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Artigo

Visão ambiental da produção orgânica, Parte 2/3, artigo de Roberto Naime

 

agricultura orgânica

 

[EcoDebate] É permitido na agricultura orgânica, o preparo convencional do solo com uso de arados e grades, desde que não seja profundo e excessivo, capaz de desestruturar o solo.

A permanente cobertura do solo é essencial para a manutenção da umidade, do solo e seus nutrientes, ajudando no controle de invasoras e melhorando com o tempo as características químicas, físicas e biológicas.

Medidas para conservação da área devem ser adotadas, como o plantio em nível e a construção de terraços, caixas de contenção, que devem ser efetuadas antes do início da utilização do plantio direto.

O controle de pragas, agentes de doenças e plantas invasoras é fundamentalmente preventivo.

No ambiente orgânico não existe o conceito de praga ou inseto inimigo, pois todos têm sua importância na funcionalidade ecossistêmica, e em lavouras bem conduzidas, os danos econômicos são pequenos. As espécies de plantas invasoras são consideradas plantas espontâneas.

O ecossistema é a unidade funcional básica da ecologia, estando parametrizada pelos níveis de organização e relações sistêmicas para definir a emergência das propriedades. Mas é necessário previamente tentar entender o que se concebe como meio ambiente para além da biologia.

Nos primeiros anos de implantação do sistema orgânico, no chamado período de conversão, existe um desequilíbrio ecológico maior, sendo necessário o manejo emergencial dos insetos.

Neste caso, é aconselhado o uso de extratos de plantas tipo “nim” (Azadirachta Indica), timbó (rotenona), piretro, inseticida biológico baculovírus, soltura da vespa Trichogramma Pretiosum e extratos de plantas defensivas como alho, cavalinha, cebola, cebolinha e fumo.

É permitido o uso de inimigos naturais (percevejo ou joaninhas, tesourinhas e bicho-lixeiro) e fungos entomopatogênicos (Beauveria Bassiana, Metarhizium Anisopliae, Trichoderma)

A agricultura orgânica prioriza o meio ambiente.

Meio ambiente é o conjunto de relações entre os meios físico, biológico e antrópico. Podemos dizer que meio ambiente é como a confiança ou o casamento. A confiança é uma relação de integridade entre 2 pessoas. E o casamento também. É intangível, não dá pra gente tocar e pegar.

O meio ambiente é assim. É intangível. Não dá pra gente tocar e pegar. Tocar numa pedra, na água ou no solo é tocar num elemento ambiental do meio físico. Tocar uma planta, um animal, é tocar num elemento do meio biológico. Tocar numa plantação, num produto industrializado ou num depósito de resíduos sólidos é tocar num elemento do meio antrópico ou socioeconômico.

O emprego de caldas preparadas com nutrientes minerais promove um efeito ferti-protetor nas plantas, ativando seus mecanismos de defesa e tornando os tecidos mais resistentes ao ataque de pragas e doenças.

Podem ser pulverizados sobre as plantas, os biofertilizantes contendo boro, cobre, cálcio, enxofre, molibdênio e as caldas bordalesa, viçosa e sulfo-cálcica.

No sistema orgânico as plantas espontâneas não devem ser erradicadas totalmente e sim manejadas de forma a não competirem economicamente com as plantas cultivadas.

As plantas espontâneas são consideradas importantes neste sistema, pois mantêm estáveis a temperatura e a umidade do solo, reciclam nutrientes, adicionam matéria orgânica e são indicadoras de qualidade do solo.

Além disso, garantem a biodiversidade ao servirem de alimento para insetos e abrigo para predadores naturais de pragas, de modo que haja convivência harmoniosa entre eles.

No manejo das plantas espontâneas, o controle químico é substituído por métodos culturais e mecânicos. Dentre os métodos culturais citam-se a adubação verde, a rotação de culturas, o uso de plantas alelopáticas, a consorciação de culturas, cobertura mortas, a roçada parcial e o sombreamento dirigido.

Como no cultivo tradicional, o manejo mecânico das plantas espontâneas é feito com roçadeiras, enxadas e cultivadores de tração animal e mecânicos.

Em contra ponto, o modelo convencional de produção iniciado pela Revolução Verde foi um conjunto de práticas tecnológicas, com variedades geneticamente melhoradas, fertilizantes químicos, agrotóxicos, irrigação e mecanização.

Esta concepção era a esperança ilimitada de combate à miséria no mundo. Porém, logo mostrou seus equívocos, erosão, perda da fertilidade do solo, destruição florestal, a dilapidação da biodiversidade, a contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem, do campo e dos alimentos.

Causada por todas as formas de combustão e pelo uso intensivo de mecanização e queimadas. A combustão libera na atmosfera vários gases tóxicos para a espécie humana e para os seres vivos em geral.

Na monocultura da cana, a queimada para facilitar o corte, libera fuligem e gases tóxicos na atmosfera e prejudica a população microbiana do solo, que é praticamente extinta temporariamente.

Referências:

DAROLT, M. R., Agricultura Orgânica: inventando o futuro. Londrina: IAPAR, 2002, 250p.
PENTEADO, S.R. Manual prático de agricultura orgânica: fundamentos e técnicas. Campinas: Edição do autor. 2009. 213p.

SANTOS, Neli Cristina Belmiro dos e MATEUS, Gustavo Pavan, VISÃO AMBIENTAL DA PRODUÇÃO ORGÂNICA DE ALIMENTOS, ISSN 2316.5146, Pesquisa & Tecnologia, vol. 9, n. 2, Jul-Dez 2012

http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2012/julho-dezembro-2/1300-visao-ambiental-da-producao-organica-de-alimentos/file.html

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Nota da Redação – Leiam, também, o artigo anterior desta série:

Visão Ambiental da Produção Orgânica, Parte 1/3

 

in EcoDebate, 08/09/2016

[cite]

 

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