Roça Sem Fogo se difunde no estado do Pará, por Raimundo Nonato Brabo Alves e Moisés de Souza Modesto Junior
Foto: Moisés Modesto.
[EcoDebate] A ROÇA SEM FOGO, uma tecnologia desenvolvida pelos agricultores paraenses da Transamazônica e sistematizada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental vem mais ultimamente se difundindo na Amazônia e até mesmo na região Nordeste com denominação de roça orgânica.
A ROÇA SEM FOGO é uma tecnologia simples de preparo de área utilizando ferramentas manuais que valoriza a biomassa das capoeiras e a matéria orgânica dos solos. Esse processo pode ser utilizado pela maioria dos agricultores familiares em pequenos roçados que predominam na Amazônia e em outras regiões para produção de mandioca, feijão, milho, arroz e na sequência para a instalação de pequenos pomares ou sistemas agroflorestais, com altos benefícios para o meio ambiente
Em substituição ao uso do fogo no cultivo da mandioca, utiliza-se a tecnologia da ROÇA SEM FOGO no preparo de área e as recomendações técnicas do TRIO DA PRODUTIVIDADE NA CULTURA DA MANDIOCA, que se trata de uma tecnologia de orientação de processos de cultivo para os mandiocultores que vem se demonstrando promissora na elevação da produtividade na cultura da mandioca.
Mais uma experiência de implantação dessas tecnologias, ocorreu no município de Baião, localizado na região do Baixo Tocantins no Estado do Pará. Nove técnicos da Emater e Prefeitura Municipal de Baião em conjunto com 19 agricultores implementaram o passo-a-passo dos dois processos tecnológicos em um roçado de 1 ha em parceria com o SEBRAE, resultando nas seguintes produtividades de mandioca, conforme os diferentes tratamentos:
Fonte: Modesto Júnior e Alves (2016).
A maior produtividade foi obtida com a aplicação de fosfato natural reativo com 36,31 t/ha, seguida do tratamento com calcário+fosfato natural que atingiu 35,22 t/ha. O tratamento testemunha (Trio da Produtividade), mesmo sem fertilizantes, produziu 18,44 t/ha de raiz de mandioca, 65% acima da média do município.
No trabalho foram feitas as análises financeiras dos tratamentos indicando que todos foram viáveis. A melhor relação benefício/custo (B/C) foi com a aplicação de fertilizante químico com 1,40, significando que para cada R$ 1,00 aplicado no sistema, retorna na colheita e beneficiamento de farinha R$ 1,40. Se a preferência for por uma roça orgânica, com aplicação de rocha fosfatada a relação B/C foi de 1,39 e com calcário 1,32. Interessante que com o aproveitamento da manipueira como adubo, um líquido que é rejeitado do processamento da mandioca mais é rico em nutrientes, a relação benefício/custo foi de 1,36, superior ao obtido com calcário.
Na roça sem fogo os recursos da capoeira são maximizados e um produto econômico de grande importância energética extraído foi o carvão vegetal, com a produção de 500 sacos por ha comercializados a R$ 1.500,00. Todas as espécies de interesse econômico e valor agregado foram preservadas na área de cultivo, além da ciclagem da biomassa que com o tempo disponibiliza ao solo N, P, K, Ca e Mg, nutrientes essenciais para a nutrição da mandioca.
Para maiores detalhes ler o artigo:
Produção de Mandioca em Roça Sem Fogo no Trio da Produtividade com Aplicação de Fertilizantes e Manipueira no Município de Baião, Estado do Pará
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1045532/1/COMUNICADOTECNICO275.pdf
Raimundo Nonato Brabo Alves1, M.Sc.; Moisés de Souza Modesto Júnior2
1 Eng. Agrôn. M.Sc. em Agronomia. Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/n,, Caixa Postal, 48, CEP 66095-100, Belém, Pará. e-mails: brabo@cpatu.embrapa.br
2 Eng. Agrôn. Especialista em Marketing e Agronegócio. Analista da Embrapa Amazônia Oriental. E-mail: moises@cpatu.embrapa.br
in EcoDebate, 03/06/2016
[cite]
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