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Agrobiodiversidade, artigo de Roberto Naime

 

Infográfico: FAO

 

[EcoDebate] A agrobiodiversidade é um termo amplo que inclui todos os componentes da biodiversidade que têm relevância para a agricultura e alimentação, bem como todos os componentes da biodiversidade que constituem os agroecossistemas.

São as variedades e a variabilidade de animais, plantas e de microrganismos, nos níveis genético e de espécies. E dos ecossistemas nos quais se inserem e que são necessários para sustentar as funções dos agroecossistemas, suas estruturas e processos.

Num conceito mais sintético, a agrobiodiversidade pode ser compreendida como a parcela da biodiversidade utilizada pelo homem na agricultura, ou em práticas correlatas, e na natureza, de forma domesticada ou semi-domesticada.

A agrobiodiversidade é o conjunto de espécies da biodiversidade utilizada pelas comunidades locais, povos indígenas e agricultores familiares. Estas diferentes comunidades conservam, manejam e utilizam os diferentes componentes da agrobiodiversidade.

Agrobiodiversidade (agrobiodiversity) tem como sinônimo biodiversidade agrícola ou “agricultural biodiversity”.

O conceito de agrobiodiversidade reflete as dinâmicas e complexas relações entre as sociedades humanas, as plantas cultivadas e os ambientes em que convivem, repercutindo sobre as políticas de conservação dos ecossistemas cultivados, de promoção da segurança alimentar e nutricional das populações humanas, de inclusão social e de desenvolvimento local sustentável.

A biodiversidade ou diversidade biológica é a diversidade de formas de vida engloba três dimensões de variabilidade. A diversidade de espécies, a diversidade genética que é a variabilidade dentro do conjunto de indivíduos da mesma espécie e a diversidade ecológica, que se refere aos diferentes ecossistemas e paisagens.

Isso ocorre também em relação à agrobiodiversidade, que inclui a diversidade de espécies de plantas cultivadas, como o milho, o arroz, a abóbora, o tomate e outras, a diversidade genética como variedades diferentes de milho, feijão e outros e a diversidade de ecosssistemas agrícolas ou cultivados como os sistemas agrícolas tradicionais de queima e pousio, também chamados de coivara ou itinerantes, os sistemas agroflorestais, os cultivos em terraços e em terrenos inundados e outros.

Os agroecossistemas são áreas de paisagem natural transformadas pelo homem com o fim de produzir alimento, fibras e outras matérias-primas. Uma das características dos agroecossistemas é a predominância de espécies de interesse humano e uma organização espacial que estrutura e facilita o trabalho de produção, segundo Kátia Marzall.

Em alguns casos, o desaparecimento de uma variedade pode não levar necessariamente à perda da diversidade genética, já que os seus genes podem existir também em outras variedades.
Mas as variedades representam uma combinação única de genes, com valor, funcionalidade e utilidade única. Estima-se ainda que a perda de uma planta pode causar o desaparecimento de quarenta tipos de animal e inseto, que dela dependem para sobreviver, além de combinações genéticas e moléculas únicas na natureza.

É isto que transgênicos colocam em risco. Por meros interesses financistas. Mas não se deseja pautar a crítica nesta dimensão. Lucro é a base do sistema social e não se deseja praticar este questionamento.

A autopoiese sistêmica dominante necessita ser alterada. Pois hoje só o consumismo garante a manutenção dos círculos virtuosos da sociedade. Aumento de consumo gera maiores tributos, maior capacidade de intervenção estatal, maior lucratividade organizacional e manutenção das taxas de geração de ocupação e renda. O consumismo precisa ser substituído pela idéia de satisfazer as necessidades dentro de ciclos.

Um outro mundo é possível, mesmo dentro da livre iniciativa. Ocorre enfatizar que nenhum manifesto é contra a livre-iniciativa. Que sempre foi e parece que sempre será o sistema que melhor recepciona a liberdade e a democracia. Mas uma nova autopoise sistêmica para o arranjo social, é determinante para garantir a vida.

Referências:

KLOPPENBURG, J. & KLEINMAN, D. “Plant germplasm controversy: analyzing empirically the distribution of the world´s plant genetic resources” BioScience. Washington: American Institute of Biological Sciences, v. 37, nº 3, p.190-198, 19

MARZALL, K. “Fatores geradores da agrobiodiversidade – Influências socioculturais” Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre: Associação Brasileira de Agroecologia, v. 2, n. 1, p. 237-240, fev. 2007.

http://www.mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-e-promocao-do-uso-da-diversidade-genetica/agrobiodiversidade

http://uc.socioambiental.org/agrobiodiversidade/o-que-é-agrobiodiversidade

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 19/04/2016

[cite]

 

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3 thoughts on “Agrobiodiversidade, artigo de Roberto Naime

  • Valdeci. (Arquiteto e Urbanista).

    O COLAPSO TOTAL PLANETÁRIO PROMOVIDO PESO REGIME CAPITALISTA NOS AGUARDA A DOIS PASSOS DE DISTÂNCIA.

    “Um outro mundo é possível, mesmo dentro da livre iniciativa. Ocorre enfatizar que nenhum manifesto é contra a livre-iniciativa. Que sempre foi e parece que sempre será o sistema que melhor recepciona a liberdade e a democracia. Mas uma nova autopoise sistêmica para o arranjo social, é determinante para garantir a vida.”

    [último paragrafo do artigo em apreço].

    Comentários:

    1. A possibibilidade de um outro mundo regido pelo capitalismo – ou livre iniciativa – é, inquestionavelmenete possível, mas o autor do artigo, por distração, não mencionou que esse novo mundo, ou melhor dizendo, esses novos mundos (pois se trata de um planeta cuja capacidade de manter a vida está sendo destruída, a cada dia, em velocidade cada vez mais acelerada) serão cada vez piores que os anteriores;

    2. Liberdade e democracia, senhor autor?

    O senhor não acha que faltou especificar para quem o capitalismo direciona essa liberdade e essa democracia que o senhor e todos os defensores desse regime corrupto tanto enaltecem? Ou o senhor não tem conhecimento de que o capitalismo funciona através da constituição de diversas classes sociais, de forma que uma mínima minoria detém toda a riqueza existente, e, junto com ela toda a liberdade e tudo que vocês chamam de democracia, enquanto a maioria vive na miséria, escravizados pelo capitalismo, portanto, desconhecedores do que é liberdade e, muito menos, do que é essa merda que vocês chamam de democracia, que não passa de um jogo de cartas marcadas, do qual, descaradamente, participam as religiões, com a finalidade de manter as pessoas de senso comum conformadas com o triste destino que o Deus, em cuja existência e poder acreditam, lhes reserva.

    Eu gostaria de ser mais respeitoso com os defensores do poder dominante capitalista, mas sinto que não é possível, pois sigificaria ser conivente com esse regime escravagista disfarçado.

  • Agradeço tuas esmeradas contribuições Valdeci…mas o verdadeiro socialismo nunca aconteceu…ditaduras comunistas foram mais deletérias e nefastas ao meio ambiente…

    Sou anarquista acho que se a civilização humana não se extinguir antes pelas suas contradições, um dia evoluíremos para a auto-gestão voluntária ao estilo dos cantões suíços…

    Grande abs…

    RNaime

  • Os 30 anos de Chernobil

    Nobel de Literatura mostra as omissões do Estado soviético no maior acidente nuclear da história

    Vencedora do Nobel de Literatura de 2015, a ucraniana Svetlana Alexsiévich começa a ter sua obra publicada no Brasil por “Vozes de Tchernóbil – Crônica do Futuro”. O momento é propício. No dia 26 de abril, completam-se 30 anos desse que foi o pior acidente nuclear da história, ocorrido em Prípat, na Ucrânia, que à época pertencia à União Soviética.

    A jornalista ucraniana Svetlana Aleksiévitch, que passa a ter a obra lançada no Brasil pela Companhia das Letras

    Autora de narrativas jornalísticas monumentais, a jornalista faz em “Vozes” uma denúncia sobre a sucessão de descasos e ocultamento deliberado de informação pelo governo soviético que fez da tragédia de consequências que ainda se alastram pela Ucrânia e toda a Europa.

    O maior brilho do livro, porém, está no encadeamento da fala dos personagens entrevistados, preservada ao extremo pela autora, criando uma colcha histórica a partir de relatos pessoais e afetivos.

    Do site da Revista Isto É…

    PORQUE ACHO QUE O PROBLEMA NÃO É A IDEOLOGIA HEGEMÔNICA…

    Grande abs…

    RNaime

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