País só atingirá meta de universalização dos serviços de saneamento em 2054, diz estudo da CNI
Abastecimento de água, e coleta e tratamento de esgoto deveriam chegar a todos os lares do país em 2033, mas ocorrerá com 21 anos de atraso. Para cumprir meta, é preciso dobrar o ritmo anual de investimento
Com o ritmo atual de investimentos, o Brasil levará mais quatro décadas para atingir a meta do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) de universalizar os serviços de coleta e tratamento de esgoto, e abastecimento de água. O estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Burocracia e Entraves no Setor de Saneamento (disponível para download ao fim da reportagem), aponta que toda a população do país só será atendida com água encanada em 2043 e, com acesso à rede de esgoto, somente em 2054. Segundo as metas definidas pelo Plansab, os serviços deveriam chegar a todos os lares em 2033.
A perspectiva de atraso no cumprimento da meta se deve à baixa média histórica de investimentos no setor, de R$ 7,6 bilhões por ano, no período 2002-2012. Para universalizar os serviços em 2033, seria preciso elevar essa média para R$ 15,2 bilhões anuais. Nos últimos anos, mesmo diante da liberação de verbas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), não houve aumento expressivo nos recursos destinados a obras de saneamento.
“Em 2033, prazo estabelecido no plano para a coleta de esgoto, o atendimento estimado seria de 79%. A universalização absoluta, ou seja, com 100% dos domicílios atendidos, também só seria concretizada em 2054, caso não houvesse alterações abruptas das políticas atualmente desenvolvidas e executadas no setor de saneamento”, destaca o estudo. Segundo o trabalho, os principais entraves para o saneamento são o excesso de burocracia, a falta de eficiência na aplicação de recursos públicos e os problemas de gestão. Tais fatores elevam custos, além de onerarem preços e serviços.
De acordo com os números mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o país conta hoje com 48,6% de coleta de esgoto. A disparidade regional, no entanto, é assustadora. Enquanto no Sudeste o índice é de 77,3%, no Norte chega a apenas 6,5%. O estudo demonstra que há uma clara correlação entre o atendimento dos serviços de saneamento e o desenvolvimento econômico regional – a coleta de esgoto está diretamente relacionada ao PIB industrial.
PERDAS DE ÁGUA – Atualmente, as perdas de água no país alcançam a média de 37%. Ou seja, mais de um terço da água distribuída pelas companhias de saneamento não chegam ao consumidor, por problemas como a falta de precisão de equipamentos, uso de aparelhos obsoletos, falta de manutenção e os chamados “gatos”. Tal situação representa menos investimento nos serviços de saneamento, uma vez que para cada R$ 100 de água produzida apenas R$ 63 são faturados pelas companhias.
O estudo da CNI concluiu também que, quanto menor o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, menor o atendimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Os números mostram, por exemplo, que o Norte e o Nordeste, onde o IDH historicamente é mais baixo, apresentam os piores resultados de perdas de água, com 50,8% e 45%, respectivamente. Com o atual ritmo de redução das perdas, a meta para a Região Norte – que seria atingir a marca de 33% de perdas em 2033 – só seria alcançada em 2089.
PROJEÇÃO DE INVESTIMENTOS – Para que sirva todos os lares do país com água tratada e coleta de esgoto, o Brasil precisa investir R$ 274,8 bilhões. O valor é o aporte necessário para atingir as metas de universalização traçadas para 2033 pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). Para a CNI, solucionar o histórico déficit na infraestrutura de saneamento deve ser prioridade na agenda de desenvolvimento do Brasil.
Este cálculo consta do estudo Saneamento: Oportunidades e ações para a universalização, realizado pela CNI como parte das propostas entregues aos candidatos à Presidência da República, em 2014. A universalização dos serviços, além de melhorar a saúde pública e proteger o meio ambiente, é fator de competitividade, porque melhora a produtividade do trabalhador e movimenta a economia.
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Por Diego Abreu
Colaborou Guilherme Queiroz
Foto: Arquivo/CNI
Da Agência CNI de Notícias, in EcoDebate, 12/01/2016
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Creio que, para solucionar essa questão deverão ser feitas as PPP, parcerias público-privadas.
A propósito, esse termo “perda de água” deve ser substituído por “perda de faturamento”. Imprecisões na medição conduzem a perda de faturamento, não a perda de água.
Somente o “abstenseísmo”, que é a ausência do trabalho por moléstias, frequentemente de veiculação hídrica, poderia abreviar esta previsão em vários anos, se estes recursos fossem aplicados em saneamento…
Abs…
RNaime
“País só atingirá meta de universalização dos serviços de saneamento em 2054, diz estudo da CNI.”
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Este Brasil só atingirá meta de universalização dos serviços de saneamento em 2054, isto é com 21 anos de atraso. Será?
Quando será que este Brasil atingirá a universalização do Sistema Educativo? Haveria que adaptar o Sistema Educativo Sul Coreano ao Sistema Educativo do Brasil.