A democracia desce a rampa, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
[EcoDebate] Os 37 milhões de brasileiros que nas últimas eleições optaram por ninguém – brancos, nulos e abstenções – terão a companhia de muitos outros brasileiros nas próximas eleições.
Hegel, em sua obra “Filosofia da História”, dizia que a história só acontecia acima do Equador, já que ao sul os povos eram incapazes de inventar o Estado, para ele a criação suprema do espirito humano.
Temos um Estado, mas, dois séculos depois, temos ainda que lhe dar alguma razão.
O Brasil de 2016 revela-se instável, com instituições pusilânimes e um parlamento que se assemelha à um presídio de segurança máxima. Joga fora sua credibilidade – se é que tinha – para demandar espaços nas instituições internacionais como o Conselho de Segurança da ONU. Virou piada até na mídia conservadora internacional. Como disse um embaixador brasileiro na França no século passado – frase falsamente atribuída a De Gaulle -, “esse não é um país sério”.
Essa semana desce a rampa a confiança no voto, nos meios pacíficos para resolver os problemas de uma nação, na justiça e na democracia. Por consequência, sobe nosso desencanto com a política e a democracia.
Como disse um insuspeito deputado, agora afastado: “ Que Deus tenha misericórdia dessa nação”.
Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.
in EcoDebate, 12/05/2016
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Felizmente, dentro da democracia, pois as instituições funcionam normalmente, como assegura o STF, a parte principal do lixo moral que conspurca este País está sendo removido. Evidentemente, ainda falta muito para alcançarmos os patamares de ética que quase todos nós aspiramos. Por isso, a faxina tem de continuar, da forma possível!
A democracia brasileira hoje está brilhando e vibrando. E quem desce a rampa é que deveria estar envergonhado da situação, pois é a parte “podre” que hoje foi amputada para o bem de todos. O voto dos brasileiros está sendo consagrado e respeitado na íntegra. E a mensagem é clara aos governantes atuais e futuros que “abram os olhos” pois o povo brasileiro não aceita mais governos corruptos, que não respeita as Leis e que fica colocando os seus erros nos outros. Como diz o colega que comentou acima, esperamos que a faxina continue, para que voltemos a ter orgulho.
A vontade do povo foi feita por meio de seus representantes eleitos. Um governo, só porque venceu nas eleições, não está acima da lei. Não pode fazer com o país o que quiser. O Brasil não é casa de nenhum presidente, onde ele(a) faz o que bem entender.
O país e povo merece respeito! Chega de corrupção!
Quando, em 1992, foi votado o impeachment de Collor, fui ao centro da cidade e não deixei de me emocionar vendo aquela multidão se manifestando pacificamente, visto que, não muitos anos antes, naquele mesmo local, eu havia assistido à polícia usar o cassetete naqueles que pediam a volta da democracia.
Agora, a situação se repete: novo impeachment, dessa vez contra uma presidente de esquerda.
Não vejo nisso ruptura da democracia. O impeachment é algo legal e previsto na Constituição da República.
Nossa frágil democracia ainda imatura, estuprada por analfabetos políticos, corruptos, fisiologistas, achacadores, que ocupam o congresso e o senado, fazendo de conta que estão lutando contra a corrupção, mudando tudo para ficar tudo como está. Um sindicato de ladrões, dirigido por Cunha, Temer, Aécio, mais trezentos fichas sujas, praticando um Golpe de Estado contra uma presidente ficha limpa, apesar dos erros administrativos. Combater a corrupção é preciso, mas dentro das normas e sem abusos e parcialidade.
A DEMOCRACIA CAPITALISTA É UM JOGO DE CARTAS MARCADAS.
Foi um ato de extrema ousadia – e inconsequente – o Partido dos Trabalhadores pretender governar durante quatro mandatos consecutivos, ou mais, sem preparar a classe trabalhadora através de uma Educação Socialista, como foi tentado na década de 1960 com o Programa de alfabetização de Adultos, desenvolvido por Paulo Freire.
Mas, se o Estado tentasse mais uma vez contar com a participação popular através de uma Educação apropriada, as forças reacionárias não permitiriam, e o golpe que só ocorreu no segundo mandato da Presidente Dilma, talvez tivesse ocorrrido no primeiro mandato do Presidente Lula.
É evidente que a burquesia jamais permitiria tamanha façanha.
Em síntese, diz a burguesia: “A gente brica de democracia até onde dá para brincar. Quando não dá mais, thau”.
“contra uma presidente ficha limpa, apesar dos erros administrativos.” Brilhante a frase que aproveito, entre aspas, extraída do leitor Fernando Garcia, acima. Sinto que seria o caso e necessidade de uma PEC, que eu chamaria de PEC do Estágio Probatório, que possa permitir, sob as luzes da legalidade, a “exoneração” de qualquer dirigente político – a Dilma, por exemplo, que demonstrasse INCOMPETÊNCIA para administrar o País, a qualquer tempo do transcorrer de seu mandato! Assim, ninguém “reclamaria” contra o Impeachment de uma Presidente comunista, que tendesse ao bolivarianismo imitado de países em franca destruição e insolvência por parte de seus dirigentes de araque! Francamente, se estamos salvos da miséria à qual se encaminharam Venezuela, Cuba, Bolívia, etc., não se pode dizer que o Processo do Impeachment esteja fora da legalidade: todos estamos salvos!!!