Se uma sociedade é racista, homofóbica e machista, por que a representação dela (no Congresso) não seria?
Cientista político Marco Aurélio Nogueira participa do Palavras Cruzadas Brasil
O programa Palavras Cruzadas Brasil recebeu o cientista político Marco Aurélio Nogueira. O convidado reflete sobre a atual crise política e as repercussões da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Para abordar esses temas com Marco Aurélio Nogueira, o mediador Paulo Markun conta com a comentarista da TV Brasil, Tereza Cruvinel, como entrevistadora permanente. O programa ainda tem a participação de Leonardo Cavalcanti, editor de Política do jornal Correio Braziliense; Dario Pignotti, correspondente da Agência Italiana de Notícias (ANSA Brasil) e do jornal argentino Página 12; e José Maria Trindade, repórter da Rádio Jovem Pan e apresentador da Rede Vida.
Professor titular de teoria política e coordenador do núcleo de estudos e análises internacionais do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Uesp), Marco Aurélio Nogueira é também colunista do jornal O Estado de S. Paulo.
Direção geral e Apresentação: Paulo Markun
Direção Executiva: Albino Castro
Direção: Pola Gale e Rosana Ferreira
Produção e Pesquisa: Cida Rezende e Isabela Horta
Entrevistadora fixa: Tereza Cruvinel
in EcoDebate, 26/04/2016
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Vou-me permitir discordar do título da reportagem. Não somos uma sociedade racista, homofóbica e machista. Seria melhor dizer que há racistas, homófobos e machistas em nossa sociedade.
Um caso vai ilustrar o que digo. Quando fui cumprimentar um colega porque sua esposa havia sido promovida a chefe, ele brincou: – Agora ela não manda somente em casa. Manda aqui também.
Se fôssemos uma sociedade racista, não haveria tantos casais de negros e brancas e vice-versa. Hoje, a esposa mulata do ministro do Turismo está no noticiário.
Finalmente, se fôssemos uma sociedade homófoba, os homossexuais não conviveriam com os heterossexuais de forma harmoniosa nem o movimento LGBT seria admitido na sociedade.
Num ponto, concordo com a reportagem. Os segmentos sociais se fazem representar no Congresso. É por isso que lá convivem harmoniosamente brancos e negros, hétero e homossexuais, homens e mulheres.
É por isso que há também aqueles que não aceitam as diferenças…
Também é difícil discordar do Sr. Paulo Afonso. Quem acompanhou, mesmo parcialmente, a votação na Câmara, terá observado que a maioria dos representantes é mestiça. Não é raro se omitir que a mestiçagem indígena é anterior à africana. Suspeito que essa omissão, por vezes, é proposital. Outras tantas podem ser por desconhecimento ou desatenção. É claro que, por séculos, a miscigenação nem de longe expressava igualdade. Mas, aproximadamente em meados do século XX. tornou-se mais espontânea e levou ao que descreve o Sr. Paulo Afonso. Como envolve, ao menos, três “raças” em proporções indefinidas, a própria cor da pele é enganosa.
Quanto ao preconceito social, em termos gerais, talvez tenha sido superdimensionado nos últimos anos. Utilizado como instrumento ou bandeira política. Quando se “combate” o preconceito, exagerando a realidade, o resultado pode ser inverso: um efeito rebote. O mais difícil, naturalmente, é o equilíbrio. Inclusive, na simples observação e interpretação da realidade.
O que parece mais prevalente e persistente é o machismo, mas temos feito progressos. É um dilema histórico e mundial.
Amig@s,
Para ajudar o debate, sugerimos a leitura de algumas publicações aqui no EcoDebate:
* Racismo em números e cifra, por Cátia Guimarães
https://www.ecodebate.com.br/2015/11/24/racismo-em-numeros-e-cifra-por-catia-guimaraes/
* Racismo na infância e nas escolas existe e precisa ser enfrentado, dizem especialistas
https://www.ecodebate.com.br/2015/10/13/racismo-na-infancia-e-nas-escolas-existe-e-precisa-ser-enfrentado-dizem-especialistas/
* Basta de violência contra a mulher, artigo de Raquel Xavier de Souza Saito
https://www.ecodebate.com.br/2016/03/08/basta-de-violencia-contra-a-mulher-artigo-de-raquel-xavier-de-souza-saito/
* Aumento da violência é reação machista à maior liberdade feminina, diz ativista
https://www.ecodebate.com.br/2016/03/08/aumento-da-violencia-e-reacao-machista-a-maior-liberdade-feminina-diz-ativista/
* Quase mil casos de intolerância religiosa foram registrados no Rio em dois anos
https://www.ecodebate.com.br/2015/08/19/quase-mil-casos-de-intolerancia-religiosa-foram-registrados-no-rio-em-dois-anos/
* Negros e religiões africanas são os mais discriminados, mostra Disque 100
https://www.ecodebate.com.br/2015/07/20/negros-e-religioes-africanas-sao-os-mais-discriminados-mostra-disque-100/
* (2014) Homofobia: País registrou 218 assassinatos de homossexuais este ano
https://www.ecodebate.com.br/2014/10/01/homofobia-pais-registrou-218-assassinatos-de-homossexuais-este-ano/
* Pesquisa mostra desinformação e preconceito entre jovens de 18 a 29 anos
https://www.ecodebate.com.br/2013/12/02/pesquisa-mostra-desinformacao-e-preconceito-entre-jovens-de-18-a-29-anos/
* Número de denúncias de violência homofóbica cresceu 166% em 2012, diz relatório
https://www.ecodebate.com.br/2013/06/28/numero-de-denuncias-de-violencia-homofobica-cresceu-166-em-2012-diz-relatorio/
* Ambiente familiar é o local onde homossexuais mais sofrem agressões
https://www.ecodebate.com.br/2013/05/20/ambiente-familiar-e-o-local-onde-homossexuais-mais-sofrem-agressoes/
Da redação EcoDebate