O avanço das energias renováveis no mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar,
vale a pena ter nascido”
Fernando Pessoa
[EcoDebate] Enquanto as grandes multinacionais do petróleo e as empresas de combustíveis fósseis estão em crise, as energias renováveis estão de vento em popa. Segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), a capacidade de produção de energias renováveis aumentou 152 Gigawatts (GW) em 2015, representando um acréscimo relativo de 8,3%. A capacidade de geração de energia renovável global era de 1,348 GW em 2010 e passou para 1,985 GW em 2015. Um aumento de 47% em 5 anos. Destacando que a maior capacidade se deve às usinas hidrelétricas.
De acordo com a IRENA, o crescimento recorde da capacidade instalada de energias renováveis ocorreu em função da queda contínua nos custos da produção e avanços tecnológicos. No caso da energia eólica, o crescimento de 63 GW (17%) foi impulsionado por uma redução de até 45% no preço das turbinas terrestres desde 2010. A capacidade fotovoltaica, por sua vez, aumentou em 47 GW (37%) em decorrência da queda de 80% nos preços das células solares. A capacidade hidrelétrica teve um aumento menor (35 GW ou 3%), assim como a capacidade de bioenergia e a de energia geotérmica aumentaram 5% cada (5 GW e 1 GW, respectivamente).
São os países em desenvolvimento que apresentam os maiores ganhos recentes, enquanto os países desenvolvidos possuem a maior capacidade instalada. A América Central e o Caribe tiveram uma expansão de 14,5%. Na Ásia, onde o crescimento foi responsável por 58% da nova capacidade global de geração de energia renovável em 2015, a expansão foi de 12,4%. Na Europa, as renováveis aumentaram 24 GW (5,2%). Na América do Norte foi de 20 GW (6,3%). A China é o país que mais avança neste processo.
O fantástico crescimento das energias renováveis ocorreu devido ao aumento dos investimentos, que passaram de um montante de US$ 46,6 bilhões em 2004, para US$ 285,9 bilhões em 2015. Nota-se que os maiores investimentos aconteciam em energia eólica, mas a partir dos últimos anos o investimento em energia solar tomou a liderança.
Segundo as projeções da IRENA, a capacidade de geração de energia renovável deve ultrapassar 6 mil Gigawatts em 2030. Poderá ser um crescimento de mais de 3 vezes no próximo quindênio (2015-2030). A liderança das usinas hidrelétricas deve ser compartilhada pelas energias solar e eólica.
Tudo indica que o mundo está passando por uma mudança em sua matriz energética. O predomínio do petróleo está ficando para trás e as energias renováveis estão assumindo a liderança. Isto é uma boa notícia para o clima, pois as energias renováveis emitem menor proporção de gases de efeito estufa. Resta saber se a velocidade desta mudança será suficiente para evitar os efeitos perversos do “pico do petróleo” e será suficiente para conter o aquecimento global e os impactos das mudanças climáticas.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, 17/06/2016
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A queda no preço das turbinas eólicas, das células fotovoltaicas e dos componentes necessários para a ampliação da fontes alternativas de energia teve um excelente avanço de acordo com o conceituado Doutor José Eustáquio Diniz Alves em seu o artigo e esta informação nos deixa mais confiantes e esperançosos.
Vamos crer que a mudança de matriz energética ocorra a tempo de desviar os rumos do aquecimento global, uma realidade instalada que vem nos atormentando e trazendo incertezas para as nossas futuras gerações.