Comitê de Bacia reduz novamente a vazão de barragens do Rio São Francisco
Na expectativa reduzir o consumo, aumentar o volume dos reservatórios e assegurar o fornecimento de energia mais tarde, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco decidiu que, a partir de quinta-feira (7), terá início uma fase de testes para ver se é possível reduzir a vazão da represa de Sobradinho para 800 metros cúbicos por segundo (m³/seg) de água. Hoje a vazão está em 970 m³/seg.
Na primeira semana, a vazão será reduzida a 850m³/seg. Não havendo problema, a partir do dia 14, a barragem passará a trabalhar com a vazão pretendida. Foi autorizada também a redução da vazão da barragem de Três Marias, dos atuais 350m³/seg para 300m³/seg, a partir de amanhã.
As barragens do Rio São Francisco começaram ano de 2016 apresentando números preocupantes para as autoridades que cuidam do setor elétrico. A começar pela maior delas: a barragem da Usina Hidrelétrica de Sobradinho (BA), onde encontra-se o terceiro maior lago artificial do mundo. O reservatório tem 2,11% de seu volume útil.
Nos três primeiros dias do ano, a vazão da barragem mostrou uma média de 970 m³/seg de água – o equivalente a 20,7% da média mensal histórica de vazão para o mês de janeiro, registrada entre 1931 e 2014 (4.677m³/seg). A pior marca anotada para o mesmo mês ocorreu no ano passado: 1.106m³/seg.
De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), a situação é similar nas demais barragens do Rio São Francisco. Na usina de Três Marias (MG), a represa encontra-se com 6,76% do volume útil e 17% da média histórica de vazão para janeiro. A barragem de Itaparica (BA) está com 13,92% do volume útil e 23% da média histórica de vazão; e a de Queimados (MG), com 30,5% do volume útil e 20% da vazão histórica.
Como a usina de Xingó (AL) opera por fio d’água – ou seja, a quantidade de água que passa é a mesma que entra – não é feita a medição por volume útil. No entanto, a vazão média registrada nos primeiros dias de janeiro corresponde a 24% da média histórica de vazão para o mês.
Segundo a ANA, a baixa dos reservatórios não têm relação com as obras de transposição do Rio São Francisco. Como ainda não foram concluídas, as obras têm captado água para testes em estações de bombeamento, não tendo, até o momento, desaguado nos rios da Paraíba e do Ceará, a partir de onde desembocarão no mar.
Além disso, quando isso ocorrer, a transposição desviará 2% da vazão do rio. Na avaliação da ANA, a baixa dos reservatórios está relacionada a uma sequência de quatro anos em que o volume de água que sai do São Francisco é maior do que a quantidade que entra. A vazão considerada mínima em uma situação normal é 1.300 m³/seg.
O conselho é formado pelo Operador Nacional do Sistema de Energia Elétrica (ONS), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Ibama e Ministério Público, além de empresas e companhias de setores como os de abastecimento urbano, industrial, mineração, agropecuário, hidroviário, de irrigação, pesca, turismo e lazer; de organizações não-governamentais, de ensino e de pesquisa; além de comunidades indígenas, quilombolas e de outras entidades dos poderes municipal, estadual e federal.
Por Pedro Peduzzi, da Agência Brasil, in EcoDebate, 06/01/2016
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Aí está o problema: estão querendo demais de um rio (São Francisco) que caminha para a morte, em breve espaço de tempo.
Se as condições originais da bacia do São Francisco não começarem, urgentemente, a serem recuperadas – e isto leva alguns decênios – melhor aceitar que, brevemente, ele se tornará um rio temporário.