Ecobarreira se rompe e toneladas de plantas subaquáticas atingem praias do Rio
Toneladas de gigogas apareceram neste final de semana na praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio e ontem (3) também na Praia de Ipanema, na zona sul carioca. As plantas subaquáticas estão sendo retiradas da areia por equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e, até agora, foram recolhidos mais de 53 toneladas de resíduos das praias. As gigogas foram levadas para o mar após o rompimento de uma ecobarreira instalada na Lagoa da Tijuca, na Barra da Tijuca, devido à ressaca do mar.
A Comlurb informou que continuou ontem a limpeza das praias afetadas pelas gigogas trazidos da Lagoa da Tijuca pela maré. Na Barra da Tijuca, ontem, foram retiradas 15 toneladas da planta, próximo ao Posto de Salvamento1, e mais 12 toneladas na área do Itanhangá. Esse serviço foi feito por 27 garis, com a ajuda de caminhões compactadores e basculante, tratores de praia, caçamba e esteira rolante. Na Praia de Ipanema, onde a limpeza foi concluída, 31 garis retiram 16,5 toneladas de gigogas da praia, utilizando dois tratores de praia, três caminhões basculantes e uma pá mecânica.
O biólogo Mário Moscatelli, que há vários anos estuda a poluição nas lagoas da Barra da Tijuca, disse que a poluição dos rios e lagoas tem se intensificado nos últimos anos em toda a região da Barra. Segundo ele, enquanto a sociedade não se mobilizar, pouco ou nada será feito para acabar com a poluição. “O carioca incorporou a degradação como parte da paisagem. Paga-se um IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] caríssimo para se morar na beira de rios fétidos e lagoas fétidas. Se o povo não se mobilizar essa situação vai continuar”, disse Mosacatelli.
Ecobarreira
A Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) esclarece que uma ecobarreira está sendo instalada por engenheiros do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) na Lagoa da Tijuca, onde ocorreu o rompimento. As gigogas chegaram à Barra da Tijuca e à Praia de Ipanema, devido à ressaca no mar na semana passada que contribuiu para que as plantas subaquáticas fossem levadas pela maré para tão longe.
O Inea, em parceria com a Comlurb e com a Subprefeitura da Barra, fizeram um mutirão para retirada das gigogas. Os pescadores dos arredores também contribuíram com pequenas embarcações. O cheiro forte causado pela decomposição das plantas na praia da Barra não afeta a qualidade da água para o banho.
Uma equipe do Inea vistoriou a lagoa e efetuou medição com sonda multiparamétrica para verificar o oxigênio dissolvido na água. Os técnicos constataram baixo nível de oxigênio, fato que pode ter provocado a mortandade de peixes.
A entrada da frente fria do último fim de semana, com ventos fortes e ressaca do mar, revolveu o sedimento do fundo da lagoa, o que pode ter facilitado a queda do oxigênio dissolvido da água. A lagoa também sofre esgotos que são despejados em rios que deságuam no sistema lagunar, outro fator que contribui para o baixo nível de oxigênio dissolvido na água.
Gigogas
A gigoga ou aguapé se desenvolve no meio ambiente aquático contaminado. Ela é conhecida por despoluir as águas, pois suas raízes filtram a matéria orgânica. Ela também auxilia na alimentação e reprodução de diversas espécies aquáticas.
Suas raízes são utilizadas como alimento, proteção para pequenos peixes e serve como locais de desova. As gigogas são vegetais de água doce ou salobra. Como elas proliferam muito nas águas poluídas por esgotos domésticos, sua remoção periódica é necessária para que não ocupe completamente a superfície da água.
*Colaborou Tatiana Alves, repórter do Radiojornalismo
Douglas Corrêa, da Agência Brasil*, in EcoDebate, 04/05/2016
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Comentário: a cidade maravilhosa do Rio de Janeiro sediará as Olimpíadas de 2016, porém, infelizmente, as vésperas do evento testemunhamos imagens da fragilidade do governo quanto ao meio ambiente. O saneamento básico é precário e existe fartura de matéria orgânica nas águas. As gigocas ou aguapés se proliferam, assim como os germes, bactérias etc. O Cartão de Visitas do Brasil retrata o grau de desinteresse e de desmotivação política quanto a preservação dos recursos hídricos. Ao meu ver a realidade ambiental do Brasil diverge dos acordos assinados em Paris por conta da COP21.