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Ibama identifica falhas em ações de recuperação executadas pela Samarco

 

Ibama identifica falhas em ações de recuperação executadas pela Samarco

 

Vistoria realizada por analistas do Ibama no trecho de 102 quilômetros da barragem de Fundão, em Mariana (MG), até a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), em Santa Cruz do Escalvado (MG), aponta que 64% das áreas afetadas pela tragédia de 5 de novembro de 2015 ainda não receberam obras para contenção de rejeitos.

As equipes vistoriaram 96 pontos nos rios Doce, Santarém, Gualaxo do Norte e do Carmo na primeira quinzena de junho. Os técnicos fizeram um balanço dos danos socioambientais causados pelo rompimento da barragem das medidas adotadas até o momento pela mineradora Samarco e por suas sócias, a Vale e a BHP.

Foram avaliadas cinco ações: contenção de rejeitos; reconformação do traçado dos rios; drenagem; proteção de plantas com malhas (bioengenharia); e semeaduras (replantio) de espécies gramíneas e leguminosas.

De acordo com o relatório técnico, além de não ter executado várias medidas, a mineradora deverá refazer intervenções que foram realizadas de forma equivocada. São necessárias ações em pelo menos 78% dos pontos vistoriados. Destaca-se a necessidade emergencial de obras físicas de drenagem para diminuir o impacto das águas pluviais e a erosão nas áreas, além da contenção, com o objetivo de reter os sedimentos.

Os rejeitos não foram removidos em mais de 96% da área vistoriada – deste total, 53% dos pontos possuem lama com espessura acima de 50 centímetros de altura. A mineradora foi informada de que deverá realizar as ações emergenciais de drenagem e de contenção até 01/09, pois o período chuvoso na região começa em setembro. A Samarco realizou apenas 31% das obras de drenagem. Na época de chuva, há risco elevado de carreamento dos sedimentos para os corpos hídricos.

A semeadura foi a técnica mais observada nas áreas vistoriadas. No entanto, metade deste trabalho foi considerado insatisfatório, ruim ou péssimo. O relatório aponta que a revegetação não formou cobertura satisfatória a ponto de se considerar segura a fixação de rejeitos pelas raízes, entre outros métodos. Além disso, o uso da chamada biomanta nos canais deve ser revisto, pois está abafando algumas espécies de plantas.

Uma das equipes vistoriou Candonga. O reservatório da usina está completamente assoreado pelos rejeitos de mineração decorrentes do desastre. Cerca de 10,5 milhões de metros cúbicos pressionam a estrutura da barragem, e esse volume deverá aumentar com o carreamento previsto para o período chuvoso, caso a Samarco não atenda as determinações do Ibama. Todas as comportas estão abertas e o nível da cota é de 317 metros de altura, próximo ao limite para operação, de 327 metros. Estão previstas atividades de dragagem para retirar os rejeitos, mas o ritmo não é adequado e a empresa ainda deverá definir onde o material será depositado.

Durante a operação, as equipes do Ibama percorreram 83 tributários (afluentes dos rios principais) afetados pelo desastre. A Samarco havia informado anteriormente que 68 precisariam ser recuperados. Após identificar a divergência, o Ibama determinou que a mineradora apresente mapeamento completo e projetos específicos de intervenções nestes locais. A empresa também deverá apresentar, até 31/07, os resultados já obtidos dos estudos sobre os rejeitos depositados na região para avaliação sobre o manejo e a destinação dos sedimentos.

Operação Áugias

O objetivo da Operação Áugias é realizar um diagnóstico completo das áreas afetadas e acompanhar sistematicamente as atividades desenvolvidas pela Samarco. As equipes do Ibama deverão se revezar em campo até dezembro.

Na primeira fase, denominada “Hélios”, 16 analistas dividiram-se em quatro equipes e percorreram 96 pontos. A vistoria abrangeu os municípios de Mariana, Barra Longa, Ponte Nova, Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce, todos em Minas Gerais. De acordo com o Ibama, esta foi a região mais devastada pela tragédia, que resultou na morte de 19 pessoas. Em alguns pontos, o volume de rejeitos ultrapassa 50 centímetros de altura.

O relatório divulgado pelo Ibama é resultado de vistoria realizada entre o complexo de Germano e a usina de Candonga. Foram vistoriadas estruturas remanescentes, sistemas de bombeamento de águas pluviais, trechos do córrego Santarém, do Rio Gualaxo do Norte, do Rio do Carmo, do Rio Doce e de córregos afluentes.

Mais informações

Relatório Fase Hélios da Operação Áugias – Julho de 2016 (PDF, 16.4 MB)

Anexo Mapas e Fotografias dos Pontos Vistoriados pela Equipe Santarém – Julho de 2016 (PDF, 26.2 MB)

Anexo Mapas e Fotografias dos Pontos Vistoriados pela Equipe Gualaxo – Julho de 2016 (PDF, 23.4 MB)

Anexo Mapas e Fotografias dos Pontos Vistoriados pela Equipe Carmo – Julho de 2016 (PDF, 18.8 MB)

Anexo Mapas e Fotografias dos Pontos Vistoriados pela Equipe Doce – Julho de 2016 (PDF, 24.6 MB)

 

Informe do Ibama, in EcoDebate, 26/07/2016

 

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