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Meu voto é… artigo de Daniel Clemente

 

opinião

 

“Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”

[EcoDebate] Em ritual semelhante reservado as conquistas esportivas, transmissão em tempo real, bandeiras tremulando e canções eufóricas, no vespertino dominical a população brasileira vibrou sem opinar. A representação máxima do Estado Nacional usurpada do cargo eletivo sem consulta popular, a elite politica em arquitetura maquiavélica não conferiu aos seus eleitores fonte confiável para o julgamento da manutenção ou impedimento do poder, fazendo do mandato parlamentar propriedade particular e balcão de negócios. Atribuindo valores à vontade da maioria da nação os deputados dispensaram a participação dos eleitores.

Mas longe de ser novidade ou uma surpresa. Em março de 1964 mediante as turbulências politicas e a conjuntura ideológica mundial as botas marcaram os passos da dança, com os militares no poder o voto popular foi suprimido, atitude aplaudida nas ruas, e durante vinte e um anos as urnas foram afastadas do cidadão brasileiro, a sucessão de cinco presidentes neste período obedeceu ao cântico da caserna. A ausência da voz popular por duas décadas silenciou erros e acertos, de cidadão altivo para marionete, das incertezas da liberdade à certeza da obediência.

No século XIX o Brasil vivenciava a única experiência monárquica do continente americano aos moldes do velho mundo. Iniciada em 1822 a população buscava o nascer de uma identidade nacional, porém, permaneceu às margens do processo de independência da antiga metrópole portuguesa, assim relata o quadro de Pedro Américo, o “Grito do Ipiranga” como mito fundador na nação direcionou a ordem social. Em 1889 a monarquia agonizava em seu leito de morte, a República emerge, a elite intelectual e econômica aliada aos militares dispensou a participação popular no movimento republicano, sem direito a voz e voto os brasileiros assistiram pacificamente e aplaudiram os novos mandatários.

No crepúsculo do século XV as embarcações europeias promoviam conquistas territoriais, sem consultar os nativos a América foi invadida e saqueada. Conceitos democráticos eram inexistentes, e sem voz todos eram mudos, os olhos estavam voltados as riquezas naturais, a pilhagem como prática lucrativa moldou a relação colonial.

No dia 17 de abril de 2016 o Congresso Nacional revelou a verdadeira face do brasileiro, os deputados com seus discursos caricatos foram todos eleitos pelo voto popular. Erasmo de Rotterdam em 1511 prestou explicações antecipadas sobre a politica brasileira: “Quanto menos talento possuem, maior seu orgulho, sua vaidade, sua arrogância. Todos esses loucos encontram, porém, outros loucos que os aplaudem, pois, quanto mais uma coisa é contrária ao bom senso, mais ela atrai admiradores: o que há de pior é sempre o que agrada a maioria, e nada é mais natural, posto que, como já vos disse, a maior parte dos homens são loucos.”

“Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”

Daniel Clemente
Professor de História
Colégio Adventista de Santos
Pós Graduando História Sociedade e Cultura PUC-SP

 

in EcoDebate, 20/04/2016

[cite]

 

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3 thoughts on “Meu voto é… artigo de Daniel Clemente

  • Prof. José de Castro Silva

    Uma vergonha nacional. Um espetáculo circense onde os palhaços estavam na plateia.
    Cumpre destacar que os palhaços são pagos e foram escolhidos pela plateia.
    Mais do que por vontade própria, os palhaços estão no picadeiro porque contou com os votos dos outros.
    O espetáculo foi legítimo.

  • lincoln gambier

    Caro articulista,

    Os loucos que votaram pelo sim afinal, não são tão loucos assim, pois não coonestaram os crimes de responsabilidade fiscal fartamente compravados há quase dois anos, como também, não acorreram em grande maioria, para receber a farta distribuição de dinheiro do povo promovida por Lula e afins na compra de votos!

    Quanto aos loucos que votaram pelo não, a loucara deles é por não reconhecer a realidade cruel em que vivemos pois são cegos a tudo aquilo que não diz respeito aos seus interesses maquiávelicos!

  • O articulista olha enviesado e, como se sábio fosse, julga àqueles que pensam diferente. Ora, o País está sendo levado à bancarrota, e os que apoiam esse (des)governo pregam como se grandes filósofos fossem, tentando se auto projetarem sobre os demais cidadãos. Quebrar o País, administrar mal, distribuir irracionalmente fortunas originárias do erário, dando migalhas aos pobres (compra de votos) e fortunas aos grandes empresários não é crime para eles. Não concordam com o título “Pedaladas Fiscais”, pois nada sabem sobre isso. O administrador público só pode fazer aquilo que a Lei lhe permite, só pode gastar o que estiver previsto no Orçamento aprovado pelo Legislativo. Não pode levantar recursos a título de “adiantamento” de numerário – os famosos empréstimos ocultos, originários dos bancos públicos – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDS, sem autorização legislativa, muito menos fazer empréstimos vultosos a “empresas privilegiadas”, como a JBS (Friboi), Odebrescht e outras apaniguadas. Quem paga a conta somos nós, o povo, e quem aceita isso é tolo ou leva vantagem com a ilegalidade. Estude um pouco de Contabilidade Pública e Orçamento, que lhe fará bem!!!

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