Aedes Polytki, artigo de Daniel Clemente
[EcoDebate] Autora de discursos confusos e excêntricos a Presidente Dilma Rousseff disparou a pronunciar o slogan da campanha para o combate contra a proliferação do aedes aegypti: “Um mosquito não pode ser e não é mais forte que um país inteiro”. Felizes são os cérebros orientados por ouvidos manipuladores, lhes fazendo acreditar na existência da causa única de todo o mal vivenciado. Nunca foi apenas “um mosquito” a origem dos males presentes, mas a múltipla negligência e omissão dos organismos destinados à vigilância e proteção da saúde pública, falhos e incompetentes, caros e ineficientes, burocráticos e inoperantes. Cargos públicos preenchidos e distribuídos como pagamento de “dividas de campanha” aos “puxadores” de votos, possuem como especialidade a terceirização de promessas eleitorais, e fazem da máquina estatal um cabide de empregos.
Muito mais letal do que a picada do mosquito é a caneta do politico. Com apenas um rabiscar no papel promove o saque da merenda escolar, a desvalorização do professor, o sucateamento das estruturas de aprendizado, o fechamento das escolas, o abandono do ensino público. Com apenas uma assinatura nas linhas pontilhadas mantém os doentes sem remédios, os hospitais sem leitos, os médicos doentes, a saúde pública na UTI. Com apenas um visto no papel timbrado faz do policial uma vitima do medo, os prisioneiros detentores da organização dos presídios, a população prisioneira de sua liberdade, e as delegacias convertidas em plantões de dúvidas. Uma rubrica proporciona milhares de carimbos de rescisão contratual, diminuição de carteiras de trabalho assinadas, aumento do subemprego, liquidação dos direitos trabalhistas.
Muito mais eficaz do que os métodos de combate e prevenção ao aedes aegypti é o voto. Com apenas um apertar de botão expulsa os criadouros de parasitas sanguessugas do poder, preserva o bem público da ganância do privado, extermina os políticos que fazem do poder um balcão de negócios. Com uma decisão nas urnas barram-se milhões de reais em desvios de receitas públicas, desmonte de quadrilhas instaladas em palácios governamentais, fim das promessas e inicio das práticas. O poder popular restaura as funções de uma república, faz do cidadão um agente do Estado, privilégios de alguns são extintos e instalados benefícios a todos.
Ver em apenas um mosquito a grande causa do caos na saúde pública é acreditar que apenas um politico é o articulador de toda a corrupção corrosiva do futuro do País. Basta matar o mosquito e a saúde reinará em nossos corpos, basta neutralizar um politico do poder e a honestidade voltará a perpetuar na nação, todos infectados pela esperança sem ação. A retórica do grande salvador é semelhante aos livros de autoajuda, novas certezas na primeira página e a desilusão na última.
As mais variadas representatividades da sociedade civil estão engajadas na luta contra o aedes aegypti, momento oportuno para discutir novas frentes de batalha, novos caminhos a percorrer, um novo futuro visualizar. Os grandes manipuladores aguardam o próximo caos para desviar a atenção do verdadeiro foco que deve ser combatido, o criadouro do aedes polytki, as próximas eleições.
Daniel Clemente
Professor de História
Colégio Adventista de Santos
Pós Graduando em História Sociedade e Cultura PUC-SP
in EcoDebate, 04/03/2016
[cite]
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