Economia verde e consumidores, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A construção de uma economia verde só será possível quando houver mudança no modelo de produção adotado pela maioria das nações e no comportamento do consumidor de classe média.
Esta foi a conclusão resultou do Fórum Global de Crescimento Sustentável, que reuniu cerca de 300 líderes de seis países, em Copenhague, na Dinamarca.
Este é o reconhecimento tácito de que ou se muda a ideologia ou se altera a autopoiese sistêmica do arranjo de equilíbrio social.
A questão ambiental representa uma síntese dos impasses que o modelo atual de civilização acarreta, chamado de “crise civilizatória”.
Por isso se sabe que leis e normas não vão resolver os problemas. Mas são muito relevantes numa sociedade criada pela civilização humana que vive de direito positivado.
A civilização humana vai acabar determinando nova autopoiese sistêmica, na acepção livre das concepções de Niklas Luhmann e Ulrich Beck, que contemple a solução dos maiores problemas e contradições exibidas pelo atual arranjo de equilíbrio.
Que é um sistema instável, muito frágil e vulnerável. Para sua própria sobrevivência, o “sistema” vai acabar impondo uma nova metamorfose efetiva.
Outro mundo é possível, mesmo dentro da livre iniciativa. Ocorre enfatizar que nada é contra a livre-iniciativa. Que sem dúvida sempre foi e parece que sempre será o sistema que melhor recepciona a liberdade e a democracia.
Os movimentos sociais apresentam a distorção sistêmica de articular mudanças ideológicas como se fossem soluções para questões ambientais. Mas uma nova autopoise sistêmica para o arranjo social, é urgente e precisa ser desenvolvida pela civilização humana.
Nada foi mais nefasto na civilização humana do que as hecatombes ambientais produzidas pela falta de liberdade e práticas ambientalmente condenáveis geradas pela auto-suficiência de ditadores socialistas.
Esta mudança deve começar logo, juntando as lutas singulares, os esforços diários, os processos de auto-organização e as reformas para retardar a crise, com uma visão centrada numa mudança de civilização e uma nova sociedade em harmonia com a natureza.
Não é preciso esperar catástrofe ecológica ou hecatombe civilizatória para determinar nova autopoiese sistêmica. Como mencionado, nada foi mais deletério em causar a maior catástrofe ambiental do planeta do que a falta de liberdade e imprensa livre dos ditos regimes socialistas.
A primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning Schmidt, disse que “a construção de economias verdes não é uma tarefa fácil, e que as nações precisam trabalhar juntas”. Garantir essa conexão é o que o fórum buscou fazer.
Governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, empresários, instituições financeiras e organizações da sociedade civil se debruçaram sobre os principais desafios para a construção de uma economia verde.
O ex-presidente do México e atual chefe da Comissão Global de Economia e Clima, Felipe Calderón, disse que quatro medidas precisam ser adotadas com urgência pelas nações, a redução na emissão de gases de efeito estufa, a busca de eficiência energética na indústria, o controle da urbanização e a proteção dos recursos naturais.
“Não é uma alternativa, é algo que precisa ser feito imediatamente”, disse. A boa notícia, segundo ele, é que é possível garantir crescimento econômico e, ao mesmo tempo, frear as mudanças climáticas, mas “para isso, grandes mudanças precisam ser feitas”.
O presidente do Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, Peter Bakker, ressaltou que, se quiserem garantir um mundo melhor para as futuras gerações, as pessoas terão que reconsiderar alguns hábitos comuns.
“Ter um carro é mesmo a melhor opção? Ou dividir um carro é um modelo melhor? Os conceitos de propriedade, de compartilhamento, de viver bem, de felicidade, todos terão que ser reconsiderados”, ressaltou.
Criado em 2011, o Fórum Global de Crescimento Sustentável conta com a parceria de seis governos, Dinamarca, China, México, Etiópia, Quênia e Catar.
Grandes empresas multinacionais também são parceiras, além de organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em inglês), o Pacto Global das Nações Unidas e a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial (IFC, da sigla em inglês).
Tem sido registrado que quando a hecatombe afetar as finanças, a sociedade rapidamente desenvolve rápido novo arranjo de equilíbrio social. Não se lamenta a forma como isto vai ocorrer. O meio ambiente e a vida agradecem igual.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, 20/07/2016
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Muito obrigado pelo compartilhamento de seu importante texto, Dr. Naime. O senhor é muito didático na abordagem do assunto. Com certeza um artigo brilhante. Muito importante suas lúcidas colocações aqui.
Muito Obrigado amigo Yanco…
Abs…
RNaime