Agência Internacional de Energia divulga relatório anual de aquecimento solar
Brasil, mais uma vez, ocupa posição de destaque; cenário mundial apresenta retração pela primeira vez
A Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou na última quarta-feira (01/06) seu relatório anual Solar Heat WorldWide, edição de 2016 (base 2014), que reúne informações de m² de coletores solares térmicos instalados por tipo, energia produzida, contribuições ao meio ambiente de emissões evitadas, dentre outros dados do desempenho do setor de 61 países. O Brasil, mais uma vez, foi referência no estudo, ocupando a 3ª posição em capacidade instalada adicionada no ano com novos1.009 MWth (Mega Watts Térmicos), e a 5ª no ranking mundial com 2.712 MWth, dado que considera os coletores solares térmicos em operação nos últimos 25 anos. A contribuição do setor brasileiro ao meio ambiente em 2014 foi de 2,5 milhões de toneladas de emissões evitadas de CO2.
Os 61 países incluídos no relatório representam 4,5 bilhões de pessoas, cerca de 63% da população mundial. A capacidade instalada nesses países é estimada em 95% do total do mercado de aquecimento solar global.
A América Latina, capitaneada pelo Brasil, mostra ser hoje o País mais constante e dinâmico de todas as regiões econômicas apuradas. O mercado brasileiro é dominante, mas também os mercados mexicano e chileno estão sendo responsáveis por números positivos em um crescimento considerável nos últimos 6 anos consecutivos. Em 2014, estes mercados juntos somaram um crescimento de 8,1%. “Estes números mostram o potencial do nosso mercado e a relevância da produção brasileira no cenário mundial”, comenta Amaurício Gomes Lúcio, presidente do DASOL – Departamento Nacional de Energia Solar Térmica da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento.
Dos dez maiores mercados de 2014, o Brasil (+4,5%), a Índia (+7,0%), os Estados Unidos (+0.9%), o México (+18,2%) e a Grécia (+19,1%) apresentaram crescimento. Já a China (–17,6%), a Turquia (–0,8%), a Alemanha (–9,8%), a Austrália (–21,1%) e Israel (–13,4%) sofreram retração.
De acordo com o relatório, no fim de 2014, o segmento acumulava uma capacidade de 410,2 GWth (Giga Watts Térmicos) de energia, em 586 milhões de metros quadrados de área instalada de coletores solares em operação. A vasta maioria concentra-se na China (289.5 GWth) e Europa (47,5 GWth), que juntas representam 82,1% do total da capacidade instalada.
O restante da capacidade é distribuída entre Estados Unidos e Canadá (18,0 GWth), Ásia – à exceção da China (10,7 GWth), América Latina (10,0 GWth), Oriente Médio (6,6 GWth), Austrália e Nova Zelândia (6,2 GWth) e África Subsaariana (1,3 GWth). Entre os tipos de coletores instalados em 2014, os fechados somam 22,1% (geralmente aplicações sanitárias – banho), a vácuo 71,1% (geralmente aplicações industriais e altas temperaturas) e os abertos 6,3% (destinados à piscinas).
A pesquisa revela ainda que no ano de 2014 foi adicionado ao parque instalado a capacidade total de 46,7 GWth, correspondentes a 66,7 milhões de coletores solares, número que representa um decréscimo nas instalações de 15,2% comparado ao ano anterior. É a primeira vez que este declínio é observado de acordo com os dados disponíveis sobre o ano de 2015. “Acreditamos que este decréscimo se deve principalmente à desaceleração do mercado chinês, que representa um grande percentual da tecnologia no cenário mundial. Mas de maneira geral, este nosso segmento tem muito potencial por se tratar de energia limpa e vinda de uma fonte abundante que é o sol, especialmente nos países tropicais, que têm uma insolação forte e que tem muito espaço de mercado”, diz Lúcio.
A produção de energia de todos os sistemas de aquecimento solar instalados nos 61 países em 2014 foi de 335 TWh (Tera Watt hora). Isso corresponde a uma economia de 36,1 milhões de toneladas de petróleo e 116,4 milhões de toneladas de emissões evitadas de CO2, com enorme contribuição ao meio ambiente.
Em 2014, 94% da energia produzida por sistemas de aquecimento solar no mundo foi destinada especialmente ao uso doméstico, sistemas de pequena escala unifamiliares (68%) e aplicações maiores para condomínios, hotéis, escolas (27%). O aquecimento solar de piscinas representou 4% do total.
O número de empregos gerados pelo setor em 2014, incluindo produção instalação e manutenção, alcançou os 730.000 postos.
No período de 2000 a 2015 a capacidade térmica global dos coletores abertos e fechados em operação cresceu de 62 GWth (89 milhões de metros quadrados) em 2000 para 435 GWth (622 milhões de metros quadrados) em 2015. A produção energética saltou de 51 TWh em 2000 para 357 TWh em 2014.
A capacidade total estimada em coletores instalados para o final de 2015 está estimada em 435 GWth ou 622 milhões de metros quadrados. Isso corresponde a um rendimento de 357 TWh anuais, o que é equivalente a 38,4 milhões de toneladas de petróleo e 123,8 milhões de toneladas de emissões evitadas de CO2.
As novas instalações de 2014 foram divididas em coletores planos com 8.6 GWth (12.3 milhões de metros quadrados), tubos a vácuo 36.3 GWth (51.9 milhões de metros quadrados), coletores abertos 1.6 GWth (2.3 milhões de metros quadrados) e combinados (abertos e fechados) 0,08 GWth (0.11 milhões de metros quadrados).
Sobre o DASOL
O DASOL – Departamento Nacional de Energia Solar Térmica da ABRAVA representa oficialmente, em todo o Brasil, o setor de aquecimento solar de água com o objetivo de promover, divulgar e desenvolver a adoção da energia solar térmica.
Desde 1992, apoia a formação de uma rede de atuação composta por empresas (fabricantes, revendas, instaladoras, consultorias e projetistas), instituições, universidades, órgãos do governo, ONGs e cidadãos em busca do desenvolvimento sustentável do Brasil através da aplicação e utilização responsável de energia solar térmica. Os programas e atividades da entidade têm abrangência em todo o Brasil, alguns deles desenvolvidos junto à Eletrobras/Procel e ao Inmetro, e estão acessíveis a todos que de alguma maneira utilizam a energia solar térmica de forma eficiente e como solução para geração de energia.
in EcoDebate, 09/06/2016
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