EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Fazendeiro é preso em flagrante por trabalho escravo no sul de Minas

 

trabalho escravo - vamos limpar essa mancha da nossa sociedade

 

Vigilância Sanitária chegou a interditar os alojamentos por considerá-los impróprios para habitação humana

O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Trabalho, com apoio da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, realizaram nesta quinta-feira, 7 de julho, uma operação para reprimir a prática de trabalho escravo na Fazenda Santa Helena, localizada na zona rural do município de Machado, sul de Minas Gerais.

Dedicada ao cultivo de café, a Fazenda Santa Helena conta com trabalhadores rurais empregados e em sistema de parceria. Seu proprietário, o fazendeiro Sérgio Roberto Dias, foi preso em flagrante.

Durante a inspeção, procuradores da República e do Trabalho constataram a existência de condições degradantes de trabalho, com alojamentos precários, restrição da liberdade por dívidas contraídas pelo empregado, ausência de pagamento de remuneração mínima, alimentação insuficiente e fornecimento de bebidas alcoólicas durante o horário de serviço.

O empregado S.R.G. foi encontrado sob efeito de embriaguez, com grande dificuldade para andar e falar, embora já fossem 9h30 da manhã. Uma testemunha ouvida pelos procuradores afirmou que os empregados trabalham sempre embriagados e que a bebida alcoólica seria fornecida pelo próprio fazendeiro.

Os alojamentos estavam em péssimas condições de higiene, com frestas e buracos nas portas e janelas, portanto, sem quaisquer condições de vedação e segurança. Nas camas, pedaços de espuma rasgados e sujos faziam às vezes de colchões. Na cozinha, não havia mínimas condições higiênicas de conservação e guarda dos alimentos. As instalações sanitárias estavam totalmente sujas, sem água limpa, sem papel higiênico e sem qualquer recipiente para coleta de lixo.

A água destinada ao consumo dos trabalhadores provinha de uma cisterna de concreto sem cobertura superior: o resultado é que dentro dela foram encontrados, além de mato e plantas crescendo em suas paredes, frutas podres e até um pássaro morto boiando na água.

Fiscais da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Machado (MG), que também auxiliaram a operação, interditaram os alojamentos devido às “condições precárias e insalubres”, o que as torna “impróprias para habitação humana”. O relatório de inspeção sanitária registrou: “o ambiente é sujo, instalações sanitárias quebradas, entupidas e impróprias para uso, esgoto corre a céu aberto, a cozinha é precária, suja, com paredes pretas de fumaça, com fogão a lenha quebrado”.

Dívidas de R$ 24 mil – Outra grave ilegalidade constatada durante a operação foi a ausência de pagamento da remuneração no mínimo legal: os empregados só recebiam entre 40 a 150 reais por mês.

O inusitado é que essas mesmas pessoas constavam de alguns documentos encontrados na Fazenda Santa Helena como associadas a uma Cooperativa de Cafeicultores da região. Segundo tais documentos, os empregados, pessoas extremamente simples, com pouco ou nenhum conhecimento sobre o mercado de negócios, haviam recebido valores elevados de adiantamento em títulos de crédito para a safra de café. Um dos empregados possuía títulos de crédito de quase 25 mil reais.

Não é a primeira vez que Sérgio Roberto Dias é autuado por redução de trabalhadores à condição análoga à de escravo. Em dezembro do ano passado, foram resgatados 16 trabalhadores, dos quais pelo menos três estavam novamente prestando serviços na Fazenda Santa Helena.

Fonte: Ministério Público Federal em Minas Gerais

in EcoDebate, 11/07/2016

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

One thought on “Fazendeiro é preso em flagrante por trabalho escravo no sul de Minas

  • Estou feliz de ver que agora os escravizadores estão sendo presos, e não apenas autuados e multados. Parabéns à equipe envolvida!

Fechado para comentários.