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Fórum Mundial da Água vai envolver governos locais na busca de soluções hídricas

 

Brasília - Abertura do Kick-off Meeting, evento preparatório que marca a largada para o 8 Fórum Mundial da Água,que se realizará em 2018 em Brasília (Elza Fiuza/Agência Brasil)
Evento preparatório para o 8º Fórum Mundial da Água, programado para 2018 em Brasília, reúne representantes de diversos países. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

O Fórum Mundial da Água, programado para março de 2018 em Brasília, quer envolver governos locais e parlamentares na busca de soluções de problemas envolvendo recursos hídricos. De acordo com o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, apesar de não ter declarações vinculantes, o fórum produz resultados práticos importantes, que influenciam diretamente os municípios, além de ter a participação de parlamentares, responsáveis por estabelecer leis de regulação e aprovar os orçamentos para os diferentes setores.

“Estamos trabalhando com os governos locais. No âmbito da água e do saneamento, a força política importante são os municípios, porque em todo o mundo esse é um problema local”, disse, durante o evento de lançamento do fórum, ontem (27), na capital federal.

Braga explica que a questão do financiamento também será um ponto importante de discussão. “Como achar soluções de financiamento que sejam benéficas para quem recebe e para quem doa. Vamos trabalhar com os bancos a importância do financiamento para esse setor”, afirmou, ao ressaltar que 2,4 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável de fonte confiável. “As Nações Unidas dizem que são 800 milhões, mas água no cano não significa que está limpa.”

Com o tema Compartilhando Água, a expectativa é reunir cerca de 40 mil pessoas em 2018 e, segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, dar à agenda da água a mesma relevância política de outros temas públicos. “Temos uma imensa expectativa que esse fórum possa produzir um legado robusto para a gestão de recursos hídricos no país.”

Para o diretor-presidente da ANA, os Planos de Bacias Hidrográficas devem ser reconhecidos como instrumentos precisos para a gestão da água. “Mais da metade do nosso território tem planos de recursos hídricos, mas muitas vezes esses planos não têm repercussão direta sobre a aplicação de políticas públicas”, disse, ao explicar que é preciso fortalecer os órgãos gestores locais e regionais para promover a gestão descentralizada da água.

O Fórum Mundial da Água ocorre a cada três anos desde 1997. A 8ª edição será promovida de 18 a 23 de março de 2018, em Brasília. O primeiro evento preparatório para o fórum ocorre de hoje até quarta-feira (29) e reúne cerca de 800 representantes de diversos países para colher informações temáticas que nortearão as discussões do fórum.

Preparativos

Segundo o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, ao longo dos próximos dois anos, serão investidos em torno de R$ 80 milhões, sendo R$ 50 milhões da iniciativa privada e R$ 30 milhões divididos entre o governo federal e o do Distrito Federal. A verba servirá para a promoção de eventos oficiais do fórum e para incentivar o envolvimento da comunidade. “Só os dividendos políticos, sociais, educativos e econômicos já são superiores aos investimentos financeiros realizados.”

Rollemberg explicou que os recursos hídricos serão tema interdisciplinar permanente nas escolas públicas e particulares do Distrito Federal. “As ações já começaram, tivemos uma primeira oficina com professores, para que Brasília aproveite esta oportunidade de dar um salto qualitativo na conscientização das pessoas pelo compartilhamento e sustentabilidade da água”, disse.

 

Por Andreia Verdélio, da Agência Brasil, in EcoDebate, 28/06/2016

 

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4 thoughts on “Fórum Mundial da Água vai envolver governos locais na busca de soluções hídricas

  • José do Patrocínio Tomaz Albuquerque

    Prezados

    Se a proposta do Dr. Benedito Braga vingar, o cobertor hídrico, aí incluídos os lençóis de água subterrânea, não vai dar para todos atenderem suas demandas, socioeconômicas (irrigação, principalmente) e ambientais. A construção de reservatórios superficiais locais serão intensificadas. O número de poços tubulares será aumentado exponencialmente. Cada município puxará a brasa para sua sardinha. Os conflitos proliferarão. Não há salvação para uma gestão correta e sustentada foram da unidade natural de ocorrência dos recursos hídricos fluviais, com seus segmentos superficiais e subterrâneos, que é a bacia hidrográfica. Quem viver, verá!

  • Prof. José do Patrocínio, sediar o Fórum Mundial da Água será para nós um evento importante.
    Não conheço a proposta de cobertor hídrico, mas o Dr. Benedito Braga disse que não existe uma solução única. Ele afirmou que, em alguns casos, é possível fazer o reúso e a dessalinização, mas não é o caso do Nordeste. “Precisa sim trazer água de mais longe. Tem de fazer obras e incentivar usos eficientes”, informou, lembrando que a Arábia Saudita faz a dessalinização para produzir alimento no deserto porque tem “óleo para queimar”.

  • José do Patrocínio Tomaz Albuquerque

    Claro que cada caso é um caso. Os problemas das regiões hidrográficas diferem, Mas, o que foi colocado na matéria foi genérico. A municipalização, ao meu ver, não vai resolver os problemas dos recursos hídricos. Vai ampliar conflitos já existentes. Continuo achando que a abacia hidrográfica é a unidade de gestão ideal para atendimento de demandas de municípios nela localizados.

  • José do Patrocínio Tomaz Albuquerque

    Prezado Paulo Afonso

    Continuando a minha resposta ao seu comentário. Se o amigo se debruçar sobre o uso e usuários de nossos recursos hídricos, vai verificar que, em qualquer bacia hidrográfica brasileira, o maior consumidor é a irrigação. O modelo praticado, em termos de período, métodos e cultivos é consumista e é, praticamente, o mesmo em qualquer bacia, não respeitando a sua adequação às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País., conforme exige o Art. 3, Inciso II, do capítulo III da Lei 9.433/1997. É preciso colocar a Lei das Águas em prática, não somente o capítulo citado, mas todos ou demais que a compõem! Se tivessem implantado a lei em sua plenitude, seja em termos de gestão de oferta, seja de gerenciamento de demanda, não estaríamos vivenciando a situação atual de uma escassez provocada por usos inadequados, quantitativa e qualitativamente. Até a bacia hidrográfica do rio Amazonas está enfrentando restrições de uso, com secas que, nem de longe, se comparam as que afetam o Semiárido nordestino.

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