a equipe envolvida com a produção deste material continua a comer carne. E o coquetel servido continha carne.
Enquanto formos indulgentes com a vontade de comer carne, a coisa vai continuar de mal a pior. Não adianta esperar a solução apenas das esferas superiores que é muito lenta. A solução vem do nosso engajamento.